ESTE BLOG NÃO POSSUI CONTEÚDO PORNOGRÁFICO

Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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22 de setembro de 2013

Ser Igreja

 
Quantos cristãos recordam a data do próprio Batismo? Gostaria de fazer esta pergunta aqui pra vocês, mas cada um responda no seu coração: quantos de vocês recordam a data do próprio Batismo? Alguns levantam a mão, mas quantos não lembram! Mas a data do Batismo é a data do nosso nascimento na Igreja, a data na qual a nossa mãe Igreja nos deu à luz! E agora eu lhes deixo uma tarefa para fazerem em casa. Quando voltarem para casa hoje, procurem bem qual é a data do Batismo de vocês, e isto para festejá-la, para agradecer ao Senhor por este dom. Vocês farão isso?
 
Estas perguntas dirigiu aos ouvintes o Papa Francisco, no dia 11 de setembro deste ano (na íntegra, com pequenas diferenças: no site do Vaticano; no site da Canção Nova).
 
Então... é hoje - 22. 09 - a data do meu Batismo. Alguns cálculos simples mostram que demorei mais de 10 meses para ser batizado e conheço os porquês dessa demora, mas não vou falar sobre isso hoje... O que me vem à mente é o assunto com o qual procuro me ocupar um pouco neste blog: a Pastoral das Pessoas Homossexuais. Na verdade, fiquei na dúvida em relação a esse projeto, principalmente depois de algumas pesquisas sobre a natureza, ou definição de uma pastoral. Não vou citar nenhuma das fontes que consultei, mas em quase todas elas repete-se a expressão: As pastorais são trabalhos desenvolvidos pela Igreja, numa ação organizada e dirigida pela Diocese e Paróquia para atender determinada situação em uma realidade específica. Já o movimento nasce e se forma em um contexto externo à igreja local, é uma ação dos leigos que pode envolver várias pastorais/serviços ao mesmo tempo. Está mais ligado à vida pessoal dos participantes e, em geral, tem um caráter de espiritualidade e segue um carisma próprio, envolvendo mais ou menos as mesmas pessoas que vivenciaram um encontro, um retiro ou uma catequese.
 
A Igreja fala sobre o "atendimento pastoral" das pessoas homossexuais e encoraja os Bispos a promoverem, nas suas dioceses, uma pastoral para as pessoas homossexuais, plenamente concorde com o ensinamento da Igreja. Uma dinâmica semelhante aparece na proposta de Pe. Antônio Transferetti (mencionado aqui). Eu mesmo criei neste blog o tag "pastoral para homossexuais", mas agora estou pensando, se não seria mais correto dizer "pastoral de homossexuais". O que parece ser apenas uma diferença gramática, na realidade é um convite às pessoas homossexuais a se tornarem agentes e não meros objetos da ação pastoral. Por isso a definição do movimento (acima) me parece mais adequado. Quem sabe, um "movimento pastoral"...
 
O Papa João Paulo II, em sua Exortação Apostólica Christifideles laici, (n. 29), diz: Antes de mais, é necessário reconhecer-se a liberdade associativa dos fiéis leigos na Igreja. Essa liberdade constitui um verdadeiro e próprio direito que não deriva de uma espécie de « concessão » da autoridade, mas que promana do Batismo, qual sacramento que chama os fiéis leigos para participarem ativamente na comunhão e na missão da Igreja. O Concílio é muito explícito a este propósito: « Respeitada a devida relação com a autoridade eclesiástica, os leigos têm o direito de fundar associações, dirigi-las e dar nome às já existentes » [LG, 37]. E o recente Código textualmente diz: « Os fiéis podem livremente fundar e dirigir associações para fins de caridade ou de piedade, ou para fomentar a vocação cristã no mundo, e reunir-se para alcançar em comum esses mesmos fins » [CDC, cân. 215].
 
Agradeço a Deus pelo dom do Batismo. Eu creio - com a Igreja - que a graça não tira a natureza, mas a supõe e a aperfeiçoa (cf. S. Tomás de Aquino, Summa Theologiae, I, 1, 8 ad 2). Creio, também, que a minha natureza é homossexual e essa sua característica não impediu a ação da graça batismal, tampouco é a negação dessa mesma graça. As duas - a natureza e a graça - convivem em mim e ambas constituem a base de toda a minha relação com Deus e com as pessoas. Sim, no meu íntimo, eu amo a lei de Deus, mas percebo em meus membros outra lei que luta contra a lei da minha razão e que me torna escravo da lei do pecado que está nos meus membros. (Rm 7, 22-23) É a batalha de todo o batizado, seja ele hetero- ou homossexual. É do ser humano...

2 comentários:

  1. interessante a ideia de pastoral DE homossexuais, o problema até agora era que o gay era proibido de se pronunciar como homossexual nas igrejas, era convidado a se manter em silencio, se agora a igreja de roma vai nos aceitar e não vai mais nos tentar curar...ai a coisa muda de figura! ótimo texto!

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  2. Meu Amigo, obrigado pela visita!
    Concordo plenamente - as dificuldades continuam, mas vejo uma pequena luz no fim do túnel. Inclusive, é aí, em SP que atua a Pastoral da Diversidade (https://www.facebook.com/DiversidadePastoralSP).
    Grande abraço! Volte sempre!

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