Como já mencionei (aqui), a Comissão Bíblico-Catequética da CNBB propõe, para o Mês da Bíblia deste ano, 4 encontros e a celebração final, com os seguintes temas:
1° Lc 4,14-30 (o início da missão pública de Jesus na Galileia que tem como centro a proclamação do cumprimento do texto do profeta Isaías [Is 61,1-2] sobre a missão do Messias e a salvação que é anunciada a todos).
2° Temas da vocação, missão e as exigências do discipulado (de acordo com o tema deste ano: "O discipulado-missionário em Lucas"; objetiva mostrar a radicalidade, na resposta dos chamados ao discipulado [Lc 5,11] e o desprendimento - uma atitude própria de todo discípulo, no seguimento de Jesus).
3° O papel das mulheres, no seguimento de Jesus.
4° Os desafios e problemas no seguimento (Lc 15).
1° Lc 4,14-30 (o início da missão pública de Jesus na Galileia que tem como centro a proclamação do cumprimento do texto do profeta Isaías [Is 61,1-2] sobre a missão do Messias e a salvação que é anunciada a todos).
2° Temas da vocação, missão e as exigências do discipulado (de acordo com o tema deste ano: "O discipulado-missionário em Lucas"; objetiva mostrar a radicalidade, na resposta dos chamados ao discipulado [Lc 5,11] e o desprendimento - uma atitude própria de todo discípulo, no seguimento de Jesus).
3° O papel das mulheres, no seguimento de Jesus.
4° Os desafios e problemas no seguimento (Lc 15).
A celebração final: o resumo dos encontros baseado no texto de Lc 24,13-35 (o caminho catequético-litúrgico, marcado pelo escutar e reler as Escrituras, à luz do Mistério Pascal de Jesus e o reavivar a certeza de que é no partir o pão, que o encontro com o Ressuscitado se faz sempre presente. É por meio desse encontro que somos chamados a anunciar a Alegre Notícia: Jesus ressuscitou e vive em nosso meio.
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Escrevi (em 2011) uma reflexão sobre os acontecimentos na sinagoga de Nazaré à luz da experiência de "coming out", que se aplica, de forma nítida, à atitude de Jesus naquela época. Seguindo o método de "leitura existencial", procuro me identificar com um, ou outro personagem do texto. Como na mencionada reflexão tentei olhar da perspectiva daquele que sai do armário (embora eu, particularmente, ainda tenha adiado esse ato, em seu sentido pleno e público). Talvez seja interessante colocar-me, agora, no meio daquela gente que recebe a notícia: "Vejam, eu sou o que sou", pelo menos em dois aspectos. Como reajo quando alguém (de quem eu nem desconfiava) diz: "Eu sou gay"? Realmente, a primeira ideia é: "Eu não desconfiava!". Há quem diga que existe tal de "gaydar" (um "radar" interior, uma intuição, para reconhecer os gays). No meu caso funciona raramente. Não sou muito atento, eu acho, embora já tenha tido alguns, pouquíssimos, acertos. Outra ideia é - penso eu - associada a um tipo de inveja (olha, não é tão fácil admitir os próprios medos e outros erros). Mas, de fato, a minha admiração pela coragem daquela pessoa que revela publicamente a sua homossexualidade, mistura-se com uma espécie de autocobrança: "por que eu ainda não tive essa coragem?". Vem, ainda, o julgamento, do tipo: "Pelo qual motivo ele/ela está fazendo isso?" - indiretamente surge outra pergunta por trás: "Por que eu ainda não fiz isso?"... Aí, é claro, começa aquela interminável discussão interior, baseada sobretudo nas comparações (eu me comparo com os outros) e na série de justificativas: "Ah, para ele/ela é muito fácil!" (não sei o que estou dizendo!), ou "Ah, hoje em dia está na moda assumir a homossexualidade" (ideia bastante superficial)... Enfim, de qualquer maneira, a minha postura não está muito diferente daquelas mostradas no Evangelho (anda que apenas dentro da minha cabeça). Pode parecer estranho, mas, apesar de toda essa tempestade mental, ainda sou capaz de ficar feliz com o "coming out" de quem quer que seja e - com toda sinceridade - dou o meu total apoio. Voltando, ainda, ao assunto da minha própria e definitiva saída do armário, posso dizer que - ainda que parcialmente - fiz isso em alguns ambientes e/ou círculos de pessoas (incluindo aqueles nos quais fui tirado do armário forçadamente). Pode ser que os meus receios nesta questão tenham a ver com o tipo desastrado que sou. Algumas vezes, ao tentar me revelar como gay, deixei a pessoa assustada e com a impressão de ter "dado em cima" dela (a pessoa, mas, neste caso, seria "dele" rs). Em alguns casos, os velhos e novos amigos, deixaram de falar comigo a partir daquele momento. E eu não quero mais perder amigos. Quero fazer amigos, mas não é sempre que consigo...
Lembro-me de um livro que fala sobre a necessidade de comunicação. É o "Arrancar máscaras! Abandonar papéis" de John Powell e Loretta Brady (tenho a edição da Loyola-SP de 1985). Entre outras coisas importantes, os autores fazem as seguintes perguntas: "A comunicação é importante para mim?", "Quero realmente conhecer e ser conhecido?", "Se eu fosse me revelar honestamente a alguém, o que receio pudesse acontecer?" (p. 25). Em um dos primeiros capítulos colocam, também, essa regra: "Somente quando estamos dispostos a partilhar todo o nosso eu, imperfeições e tudo, estamos realmente nos comunicando. Mas, mais do que isso, minha franqueza terá um efeito definitivo nos outros. A honestidade, como tudo o que é humano, é contagiante. O fato de eu sair de trás de muros protetores para encontrá-lo frente a frente vai inspirá-lo a fazer o mesmo. Quando somos verdadeiros e honestos a respeito de nossa vulnerabilidade, os outros ficam aliviados" (p. 65-66).
Bem... Não sei se isso funciona, exatamente assim, no caso de homossexuais.
Existe, porém, um outro "coming out", não menos complicado do que o "clássico". Estou pensando naquela situação em que um(-a) homossexual, dentro da "comunidade GLBT", revela-se como pessoa religiosa, principalmente cristã (acho que existe maior tolerância neste ambiente para quem se declara um espírita, ou budista, ou seguidor de alguma outra "doutrina exótica"... e, quanto mais exótica, melhor). Eu sei que a intolerância gera intolerância e a antipatia em relação às Igrejas cristãs é bastante comum no meio GLBT, tendo sua razão em mágoas e injustiças, sofridas na própria pele. Para um gay católico, ou protestante, a carga do preconceito sofrido, tem dose dupla. Assim, muita gente, na minha opinião, permanece em dois armários ao mesmo tempo...
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Retomando a leitura da passagem do Evangelho de Lucas (4, 16-30), proposta para este primeiro encontro do Mês da Bíblia, há mais uma coisa que chama a minha atenção. O texto diz:
Foi-lhe dado o livro do profeta Isaías. Desenrolando o livro, escolheu a passagem onde está escrito: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor." E enrolando o livro, deu-o ao ministro e sentou-se; todos quantos estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. Ele começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir. (Lc 4, 17-21)
É claro que Jesus tem a total autoridade e liberdade para ler a passagem bíblica que quiser. Entretanto, se olhássemos com atenção à citação de Isaías, notaríamos uma curiosidade. O texto faz parte do capítulo 61 da profecia de Isaías e, em sua versão original, a última frase tem uma continuação lógica: depois de falar "para publicar o ano da graça do Senhor", acrescenta "e um dia de vingança de nosso Deus". Pode não ter tanta importância, mas acho interessante a maneira de pregar que Jesus escolheu, evitando tudo que tenha qualquer conotação de violência, ou de castigo (neste caso, a vingança). Quem sabe, os pregadores de hoje, possam aprender algo com este detalhe...
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