Do ponto de vista bíblico, ou, quem quiser, no plano espiritual, a lógica do Demônio pode ser resumida assim: "Eu sou condenado e vou levar o maior número possível de pessoas à condenação". A revolta tem muitas faces, mas a mais assustadora é aquela que se propõe, de maneira premeditada, a espalhar o mal sofrido a outras pessoas, principalmente àquelas que não tem nada a ver com o problema. É uma versão distorcida, exatamente diabólica, de compaixão. Esta última, em sua origem, constitui o atributo do próprio Deus, revelado em Jesus, como a essência do Mistério Pascal. Sentir compaixão, compadecer-se, compartilhar a dor, encontrou a sua cruel caricatura na atitude de várias pessoas, sobre as quais não se fala muito, a não ser que a sua ação tome uma dimensão midiática. Este é o caso de um homem chamado David Mangum (nas fontes em língua inglesa David Lee Magnum). A notícia no portal do jornal português "A bola" diz:
A cidade de Dexter, no Missouri, Estados Unidos, enfrenta um caso de risco de saúde pública depois de um homem ter confessado ter tido mais de 300 parceiros sexuais depois de lhe ter sido detectado HIV, em 2003, para lá de ter infectado também o ex-companheiro. David Mangum confessou à polícia ter tido sexo desprotegido com pessoas que conheceu online ou em parques públicos. Um porta-voz da polícia disse mesmo que será difícil tentar avisar as pessoas, uma vez que Magnum só conhecia muitas delas pelo primeiro nome, aponta a CNN. Dexter é uma cidade pequena, de cerca de 8 mil habitantes. O suspeito foi detido depois de o ex-companheiro o ter denunciado depois de um teste de HIV positivo. Expor conscientemente outra pessoas à doença configura crime no estado do Missouri e noutros 36 estados e pode significar uma pena de prisão de até 15 anos, que pode ser agravada no caso de confirmada a infecção.
Ao ler esta notícia, lembrei-me de uma comovente entrevista, publicada no "The Dirty Life Blog". O entrevistado, Gabriel (nome fictício), é Autor do Blog "Ninguém por aí - Jovem gay vivendo com HIV/AIDS". Esta é a parte de sua história:
- Eu já li em alguns lugares que, geralmente, as PVHA [Pessoas Vivendo com HIV/Aids"] não se lembram a maneira como contraíram o vírus, isso acontece com você, ou você se lembra?
- Fiquei durante muitos meses pensando nesta questão. Nada me fazia lembrar... Parecia que de algo em mim queria esquecer. Mas na semana em que iniciei a medicação eu tive um sonho muito terrível. Meu médico já havia alertado que a medicação que tomo poderia causar alterações no sono/sonho nos primeiros dias. No sonho eu relembrei o momento da contaminação: Foi com um cara que retirou a camisinha na hora do sexo e me passou o vírus. Tudo indica que ele sabia da contaminação. Em fevereiro, no bairro de Ipanema. Nos conhecemos nessa noite e levei ele pra casa. Não transamos... Dormimos. No dia seguinte, sem uma gota de álcool na cabeça foi quando tivemos uma relação sexual. Esse pra mim é o momento mais provável da contaminação, pois não me lembro de outros momentos em que transei sem camisinha.
- E você tentou agir judicialmente contra ele? Porque é crime previsto na lei! Se eu não me engano, caracteriza lesão corporal grave...
- Pensei nessa hipótese, mas eu fiquei muito frágil durante muito tempo. Hoje eu não quero ter nenhuma relação com ele. Nem mesmo judicial.
Bem... Acho difícil acrescentar qualquer coisa. Acredito que a minha introdução ao tema sirva como o comentário.
Obs.: Agora vou tentar obter as devidas autorizações. Não tenho certeza se, ao fornecer as fontes, cumpri todas as exigências da lei e de bons costumes...
Querido, obrigado pela citação!
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