Procurei uma palavra que retratasse a minha impressão, depois de assistir o filme coreano "Hello my love" e me veio à mente, justamente, o impressionismo. O termo, obviamente, pertence ao mundo da arte de pintura (é um movimento artístico surgido na França no século XIX que criou uma nova visão conceitual da natureza utilizando pinceladas soltas dando ênfase na luz e no movimento - leia mais aqui). As cores frequentemente são empregadas puras na tela, em pinceladas desassociadas. Os impressionistas retratam em suas telas os reflexos e efeitos que a luz do sol produz nas cores da natureza. A fonte das cores está nos raios do sol. Uma mudança no ângulo destes raios implica na alteração de cores e tons. É comum um mesmo motivo ser retratado diversas vezes no mesmo local, porém com as variações causadas pela mudanças nas horas do dia e nas estações ao longo do ano. O estilo artístico que hoje fascina tanta gente, nem sempre foi acolhido com tanto entusiasmo. As maiores críticas recebeu logo no início. O pintor e crítico de Arte, Louis Leroy disse: “Selvagens obstinados, não querem por preguiça ou incapacidade terminar seus quadros. Contentam-se com uns borrões que representam suas impressões. Que farsantes! Impressionistas!”
Eu sei que o filme em questão pode despertar diversas emoções e muitos podem, simplesmente, não compartilhar o meu entusiasmo. Afinal, estamos diante de uma cultura oriental, tão distante da nossa. O tema principal gira em torno da homoafetividade, mas, o que posso dizer é que - como um soldado que põe tudo que tem dentro de um saco - o diretor, junto com toda a equipe do filme (que está longe de ser um saco) conseguiu, dentro de um pouco mais de 90 minutos, misturar - sem confundir - tanta coisa: amor e ódio, absurdo e mais pura lógica, fidelidade e traição, comédia e tragédia, covardia e coragem, religião, superstições e homofobia, sensualidade que não escandaliza, belíssimas paisagens e música, profundo mergulho na antiquíssima tradição oriental com o toque da moderna cultura ocidental, canalhice e nobreza, muita, muita chuva e realmente muita bebida, lágrimas e gargalhadas, homo- e hetroafetividade, família e amizade, sangue e morte, violência e ternura... e milhares de outras coisas. Vale acrescentar que o filme envolve, a ponto de você rir, chorar, xingar e torcer pelo final feliz. E tem mais: o elemento-surpresa, até o último minuto da história. E tudo isso protagonizado pelos lindos atores e atrizes!
É um filme a ser saboreado, como (e com) um bom vinho (que faz parte integral da trama). Recomendo especialmente aos casais (inclusive heterossexuais).
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