Giorgio Vasari - 1540
Pinacoteca Nacional de Bolonha
Neste dia, 03 de setembro, a Igreja celebra a memória de São Gregório Magno, Papa e Doutor da Igreja, nascido em Roma no ano 540, numa família nobre que muito o motivou à vida pública. Gregório (cujo nome significa “vigilante”), chegou a ser um ótimo prefeito de Roma, pois era desapegado dos próprios interesses devido sua constante renúncia de si mesmo. Atingido pela graça de Deus, São Gregório chegou a vender tudo o que tinha para auxiliar os pobres e a Igreja. Homem certo, no lugar certo, este foi Gregório que era alguém de senso de dever, de medida e dignidade. Além da intensa vida interior, bem percebida quando escreveu sobre o ‘ideal do pastor’: ”O verdadeiro pastor das almas é puro em seu pensamento. Sabe aproximar-se de todos, com verdadeira caridade. Eleva-se acima de todos pela contemplação de Deus.” Com a morte do Papa Pelágio II, São Gregório foi o escolhido para ocupar a Cátedra de Pedro no ano de 590, e assim chefiar com segurança a Igreja num tempo em que o mundo romano passava para o mundo medieval. São Gregório Magno, Papa e Doutor da Igreja que conquistou o Céu com 65 anos de idade (no ano 604), deixou marcas em todos os campos, valendo lembrar que na liturgia há o Canto Gregoriano, o qual eleva os corações a Deus, fonte e autor de toda santidade. (Fonte: "Canção Nova")
Neste mês da Bíblia vale a pena trazer um texto de São Gregório Magno, com o incentivo à leitura da Sagrada Escritura. É bom notarmos, também, uma apologia de afetividade masculina, feita pelo Papa Gregório Magno, com absoluta naturalidade, na introdução da carta.
Gregório a Teodoro, médico do Imperador.
Dou graças a Deus Onipotente, porque lugar algum poderá separar as almas daqueles que se amam verdadeiramente. Pois eis que agora, queridíssimo e ilustríssimo filho, estamos distantes fisicamente, e no entanto, nos sentimos presentes um ao outro, pela caridade. Sobre esse fato testemunham as vossas ações, vossas cartas; isso experimento, estando tu presente, isso reconheço mesmo sendo ausente a tua pessoa. Isso torne agradável aos homens e digno diante de Deus Onipotente, para sempre.
Mas, como aquele que mais ama é o mais audaz, tenho uma queixa contra a queridíssima alma de meu ilustríssimo filho, o senhor Teodoro, porque recebeu da Trindade Santa o dom do inteligência, o dom dos bens materiais, o dom da misericórdia e da caridade, e não obstante, permanece preso constantemente pelas questões do século, preocupado com frequentes problemas e se descuida de ler, cada dia, as palavras do seu Redentor.
Pois, o que é a sagrada Escritura se não uma carta de Deus Onipotente à sua criatura? E certamente, se a tua pessoa se encontrasse em determinado lugar e recebesse uma carta do imperador terreno, porventura iria se repousar ou descansar, ou até iria dormir, sem antes tomar conhecimento do que o imperador terreno lhe teria escrito? O imperador do céu, o Senhor dos homens e dos anjos, para o teu bem enviou suas cartas e, no entanto, ilustríssimo fiho, descuidas de ler, com ardor, essas mesmas cartas.
Esforça-te, eu te suplico, e medita cada dia as palavras do teu Criador; procura conhecer o coração de Deus através das palavras de Deus, para que suspires com maior ardor pelos bens eternos, para que o teu coração se inflame com maiores desejos da vida eterna. Pois então terás maior descanso, enquanto que agora, nenhum descanso tens no amor do teu Criador. E para agires assim, Deus Onipotente infunda em ti o seu Espírito Consolador. Que ele encha o teu coração com a sua presença, e enchendo-o, o eleve. (Fonte: "Estudos monásticos")
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