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Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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18 de setembro de 2013

Mês da Bíblia (7) - 4° encontro

Estou seguindo aqui o roteiro de encontros, proposto pela Comissão  Bíblico-Catequética da CNBB, para o Mês da Bíblia de 2013. O 4° encontro, baseado no capítulo 15 do Evangelho de Lucas, tem como o tema: "Os desafios e problemas no seguimento [de Jesus], priorizando Lc 15". Vale lembrar que, neste ano, o Mês da Bíblia conta com o lema "Alegrai-vos comigo, encontrei o que estava perdido” (Lc 15). Os perdidos e reencontrados, descritos neste capítulo, são: a ovelha, a moeda e, principalmente, o filho - mais conhecido pelo apelido de "pródigo", cuja história ocupa 22 dos 32 versículos. Neste blog pode ser encontrada uma reflexão sobre o filho pródigo, portanto, hoje vou me deter em duas "microparábolas" (uma consiste em 4 versículos e outra em 3 - mesmo assim, o próprio Evangelista Lucas, insere em sua narrativa a seguinte introdução: Então lhes propôs a seguinte parábola [v. 3], o que sugere que as pequenas histórias, sobre o pastor das ovelhas e mulher das moedas, fazem parte integral da longa história sobre o pai e seus dois filhos).
 
O que une esses fatos tão distintos, é a alegria do reencontro. É importante notar essa conclusão, pois, vezes sem fim, temos ouvido as pregações em nossas igrejas que, ao falar - principalmente - sobre o filho pródigo, insistem em frisar o pecado, como se fosse essa a essência do ensinamento de Jesus. O texto, porém, não deixa dúvidas. Antes de apresentar as parábolas (ou a parábola, como ele mesmo diz), Lucas faz um comentário muito claro: Aproximavam-se de Jesus os publicanos e os pecadores para ouvi-lo. Os fariseus e os escribas murmuravam: Este homem recebe e come com pessoas de má vida! Então lhes propôs a seguinte parábola (Lc 15, 1-3). Jesus contrapõe a amargurada murmuração dos fariseus e escribas (representados pelo filho mais velho) ao júbilo no céu (retratado pela alegria do pastor, da mulher e do pai) por um pecador que se arrepende e faz penitência.
 
Aqui está, de fato, a resposta à questão indicada para este 4° encontro do Mês da Bíblia: "Os desafios e problemas no seguimento de Jesus". De novo, vou apelar à atenção: não se trata de desafios e problemas na pregação do Evangelho de Jesus, mas de desafios e problemas daqueles que ouvem o anúncio e querem corresponder a ele pela atitude de segui-lo. Bem... o lógico seria que os pregadores fossem, antes de tudo, os primeiros seguidores, mas - tanto a leitura, quanto a experiência - dizem que, muitas vezes, acontece o contrário. Podemos, então dizer que um dos desafios/problemas no seguimento de Jesus, sejam, lamentavelmente, os fariseus e escribas, travestidos de pregadores, pastores, padres, bispos, catequistas e tantos outros dignitários da(s) Igreja(s)...
 
Muitos de nós, homossexuais, já estivemos diante de um "irmão mais velho", ou seja, de um fariseu e escriba que "murmurava", ou fazia coisas bem piores, só ao nos ver por perto. Por outro lado, não é tão difícil imaginar a argumentação de muitos cristãos que diriam: "Jesus fala de pecador que se converte e vocês, gays, lésbicas e outros pecadores, nem pensam em mudar de vida!". Tudo bem, podemos começar uma conversa sobre os pecados de homossexuais (e todos os outros que não sejam heterossexuais), mas acredito que chegaríamos à conclusão de que, em sua maioria, tenham sido os pecados de cada ser humano, independentemente de sua orientação sexual (já que a homossexualidade em si, não é o pecado, por não ser algo voluntário).
 
Voltando ao texto do Evangelho, as palavras estão claras: Aproximavam-se de Jesus os publicanos e os pecadores para ouvi-lo. Os fariseus e os escribas murmuravam: Este homem recebe e come com pessoas de má vida! Ainda que alguém queira nos identificar como publicanos, pecadores e pessoas de má vida, muitos de nós desejam apenas aproximar-se de Jesus para ouvi-lo.
 
Vou dizer mais, principalmente aos que gostam de nos chamar de "sodomitas". Há um outro texto do Evangelho que tem muito a ver com o capítulo 15 de Lucas. É, também de Lucas: Mas se entrardes nalguma cidade e não vos receberem, saindo pelas suas praças, dizei: Até o pó que se nos pegou da vossa cidade, sacudimos contra vós; sabei, contudo, que o Reino de Deus está próximo. Digo-vos: naqueles dias haverá um tratamento menos rigoroso para Sodoma. (Lc 10, 10-12). O pecado de Sodoma descreve também o profeta Ezequiel: O crime da tua irmã Sodoma era este: opulência, glutoneria, indolência, ociosidade; eis como vivia ela, assim como suas filhas, sem tomar pela mão o miserável e o indigente (Ez 16, 49).
 
Que isso sirva de conclusão: a falta de acolhimento é uma abominação nos olhos do Senhor. A falta de acolhimento é o grande desafio e problema em nossas tentativas de seguir Jesus,

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