ESTE BLOG NÃO POSSUI CONTEÚDO PORNOGRÁFICO

Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



_____________________________________________________________________________



31 de agosto de 2011

via da beleza

Em sua tradicional catequese, nesta quarta-feira, o Papa Bento XVI falou sobre um desses canais que podem nos conduzir a Deus e ser também auxílio para o encontro com Ele: a "via da beleza". (Leia aqui o texto na íntegra).

Talvez já tenhais experimentado algumas vezes diante de uma escultura, de um quadro, de alguns versos de uma poesia, ou de um trecho musical, o provar de uma íntima emoção, um sentimento de alegria, de perceber, isto é, claramente que, em frente a vós, não há somente matéria, um pedaço de mármore ou de bronze, uma tela pintada, um conjunto de letras ou um cúmulo de sons, mas sim qualquer coisa de maior, algo que "fala", capaz de tocar o coração, de comunicar uma mensagem, de elevar a alma. Uma obra de arte é fruto da capacidade criativa do ser humano, que se interroga diante da realidade visível, busca descobrir o seu sentido profundo e comunicá-lo através da linguagem das formas, das cores, dos sons. A arte é capaz de expressar e tornar visível a necessidade do homem de ir além do que se vê, manifesta a sede e a busca pelo infinito. Na verdade, é como uma porta aberta para o infinito, para uma beleza e uma verdade que vão para além do cotidiano. E uma obra de arte pode abrir os olhos da mente e do coração, direcionando-os para o alto.

Pois bem, os gostos não se discute e os padrões de beleza não obedecem aos critérios de quem quer que seja. Concordo, porém, com o Papa. A beleza leva a Deus...

30 de agosto de 2011

os dedos que apontam

Acabei de ler um artigo no portal católico GaudiumPress (aqui) sobre a Missa celebrada pelo Papa Bento XVI no encerramento de um encontro com os seus ex-alunos. O título deste artigo cita (ou, melhor: interpreta) uma das frases do Pontífice: "A nossa época sofre a ausência de Deus". As palavras originais de Bento XVI afirmam, de fato, algo semelhante: "Neste tempo da ausência de Deus, quando a terra das almas está árida e seca e as pessoas ainda não sabem de onde brota a água viva, peçamos ao Senhor que se mostre. Queremos rezar a fim de que àqueles que alhures buscam a água viva, Deus mostre que Ele é a água viva e a fim de que não permita que a vida dos homens e a sua sede de grandeza se afoguem e sejam sufocadas no efêmero".

Por coincidência (existe isso?) ouvi recentemente a conversa de um idoso sacerdote com o Dom Orani (o Arcebispo do Rio de Janeiro). O padre dizia que já estava na hora de fazer algo sério com um problema que tem aumentado e causado - particularmente no seu coração - a enorme angústia (para não dizer revolta). Trata-se de noivos que aparecem para marcar o casamento em sua paróquia, mas apresentam tragicamente baixo nível de vida religiosa. No desabafo daquele padre havia um tom de cobrança direcionada ao Arcebispo (como se falasse "O senhor tem que fazer alguma coisa com isso! Por exemplo exigir mais ou então proibir tal cerimônia às pessoas ignorantes!"). Dom Orani respondeu com umas perguntas: "E o que você, padre, fez com que aquela pessoas não fossem ignorantes? Como cuidou de sua religiosidade quando, ainda eram crianças ou adolescentes? Você percebe que ao acusar não se sabe quem, acusa-se a si mesmo?" É como naquele ditado: "Enquanto eu aponto o dedo para o outro, há quatro dedos apontando para mim".

"Voltando às palavras do Papa sobre a "ausência de Deus". Em vez de dizer: "Peçamos ao Senhor que se mostre. Queremos rezar a fim de que àqueles que alhures buscam a água viva, Deus mostre que Ele é a água viva", podia ter declarado: "O Senhor quer se mostrar através de nós. Rezemos por nós mesmos para que sejamos sinais vivos da presença de Deus no mundo de hoje".

25 de agosto de 2011

Orações para Bobby

Acabei de assistir (finalmente!) o filme "Prayers for Bobby" ["Orações para Bobby"]. Profundo, emocionante e, principalmente, real. Quem dera que todos os pais assistissem também! Aliás, as famílias inteiras. E, de modo especial, os jovens homossexuais que enfrentam duras batalhas (internas e externas! Recomendo a todos (inclusive aos padres, pastores e demais agentes de pastoral em qualquer Igreja cristã). O filme pode ser encontrado, por exemplo, no site "Gay Load" (aqui). A frase de Mary Griffith: "A Bíblia diz que as pessoas podem mudar", torna-se realidade, mas de maneira totalmente diferente daquela em que tinha sido pronunciada no início da história.

Vigiar

A palavra vigiar aparece com frequência no Evangelho. No contexto histórico daqueles tempos (e de muitos séculos seguintes) o termo evoca a função de vigias ou sentinelas. Hoje (no Brasil é o Dia do Soldado) imaginamos aqueles guardas que fazem patrulhamento em torno dos quartéis. De qualquer maneira, a função do vigia é ficar atento, evitar distração, concentrar toda sua atenção em questões de segurança. No Evangelho (Mt 24, 42-51), as advertências do Senhor: "Ficai atentos" e "ficai preparados", referem-se ao fim dos tempos e à vinda gloriosa de Jesus.

A comparação dessa "postura escatológica" com o comportamento dos guardas de hoje (ou das épocas passadas) pode nos levar às conclusões equivocadas. No sentido mais ou menos literal o vigilante pode justificar a sua indiferença perante, por exemplo, qualquer necessidade alheia, dizendo "não posso atendê-lo, pois tenho que vigiar". É como naquela estória contada pelos pregadores. Uma senhora havia tido um sonho no qual o próprio Jesus prometia visitá-la em casa no dia seguinte. A mulher levantou cedo e logo começou os preparativos. Arrumou a casa, trocou a toalha de mesa e até as cortinas da sala. Sempre atenta a qualquer barulho próximo à porta de entrada, dedicou grande parte do dia aos trabalhos na cozinha, preparando o que sabia fazer melhor. Por três vezes, naquele dia, alguém batia à sua porta. Mas sempre era alguém que precisava ser despedido logo para não atrapalhar. Primeiro foi um mendigo pedindo comida, depois uma vizinha querendo um pouco de sal e, finalmente, um vendedor ambulante oferecendo alguns produtos. Com a dose reduzida de paciência a mulher mandou embora cada uma daquelas pessoas dizendo que não podia dar-lhes a devida atenção porque estava esperando alguém muito importante. Assim passou o dia inteiro. Ao anoitecer, a mulher, cansada e decepcionada, foi dormir. No sonho apareceu-lhe Jesus, mas ela nem deixou o Senhor falar. Foi ela que passou o sonho inteirinho reclamando e chamando Jesus de inconsequente, incompetente, furão e malandro. Quando cansou, o Senhor lhe disse apenas: "Minha filha, eu vim, mas, por três vezes, você não permitiu que entrasse na sua casa e me mandou embora". Quando acordou, a mulher tinha compreendido que o próprio Jesus estava presente na pessoa do mendigo, da vizinha e do vendedor ambulante.

Os textos litúrgicos de hoje sugerem a mesma interpretação da palavra "vigiar". Paulo Apóstolo, na primeira leitura (1 Tes 3,7-13) fala sobre a enriquecedora convivência fraterna e a edificação mútua na fé e no amor. Jesus no Evangelho aponta a responsabilidade de uns pelos outros e denuncia à soberba, à agressividade e à falta de caridade como graves pecados contra a vigilância cristã. Em vez de dizer: "Não posso te atender, aceitar e amar porque estou esperando a vinda do Senhor!", devemos aprender a pensar e viver o contrário: "Justamente porque estou esperando a vinda do Senhor, quero te atender, aceitar e amar".

24 de agosto de 2011

Preconceito superado

Segundo Augusto Cury (autor da teoria sobre a inteligência multifocal, comentada em mais de 20 livros) o fato de não ocultar os defeitos humanos dos discípulos de Jesus é uma das provas de autenticidade do Evangelho. Podemos, de fato, apontar inúmeras falhas e limitações daqueles homens. O apóstolo Pedro, por exemplo, é um mestre em imperfeições e, ao mesmo tempo, uma pedra bruta, lapidada pacientemente pelo Senhor, até alcançar a beleza de um diamante na hora do testemunho supremo, o martírio (não descrito na Bíblia, mas relatado pela tradição cristã).

Hoje a liturgia traz o nome de um outro discípulo de Jesus, Natanael, mais conhecido com o nome de Bartolomeu. Segundo os biblistas, o nome mais popular daquele homem aponta o pai dele, Tolomeu (sendo o prefixo "bar" o sinônimo de filho). O Evangelho lido hoje na Missa (Jo 1, 45-51) revela sua natureza preconceituosa: Filipe encontrou-se com Na­tanael e lhe disse: “Encontramos aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e também os profetas: Jesus de Nazaré, o filho de José”. Natanael disse: “De Nazaré pode sair coisa boa?” Filipe respondeu: “Vem ver!” (vv. 45-46). No questionamento de Natanael identificamos com facilidade as dúvidas e perguntas retóricas presentes, também, em nossa própria mentalidade. Seja um país, uma cidade, um grupo específico da sociedade, nós também perguntamos: "dali pode sair coisa boa?" Basta ler, por exemplo, alguns textos oficiais da Igreja sobre a homossexualidade, para detectar esse "espírito de Natanael". Acrescentemos: Natanael antes de seu encontro pessoal com Jesus. Neste sentido a resposta de Filipe é simples e reveladora: "Vem ver!". Uma resposta eficaz que se parece com a palavra de ordem.

Resta-nos apenas recomendar essa ordem a todos que (ainda) questionam o "mundo GLST" como algo que não tem capacidade de gerar "coisa boa". Digo: "Vem ver!"


A tradição diz que Natanael (Bartolomeu) morreu por esfolamento.

23 de agosto de 2011

hora de acordar

Estou chegando. Ficar longe do mundo virtual foi interessante, mas está na hora de retomar contatos e continuar reflexões. Sejam todos bem-vindos. Pretendo, aos poucos, visitar todos os meus prediletos espaços da blogosfera. Aguardem...