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Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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14 de junho de 2011

mitologia católica


São muito de recomendar os exercícios piedosos do povo cristão, desde que estejam em conformidade com as leis e as normas da Igreja, e especialmente quando se fazem por mandato da Sé Apostólica. (Concílio Vaticano II, Constituição Sacrosanctum concilium sobre a Sagrada Liturgia, n° 13)

Na ocasião da memória litúrgica de Santo Antônio, aparecem os problemas antigos e nunca resolvidos que podemos chamar de "mitologia católica". Justamente como na religiosidade da Grécia Antiga havia Afrodite - deusa do amor e da beleza, Ares - deus da guerra, Hades - deus da morte, e Atena - deusa da sabedoria e da coragem (e muitos outros personagens), assim nós temos Santo Antônio casamenteiro, São Pedro que cuida (ou não) da meteorologia e, também, uma série de especialistas em causas impossíveis. Para conseguir um marido (não sei se vale para uniões de pessoas do mesmo sexo), aconselha-se colocar o Santo de cabeça para baixo em um copo d'água, ou tirar o Menino Jesus do colo da imagem, e só devolver depois que se consegue um marido (ou, pelo menos, namorado). Vale muito, também, uma promessa, por exemplo, de comparecer nas 13 novenas, ininterruptamente, durante um ano. Sem falar das coisas mais modernas e bastante simples, como mandar imprimir alguns milhares de "santinhos", certamente com alguma "oração milagrosa" no verso. Não falta, nessas horas, a presença generosa da soberana mídia, que faz questão de dedicar a esse assunto seus preciosos minutos. E como sabemos, uma grande parte do "povo católico" costuma basear as suas convicções, inclusive religiosas, naquilo que vê e ouve na telinha. Não é de estranhar que os evangélicos zombam da Igreja católica. Culpados somos também nós, os "devotos".

Achei interessante como a liturgia de hoje parece trazer a resposta clara a este tipo de equívocos. Vale lembrar que trata-se, simplesmente, de segunda-feira da XI semana do tempo comum e não de um formulário próprio, dedicado a Santo Antônio.  

Na primeira leitura (2Cor 6,1-10) temos a exortação e uma espécie de autodefesa de Paulo: Nós vos exortamos a não receberdes em vão a graça de Deus (v. 1). Em tudo nos recomendamos como ministros de Deus, com muita paciência, em tribulações, em necessidades, em angústias, em açoites, em prisões, em tumultos, em fadigas, em insônias, em jejuns, em castidade, em compreensão, em longanimidade, em bondade, no Espírito Santo, em amor sincero, em palavras verdadeiras, no poder de Deus, em armas de justiça, ofensivas e defensivas, em honra e desonra, em má ou boa fama; considerados sedutores, sendo, porém, verazes; como desconhecidos, sendo porém, bem conhecidos; como moribundos, embora vivamos; como castigados, mas não mortos; como aflitos, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo muitos; como quem nada possui, mas tendo tudo. (vv. 4-10) Parece que Santo Antônio (o ministro de Deus, como conhecido, sendo porém, bastante desconhecido), também quer se defender de todo exagero e distorção. Mas, ele não precisa de defesa, porque está na glória do céu e nada o pode atingir. Ele, de fato, gostaria de defender o próprio povo. E, certamente, conta com os pregadores e catequistas (que o têm por padroeiro), que teriam coragem de repetir a expressão de Jesus do Evangelho de hoje (Mt 5,38-42), também no contexto das devoções, ou melhor, da espiritualidade: Ouvistes o que foi dito...? Eu, porém, vos digo... (cf. vv. 38-39). Ou seja, não é bem assim...

O mesmo serve para muitos outros assuntos. Também para o tema da homossexualidade. Ouvistes o que foi dito? Eu, porém, vos digo...

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