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Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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4 de junho de 2011

Meios de comunicação


Neste domingo celebra-se 45° Dia Mundial das Comunicações Sociais para qual o Papa Bento XVI propõe a reflexão sobre a era digital (aqui), suas potencialidades e seus perigos. Os nossos espaços (blog's ou blogues), ainda que - ás vezes - bastante modestos, inscrevem-se nesta realidade que o Papa procura descrever, com visível admiração. E com justa preocupação de sempre. Vale para nós, blogueiros, o incentivo de estabelecer relações e de construir comunhão, procurar diálogo, intercâmbio, solidariedade e criação de relações positivas, em busca autêntica de encontro pessoal com o outro. As novas tecnologias - escreve Bento XVI - permitem que as pessoas se encontrem para além dos confins do espaço e das próprias culturas, inaugurando deste modo todo um novo mundo de potenciais amizades. Esta é uma grande oportunidade, mas exige também uma maior atenção e uma tomada de consciência quanto aos possíveis riscos (como refugiar-se numa espécie de mundo paralelo ou expor-se excessivamente ao mundo virtual). O que mais chama a minha atenção é a insistência do Papa, em questão de ser autênticos, fiéis a si mesmos. Também na era digital, cada um vê-se confrontado com a necessidade de ser pessoa autêntica e reflexiva, embora exista a ilusão de construir artificialmente o próprio «perfil» público. O que Bento XVI vê como um risco, eu enxergo como a realidade: a parcialidade da interação, a tendência a comunicar só algumas partes do próprio mundo interior. Eu acho isso inevitável, principalmente quando a pessoa com a qual me comunico, entrou na minha rede de amigos, justamente, pelo espaço virtual. Outra coisa é a pergunta sobre o porquê daquela parcialidade da interação e a decisão de comunicar apenas algumas partes do meu mundo interior. As limitações, barreiras e, sim, os preconceitos, existentes no mundo real, continuam presentes no mundo virtual. Em alguns casos, ficam ainda mais acentuados. É porque, diante de uma tela e um teclado, ficamos ainda mais à vontade. Geralmente, quanto mais aberta/sincera/ousada é a expressão das opiniões, mais enigmático se apresenta o perfil do autor. Basta acessar qualquer forum com a participação ilimitada de usuários. As declarações de mais baixo nível têm, de costume, "assinatura" de um "anônimo". E o que dizer sobre as consequências trágicas na vida real de tantas pessoas que "caíram na net" e tiveram a sua vida destruída?

Bento XVI, dando continuidade à expressão usada frequentemente pelo Beato João Paulo II, fala sobre o areópago digital, principalmente no contexto da evangelização. Foi ali, no Areópago de Atenas que o Apóstolo Paulo, ainda que ignorado, finalmente, pela maioria dos ouvintes, fez um dos seus mais brilhantes e corajosos discursos (cf. At 17, 19-34). O Areópago, originalmente tribunal supremo de Atenas, composto de 31 membros e encarregado do julgamento das questões criminais mais graves, tornou-se sinônimo de um espaço, com suas portas abertas para todo e qualquer tipo de pensamento, um bazar da filosofia e de mais diversas excentricidades. Uma espécie de Hyde Park - uma área onde qualquer pessoa pode protestar sobre qualquer assunto. O protesto, aliás, é a sua principal característica. Quem sabe se não é a onipresença dos meios de comunicação que tenha tornado o nosso mundo atual um areópago ou Hyde Park, no pior de todos os sentidos...

Identifico-me um pouco com a experiência de Paulo em Atenas. Quando ouviram falar da ressurreição dos mortos, alguns caçoavam. Outros diziam: “Nós te ouviremos falar disso também de outra vez”. (At 17, 32) - isto é, "vai se f****" (em forma mais educada). Quando escrevo sobre a experiência de um gay que procura partilhar a sua fé cristã, logo aparece um "anônimo" para dizer: "que porcaria de blog faz uma coisa melhor mais interessante ".

O episódio em Atenas termina com uma informação lacônica: Assim, Paulo saiu do meio deles. (At 17, 33) Às vezes é a única solução...

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