O Papa Bento XVI recebeu em audiência milhares de ciganos europeus neste sábado, dia 11/06, na Sala Paulo VI, no Vaticano. O encontro foi promovido pelo Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes no marco do 75° aniversário do martírio e do 150° do nascimento do Beato Zeferino Giménez Malla (1861-1936), cigano de origem espanhola. O Papa disse: "O Servo de Deus Paulo VI dirigiu aos Ciganos, em 1965, estas inesquecíveis palavras: 'Vós, na Igreja, não estais às margens, mas, sob certos aspectos, estais no centro, estais no coração. Vós estais no coração da Igreja'. Também eu repito hoje com afeto: vós estais no coração da Igreja! Sois uma amada porção do Povo de Deus peregrino. [...] A Igreja caminha convosco e vos convida a viver segundo os compromissos exigentes do Evangelho, confiando na força de Cristo, rumo a um futuro melhor". O Papa salientou que a história do povo cigano é complexa e também dolorosa em alguns períodos. Sem uma pátria ou porção territorial definida, enfrentam o sério problema das difíceis relações com as sociedades em que vivem, provando o "sabor amargo" da falta de acolhida e da perseguição, como aconteceu durante a II Guerra Mundial, quando milhares de ciganos foram mortos nos campos de extermínio. "A consciência europeia não pode esquecer tanta dor! Nunca mais o vosso povo seja objeto de rejeição, perseguição e desprezo! Por sua parte, sempre buscais a justiça, a legalidade, a reconciliação e esforçai-vos para não serdes nunca causa de sofrimento aos outros!" - disse Bento XVI.
Esta notícia foi publicada no portal da "Canção Nova" (aqui). Transcrevo as palavras do Papa e faço uma analogia. De acordo com a Wikipedia (aqui), o termo "ciganos" é um exônimo para roma (singular: rom; em português, "homem") e designa um conjunto de populações nômades que têm em comum a origem indiana e cuja língua provinha, originalmente, do noroeste do subcontinente indiano. Essas populações constituem minorias étnicas em inúmeros países, entre a Índia e o Atlântico. Desde o século XV, os ciganos sofrem perseguições por serem considerados vagabundos e delinquentes. O clima de suspeitas e preconceitos se percebe no florescimento de lendas e provérbios tendendo a pôr os ciganos sob mau prisma, a ponto de recorrer-se à Bíblia para considerá-los descendentes de Caim, e portanto, malditos. Difundiu-se também a lenda de que eles teriam fabricado os pregos que serviram para crucificar Jesus. Durante a Segunda Guerra Mundial, entre duzentos e quinhentos mil ciganos europeus teriam sido exterminados nos campos de concentração nazistas. Em julho de 2010, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, decidiu, após dois incidentes envolvendo membros franceses da comunidade cigana, promover o retorno em massa dos roma à Romênia e Bulgária, o que suscitou uma grande polêmica . Em alguns países europeus, a palavra "cigano", continua sendo usada como sinônimo de ladrão, mentiroso e bruxo.
Os Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros, também constituem minorias em todos os países do mundo. Também são considerados vagabundos, deliquentes e malditos. Para tal opinião, não raramente, recorre-se à Bíblia, equiparando-os aos habitantes de Sodoma. Durante a Segunda Guerra Mundial, milhares de homossexuais foram exterminados nos campos de concentração nazistas. Os atos de agressão e discriminação continuam até hoje.
Simplesmente, gostaríamos de ouvir a declaração do Papa de que não estamos à margem (nem fora), mas, sim, no coração da Igreja, somos uma amada porção do Povo de Deus peregrino e a Igreja caminha conosco. E também: "Nunca mais vocês sejam objeto de rejeição, perseguição e desprezo!"
Isso não é inveja em relação aos ciganos. Eles são nossos irmãos e nos inspiram, assim como ontem inspiraram o Papa...
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