A Solenidade de Pentecostes inspirou vários bispos a escreverem as suas reflexões que, suponho, tenham sido expostas, também, em seus sermões. No site da CNBB (aqui) alguns textos chamaram a minha atenção. Dom Pedro Carlos Cipolini, Bispo Diocesano de Amparo – SP, em seu artigo “Pentecostes: Festa da Unidade na Diversidade” (aqui), escreve: Pela linguagem do amor, o Espírito une a diversidade na força do ressuscitado: “Um só Senhor, uma só fé um só batismo” (Ef 4,5). O mesmo Espírito produz a multiplicidade de dons e ao mesmo tempo produz a unidade, pois o Espírito Santo é o amor de Deus que tudo une. O mundo de hoje, maravilhoso no seu aspecto tecnológico e científico, precisa de um novo Pentecostes, para perceber que é o Espírito Santo de Deus, a fonte de toda novidade, inspiração e força criativa do ser humano. Desde o início, o Espírito pairava sobre tudo o que era criado (Gn 1,2). É necessário considerar que em nível interno da Igreja, o Espírito Santo nos convida à unidade. A paixão pelo Reino é inseparável da paixão pela unidade: somos membros diversos do mesmo Corpo (Rm 12, 3-8; 1Cor 12, 3-13).
Ideologizar a mensagem do Evangelho é um perigo que ronda nossas comunidades. Quando isto acontece, a Igreja se torna “casa de estranhos”, como um hotel onde as pessoas estão juntas, mas não unidas, reunidas, mas não unidas. Em nível externo, a força e o dinamismo do Espírito Santo, impelem a Igreja para a missão. O Espírito Santo desinstala sempre a comunidade, para que vá avante e seja criativa nos meios, métodos e linguagem, que a evangelização exige.
E hoje, em tempo de mudanças, ou melhor, em mudança de época como se convencionou caracterizar nossa realidade vista de forma abrangente, mais que nunca é necessário ouvir o que diz o Espírito Santo à Igreja (cf. Ap 2,27). Mais que nunca é necessário perceber os “sinais dos tempos” que pedem uma “conversão pastoral” (cf. Doc. de Aparecida n. 365-366). Conversão pastoral que só é possível, na fidelidade ao Espírito Santo que conduz a Igreja, inspirando-lhe “a necessidade de uma renovação eclesial que implica reformas espirituais, pastorais e também institucionais” (Doc. De Aparecida n. 367).
Na força do Espírito que recebemos, o qual nos inspira e ampara, tenhamos a paixão pela unidade, saibamos sofrer para construí-la na diversidade e adversidade. Ao mesmo tempo tenhamos a paixão pela missão, cada dia mais urgente e exigente.
Há quem diga que os homossexuais apropriaram-se do termo “diversidade”. Não concordo com isso, antes acredito que nós, o “mundo GLBTS”, somos como uma pedrinha no rico e belo mosaico (e não no sapato) da humanidade e, portanto, da Igreja. Algo neste sentido fala o outro artigo da mesma coleção, usando a figura de vitral que não deixa de ser uma espécie de mosaico. É o texto de Dom Salvador Paruzzo, bispo de Ourinhos – SP que diz (aqui): Admirando o maravilhoso efeito destes vitrais compostos por centenas de pedaços de vidros coloridos, harmoniosamente coligados e chumbados, fiquei imaginando como será a Igreja quando se realizará o sonho de Jesus, expresso na oração sacerdotal. Polemizando com o conceito do “sonho de Jesus” (leia aqui a minha reflexão sobre a oração de Jesus), dou plena razão ao autor em uma das frases subsequentes: Certamente o Inimigo, que é chamado de Diabo, cuja palavra originária significa “aquele que divide”, continua realizando a sua missão sem parar, continua separando as famílias, os partidos políticos, os torcedores de futebol, as raças, os povos, ricos e pobres, jovens e adultos etc. Dom Salvador conclui: Certamente vai chegar o tempo em que todas estas igrejas e comunidades, que nascem para ir ao encontro das necessidades da humanidade, como tantos pedaços de vidros de diferentes cores, pela força do Espírito Santo, se harmonizarão entre elas para formar um maravilhoso vitral. Será a glória de Jesus, a unidade realizada, a Igreja que Ele sonhou e pela qual derramou o seu sangue.
Só posso dizer: Amém!
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