A 15ª Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, marcada para o próximo dia 26 de junho (veja a programação completa aqui), tem como o lema as palavras de Jesus "Amai-vos uns aos outros", complementadas pelo apelo "Basta de homofobia!". Como era de se esperar, os representantes de Igrejas cristãs, não deixam de reagir. No site da CNBB (aqui) e na "Folha de São Paulo" foi publicado o artigo do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo. Entre outras coisas, Dom Odilo escreve: Jesus não excluiu a ninguém do seu amor. Amou pessoas concretas, defendendo e restituindo a dignidade aos humilhados; amou os doentes, os pobres, as crianças, os homens, as mulheres. Em cada pessoa viu e amou um filho de Deus. Acolheu e perdoou os pecadores, mesmo não aprovando todos os seus comportamentos e atitudes, recomendando-lhes que não voltassem a pecar. Ensinou a amar também os inimigos e, ainda no momento extremo de seu suplício na cruz, ele próprio perdoou aos algozes: “Pai, perdoai-lhes; não sabem o que fazem”. Amou com amor puro, genuíno, transparente, sem apossar-se das pessoas como se fossem objetos de desejo; amou como Deus ama. Sim, amadas por Jesus, as pessoas sentiam-se amadas por Deus, dignificadas, profundamente valorizadas, restituídas à vida, felizes.
Logo em seguida, porém, manda um recado para os organizadores e participantes da Parada: “Amai-vos uns aos outros”, é apenas uma parte do mandamento novo de Jesus; sem a outra parte – “como eu vos amei” -, as belas palavras de Jesus ficam genéricas, ambíguas, expostas à instrumentalização subjetiva e ao deboche desrespeitoso. De fato, várias supostas maneiras de amar não são recomendadas por Jesus: amor possessivo, ciumento, irresponsável diante das consequências, anárquico, promíscuo, violento, sádico, devasso, egoísta, comprado ou vendido, contrário à natureza... Não são expressões de autêntico amor e, no mínimo, não podem pretender-se legitimadas pela recomendação de Jesus – “amai-vos uns aos outros”.
E encerra o seu artigo com a seguinte conclusão: Instrumentalizar essas palavras sagradas para justificar o contrário do que elas significam é profundamente desrespeitoso e ofensivo, em relação àquilo que os cristãos têm como muito sagrado e verdadeiro.
A eloquência do discurso não é capaz de substituir a razão, mas, infelizmente, mostra a enorme dificuldade (ou mesmo inviabilidade) de qualquer diálogo. Ainda bem que haja alguém que discorde com essa (minha) opinião desanimadora sobre a (impossível) comunicação entre a Igreja e o mundo GLBTS.
No último sábado (11/06), o 9º. Ciclo de Debates (que faz parte da programação oficial do 15º Mês do Orgulho LGBT de São Paulo) discutiu as relações entre religião, Estado e movimento LGBT. A pesquisadora associada do Núcleo de Estudos para Prevenção da AIDS (NEPAIDS/USP), Cristiane Gonçalves da Silva, disse que é possível dialogar com a base de religiosos, independente do reacionarismo que têm manifestado suas lideranças parlamentares e clericais (leia matéria sobre isso aqui). Para Cristiane, há uma falta de espaços reais de diálogo sobre o assunto. Por isso, uma parcela grande dos religiosos ficam restritos ao acesso às informações de seus pastores, que por interesses particulares, distorcem os fatos e as argumentações para seu público. “Ainda que alguns achem utópico, considero o diálogo com estes setores um caminho possível, pois a maioria dos crentes só recebe a mensagem de que têm que ser contra os direitos LGBT para não serem presos, conforme prevê a lei em discussão”, apostou ela, ressaltando que as autoridades religiosas representam o dogma muito mais do que as vivências religiosas individuais. A escola se constitui o lugar privilegiado para o diálogo com comunidades religiosas mais fechadas, já que na mídia a maioria dos debates se dá entre radicais. Para ela, é possível, também, utilizar da internet como ferramenta para esse diálogo possível e necessário.
É aqui que entramos nós, blogueiros, apesar de toda a modéstia de meios que temos...
No último sábado (11/06), o 9º. Ciclo de Debates (que faz parte da programação oficial do 15º Mês do Orgulho LGBT de São Paulo) discutiu as relações entre religião, Estado e movimento LGBT. A pesquisadora associada do Núcleo de Estudos para Prevenção da AIDS (NEPAIDS/USP), Cristiane Gonçalves da Silva, disse que é possível dialogar com a base de religiosos, independente do reacionarismo que têm manifestado suas lideranças parlamentares e clericais (leia matéria sobre isso aqui). Para Cristiane, há uma falta de espaços reais de diálogo sobre o assunto. Por isso, uma parcela grande dos religiosos ficam restritos ao acesso às informações de seus pastores, que por interesses particulares, distorcem os fatos e as argumentações para seu público. “Ainda que alguns achem utópico, considero o diálogo com estes setores um caminho possível, pois a maioria dos crentes só recebe a mensagem de que têm que ser contra os direitos LGBT para não serem presos, conforme prevê a lei em discussão”, apostou ela, ressaltando que as autoridades religiosas representam o dogma muito mais do que as vivências religiosas individuais. A escola se constitui o lugar privilegiado para o diálogo com comunidades religiosas mais fechadas, já que na mídia a maioria dos debates se dá entre radicais. Para ela, é possível, também, utilizar da internet como ferramenta para esse diálogo possível e necessário.
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