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Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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28 de maio de 2011

os perseguidos

O Evangelho de hoje (Jo 15, 18-21) traz o anúncio de Jesus sobre as perseguições que sofreriam os seus seguidores. A mensagem é clara e refere-se aos cristãos perseguidos por causa do nome de Jesus.  Eu já imaginei, muitas vezes, as críticas de minhas reflexões bíblicas, publicadas neste blog, caso tivesse, entre os Leitores, alguém que segue a linha - digamos - politicamente correta da doutrina católica e, sobretudo, tem a mente fechada às considerações existenciais, feitas do ponto de vista de um homossexual. Aparentemente, não dá para equiparar (adoro esta palavra!) as perseguições de cristãos ao sofrimento de homossexuais, agredidos por aqueles que odeiam a sua identidade. Pensando bem, porém, acredito que dá. Primeiro: Jesus se dirige a seus discípulos, ou seja, às pessoas que acreditam nele e procuram segui-lo. Muitos homossexuais o fazem. Segundo: o mundo nos odeia, assim como odiou a Jesus (cf. v. 18). Outra coisa: os homossexuais, de certo modo, não pertencem a este mundo, pelo menos ao mundo de padrões sociais, comportamentais, etc. Somos diferentes e somos minoria. Por isso o mundo nos odeia. Agora vem a ideia, talvez, mais polêemica: no Evangelho, Jesus diz: eu vos escolhi e apartei do mundo (v. 19). Abre-se aqui a discussão sobre a origem de homossexualidade e sobre o seu lugar nos planos de Deus. Foi Ele que quis que eu fosse assim? Ou, pelo menos, permitiu? Eu acredito que sim, pois foi Jesus quem disse Não se vendem dois pardais por uma moedinha? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do vosso Pai (Mt 10, 29). Seria absurdo dizer que a minha identidade sexual (que não depende da minha vontade) tenha "escapado " do controle de Deus. Por isso, a leitura daquela frase, pode incluir homossexuais, "escolhidos e apartados do mundo". Para finalizar, tenho mais um pensamento bastante polêmico. Um católico fundamentalista vai me dizer que, no texto, trata-se daqueles que estão sendo perseguidos "por causa do nome de Jesus" (cf. v. 21), ou seja, daqueles que acreditam e proclamam o nome do Senhor. Sem dúvida, essa é a primeira interpretação do texto. Mas, não necessariamente, única. Eu, como homossexual, posso ser odiado, desprezado e perseguido, "em nome de Jesus", sendo este nome usado (e abusado), justamente, por meus perseguidores. Jesus revela ainda a razão que move os perseguidores: Tudo isto eles farão contra vós por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou (v. 21). Digam que não é verdade! Temos, portanto, a passagem inteira, interpretada sob um ângulo diferente. Que tal? Será uma heresia ou blasfêmia?

O Papa Bento XVI, no 2° volume do livro "Jesus de Nazaré" (Editora Planeta; São Paulo, 2011), diz: O anúncio do Evangelho permanecerá sempre sob o signo da cruz. Isso mesmo devem os discípulos de Jesus aprender novamente em cada geração. A cruz é, e continua sendo, o sinal do "Filho do homem": no fim de contas, na luta contra a mentira e a violência, a verdade e o amor não têm outra arma senão o testemunho do sofrimento. (p.55)

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