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Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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5 de maio de 2011

Obedecer a Deus

A leitura dos Atos dos Apóstolos de hoje (5, 27-33), não é apenas um relato do julgamento pelo qual passaram os Apóstolos, mas a revelação de um dos princípios mais importantes para a vida cristã: É preciso obedecer a Deus, antes que aos homens. (v. 29) A Sagrada Escritura apresenta vários princípios, gralmenta chamados de mandamentos ou preceitos que, quase sempre, são acompanhados por promessas divinas. Não é diferente neste caso. No final do texto, Pedro acrescenta: Deus concedeu [o Espírito Santo] àqueles que a Ele obedecem. (v. 32) É preciso compreender bem: isso não é o método "toma lá, dá cá", pois este pertence à terra. É a revelação da sábia e paciente bondade de Deus. Ele não só nos dá uma variedade de dons extraordinários, mas também explica (ensina), como é que devemos recebê-los. O dom do Espírito Santo não é um "pagamento" (ou uma recompensa) pela obediência. Antes, a obediência è a disposição certa para que a dádiva de Deus seja eficaz. É como sintonizar rádio para um sinal determinado. Entendemos isso melhor no contexto do Evangelho de hoje (Jo, 3, 31-36) [vale notar que, sempre, as leituras litúrgicas se complementam]: O que é da terra, pertence à terra e fala das coisas da terra. (v. 31) De fato, aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, porque Deus lhe dá o espírito sem medida. (v. 34)
Fica aberta, para uma reflexão, a questão: o que significa, de fato, obedecer a Deus antes que aos homens. A resposta parece ser clara, mas não é! Na maioria das vezes, tomamos ciência da vontade de Deus, justamente, por meio dos homens. E quando falamos de "homens", devemos incluir a nós mesmos também, inclusive aquilo que sabemos por meio de nossa consciência. Quem garante que a minha própria voz interior (o bom senso, a consciência, a interpretação dos textos bíblicos, etc.), não tenha sido influenciada (ofuscada) pelas "coisas da terra" (cf. Jo, 3, 31)? Enfim, a questão é delicada, principalmente quando se trata de assuntos polêmicos, como, por exemplo, a homossexualidade. Vejamos um exemplo. O Catecismo da Igreja Católica, no conhecido parágrafo sobre a homossexualidade (2357-2359), entre outras coisas, diz: Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves* a Tradição sempre declarou que «os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados». [*] A nota, no rodapé do texto, fornece as seguintes citações bíblicas: Cf. Gn 19, 1-29; Rm 1, 24-27; 1 Cor 6, 9-10; 1 Tm 1, 10.
O primeiro dos citados textos bíblicos (Gn 19, 1-29), conta a história de Sodoma. O problema consiste no fato de associar, ao longo de séculos, a homossexualidade ao pecado dos habitantes de Sodoma (e, consequentemente, ao castigo). Basta ler atentamente o próprio texto para saber que não foi bem assim! É o exemplo clássico de "anular a Palavra de Deus e apegar-se às tradições dos homens" (cf. Mc 7, 9) ou, com outras palavras, obedecer aos homens, antes que a Deus. É um caso clássico de iterpretação tendenciosa (leia-se: maliciosa, preconceituosa). Foi, justamente, a interpretação errônea da Palavra de Deus que levou a Igreja a tomar uma decisão lamentável sobre o destino de Giordano Bruno, ou de Galileu (e de tentos outros)...
Quanto ao texto de Romanos (Rm 1, 24-27), vou deixá-lo para outra ocasião (assim como todos os demais). Fica aqui, entretanto, como um despertar para reflexão, a parte essencial da frase de Paulo: Deus os entregou... (Rm 1, 26). Enfim, é preciso obedecer a Deus antes que aos homens, ainda que esses homens se apresentem como ministros ou delegados do próprio Deus...

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