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Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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28 de maio de 2011

Mistérios, segredos e curiosidades


Aparentemente, estas três palavras podem, em certas circunstâncias, servir como sinônimos. Pelo menos as duas primeiras: mistério e segredo. No texto da I leitura de hoje (At 16, 1-10), entretanto, notamos a diferença. O mistério é algo divino, sobrenatural. É inexplicável (a não ser que Deus queira revelá-lo) e o homem não tem a ousadia de perguntar por quê. São estas palavras: O Espírito Santo os proibira de pregar a Palavra de Deus na Ásia (v. 6) e eles tentaram entrar na Bitínia, mas o Espírito de Jesus os impediu. (v. 7) Também a visão de um macedônio (v. 9) é um mistério. Experimentar a misteriosa presença de Deus na nossa vida é algo tremendamente fascinante (redundância proposital, pois faltam-me palavras). E como o homem é a imagem e semelhança de Deus, ele também tem seus mistérios, ou melhor, segredos. Paulo - para mim - era um homem divinamente misterioso e humanamente cheio de segredos. Não vou entrar no tema da suposta homossexualidade dele, mas a relação com Timóteo, mesmo nesse pequeno trecho, está recheada de mistérios (aliás: segredos). Paulo que acabara de brigar com os irmãos de origem judaica por causa do preceito de circuncisão, agora faz este ritual com o rapaz. Sei lá... E basta ler as suas cartas aos remetentes individuais (Timóteo, Tito, Filêmon), para ver como ele os tratava, em contraste com o tom da maioria de suas referências a mulheres. Na minha opinião, não é a questão de mentalidade patriarcal, típica aos judeus, nem de machismo ou anti-feminismo. É um dos segredos de Paulo. A curiosidade do texto, por sua vez, está na repentina mudança de forma gramática da narração. No início temos: Paulo foi...; Paulo e Timóteo transmitiam... e atravessaram...; eles tentaram... (vv. 1. 4. 6 e 7). No versículo 10, porém, lemos: Depois dessa visão, procuramos partir imediatamente para a Macedônia, pois estávamos convencidos de que Deus acabava de nos chamar para pregar-lhes o Evangelho. Todo mundo sabe que foi o Evangelista Lucas que, inspirado pelo Espírito Santo, escreveu Atos dos Apóstolos, como o segundo volume de sua obra (cf. At 1, 1). A ele, o Apóstolo Paulo, refere-se em suas cartas: “Lucas, o querido médico” (Col 4, 14), “Só Lucas está comigo” (2Tm 4, 11) e, na carta a Filêmon, Paulo menciona-o entre outros colaboradores: Marcos, Aristarco, Demas (Flm v. 24). Alguns autores e a própria lógica nos dizem que foi naquele momento que Lucas se juntou à equipe dos evangelizadores. Pode ser óbvio, mas não deixa de ser uma curiosidade.

Como diria Jô Soares, sem querer insinuar coisa alguma, já insinuando, estes são alguns dos mistérios, segredos e curiosidades que encontrei na I leitura de hoje. Mais tarde pretendo comentar o Evangelho (Jo 15, 18-21).

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