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Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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19 de maio de 2011

Abuso de menores

No dia 17 de maio foi celebrado o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Nesta ocasião foram divulgadas as estatísticas com dados alarmantes. O Disque Direitos Humanos, conhecido como disque 100, registrou 12.487 casos de abuso sexual de crianças em 2010. Até março deste ano, foram registrados 4.205 casos de violência sexual contra ciranças e adolescentes. Uma pesquisa realizada no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) revela que o combate e a prevenção de abusos sexuais a crianças precisam ser feitos, principalmente, dentro de casa. Segundo o estudo, quatro de cada dez crianças vítimas de abuso sexual foram agredidas pelo próprio pai e três, pelo padrasto. As estatísticas fornecem, neste sentido, a seguinte porcentagem:
- o pai é o agressor mais comum (38% dos casos)
- o padrasto (29%)
- o tio (15%)
- o primo (6%)
- o vizinho (9%)
- o desconhecido (3%)
Diante destes dados, impressiona-me a campanha midiática relacionada aos abusos sexuais de menores, cometidos por membros do clero católico, como se fossem os únicos. ATENÇÃO: como escrevi no texto de 07 de maio (aqui), a minha intenção não é justificar os culpados (pois a responsabilidade de um sacerdote, diante de Deus e dos homens, é muito maior!), mas buscar uma perspectiva livre de sensacionalismo e anticlericalismo. Ou seja, livre de preconceito. Isso mesmo! Em nosso "mundo gay", às vezes, temos (ou criamos) a impressão de que existe um só preconceito: a homofobia. De fato, não somos os únicos discriminados e apresentados como monstros. Uma parte da sociedade, com o uso e o apoio da mídia, promove uma mentalidade anticlerical e, no sentido mais amplo, anticristã. Não preciso dizer que a mesma mentalidade predomina entre homossexuais. Eu sei que as razões de aversão à Igreja (religião, Deus, clero, etc.) são, muitas vezes, mais profundas, mas, sem dúvida, a lavagem cerebral, promovida pela mídia mundial, não deixa de causar danos ainda maiores. Como se faltassem outros motivos, também por causa disso, é tão difícil para os cristãos - gays, lésbicas, etc. - manter a sua identidade (e/ou religiosidade). Quem realmente está interessado no assunto, já sabe que a Igreja Católica tomou várias iniciativas em questão de prevenção e combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. A Congregação para a Doutrina da Fé publicou, no último dia 16 de maio (com a data de 03/05), A Carta Circular para ajudar as Conferências Episcopais na preparação de linhas diretrizes no tratamento dos casos de abuso sexual contra menores por parte de clérigos (aqui). Também as Igrejas locais procuram realizar trabalhos neste sentido. O portal de notícias da Igreja Católica "Zenit" (aqui) traz o exemplo dos Estados Unidos. O comunicado de Dom Timothy Dolan, arcebispo de Nova York e presidente da Conferência Episcopal dos Estados Unidos, traz o resultado de uma pesquisa sobre os casos de abusos sexuais por parte de clérigos entre 1950 e 2010. Uma das conclusões do estudo diz que não há uma causa única que tenha conduzido aos abusos. Nem o celibato, como alguns sugeriam, nem a homossexualidade, com diziam outros, foram apontados como a razão pela qual uma pessoa abusa sexualmente de um menor. As causas estariam relacionadas a vulnerabilidades concretas dos sacerdotes, junto com determinados contextos e oportunidades. As mudanças sociais e culturais nas décadas de 1960 e 1970 manifestaram um aumento dos níveis de comportamento deturpado na sociedade em geral e também entre os sacerdotes. Dom Dolan disse que na Arquidiocese de Nova York se deram “muitos passos para combater este mal”, sobretudo “oferecendo ambientes seguros para as crianças”. “Além disso, nosso programa de formação no seminário tem exames rigorosos e um desenvolvimento humano e emocional mais intenso, para preparar melhor os futuros padres.” Dom Dolan explicou também o procedimento seguido pela Arquidiocese diante de uma denúncia de abuso: o primeiro passo é encorajar a pessoa que denuncia a informar imediatamente à polícia. “Se a Arquidiocese tem razões para crer que houve um abuso, ela entra em contato imediatamente com as autoridades civis”, cooperando com elas no esclarecimento dos fatos. Se um sacerdote for culpado de um caso de abuso de menores que seja, nunca lhe será permitido voltar a exercer o ministério.

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