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Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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25 de maio de 2011

As vozes da Igreja [3]

O portal da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB - aqui), tornou-se ultimamente palco de debates sobre a homossexualidade. Vários prelados, certamente "pegaram a onda" e, como surfistas profissionais, deslizam pelo assunto que, recentemente, está - digamos - na moda. A unanimidade dos hierarcas da Igreja Católica do Brasil, revela-se apenas na repetição daquele (discutível) slogan de "não equiparar as uniões de pessoas do mesmo sexo à família". Fora disso, é pura diversidade (de opiniões). O Arcebispo de Uberaba (MG), Dom Aloísio Roque Oppermann, no artigo "O direito de ser protegida", usa a metade do texto para elogiar e defender homossexuais. É verdade que, no final dessa parte, aplica uma alfinetada (de duvidosa ironia), mas diante de tanto carinho anterior, quase não dá para senti-la. A segunda parte do texto já é outra história (aquela sobre "não equiparar"), embora apareça, como pérola no meio de bijuteria, um pensamento intrigante (sublinhado por mim). O artigo não é muito grande, por isso decidi transcrevê-lo na íntegra. Para quem quiser conferir na fonte, clique aqui.
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O direito de ser protegida
23 de maio de 2011
Dom Aloísio Roque Oppermann scj
Arcebispo de Uberaba - MG


Não vemos dificuldade em aceitar - como justiça líquida e garantida - que as pessoas que sentem atração sexual por representantes do mesmo sexo, sejam respeitadas. Na homofilia tratamos com seres livres, cuja dignidade humana não pode ser ferida. São seres humanos particularmente dotados para certas artes e ciências. São filhos e filhas de Deus. Não escolheram sua condição, e por isso “merecem ser tratados com respeito”, livres de “qualquer sinal de discriminação injusta” (Catecismo da Igreja Católica, nº 2358). Os motivos da tendência homossexual ainda são amplamente inexplicados, havendo razoável certeza em não atribuí-los a causas genéticas. Talvez a pedagogia futura saiba explicar melhor do que nós, a gênese da tendência. Então sim, existirá a possibilidade de escolha. Por enquanto, não devemos amargurar a vida dessas pessoas. A homossexualidade não é fenômeno moderno. Ela atravessa todos os tempos da história da humanidade, ora com presença mais explícita, ora menos acentuada. Entre eles há até grandes benfeitores da raça humana.


Mas no fragor dessa luta, todos devemos estar concordes em reconhecer o valor da instituição familiar tradicional, dessa união estável entre um homem e uma mulher. Inclusive os homossexuais vão me dar razão, pois eles provieram de uma união dessas. As diferenças sexuais do masculino e do feminino são originárias, e não produtos de uma cultura posterior, como querem alguns próceres da ONU. A família monogâmica, e o matrimônio natural entre um homem e uma mulher são a raiz fundamental de todo Direito. Segundo as Escrituras, são destinados a “serem uma só carne” (Gn 1, 27). Outros tipos familiares podem existir, mas não devem ser equiparados à Família, que é baseada na complementaridade dos dois sexos, à procriação e educação dos filhos. [1] Equiparar todos os tipos de união possível seria ameaçar a estabilidade do grupo primordial, que tem a capacidade única de integrar as gerações e acolhe-las. Ela recebeu de Cristo um privilégio inestimável de ter sua união elevada à categoria de Sacramento. O que não é o caso das outras uniões. A Família tem o direito de ser vigorosa e sadia. [2] Isso só será possível se receber a proteção privilegiada do poder público. Na atualidade se está vendo exatamente o contrário.
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Faço mais alguns comentários:
[1] Na minha opinião, da mesma maneira como não é necessário insistir (brigar) para dar à união de pessoas do mesmo sexo o nome de "matrimônio" (ou "casamento"), também podemos abrir mão do termo "família". Por que não dizer "comunidade", "núcleo", "círculo", etc.?. Por outro lado, a história (também da Igreja) mostra-nos que certos nomes, títulos e termos, originalmente reservadas para uma só realidade, acabaram espalhando-se por toda parte. Todos se lembram das palavras de Cristo: não chameis a ninguém na terra de mestre, pai ou guia (cf. Mt 23, 8-10). Entretanto, é justamente na Igreja que encontramos uma multidão de mestres, pais e guias. Como se Jesus falasse: você pode ser tudo, menos mestre, pai e guia. E hoje, os mesmos mestres, pais e guias dizem: esses uniões podem ser tudo, menos família. A solução é simples: vamos voltar à versão original. Eles renunciam os seus títulos e nós abrimos mão do termo "família". Está combinado?
[2] A família torna-se sadia, vigorosa e está protegida quando, por meio de uma evangelização levada a sério e, também, por meio das leis adquadas (civis e religiosas), está sendo preparada para acolher, com amor e respeito, os filhos (próprios e dos outros), inclusive os filhos e filhas homossexuais. A família é sadia e vigorosa quando, no processo de educação dos filhos (e também no habitual modo de pensar, falar e agir da própria família) exclui-se rigorosamente todo e qualquer tipo de preconceito. Também a homofobia.

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