ESTE BLOG NÃO POSSUI CONTEÚDO PORNOGRÁFICO

Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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4 de outubro de 2013

Ir ao encontro

 
O Papa Francisco está em Assis. É uma visita cheia de simbologia, por isso as palavras do Santo Padre ganham ainda mais peso, tornam-se "constituintes". Na verdade, a "Constituição" não é nova. É o Evangelho. Nova é a leitura, afim de promover uma nova prática. Exatamente como fez, há séculos, São Francisco de Assis. O próprio Papa disse: queridos amigos, eu não dei a vocês receitas novas. Não o fiz e não acreditem em quem diz que eu o fiz. Não existem. (...) Escutar a Palavra, caminhar junto em fraternidade, anunciar o Evangelho nas periferias! Quem escuta/lê as palavras do Papa, já percebeu que as periferias ocupam um lugar especial no seu coração. É a importância de sair para ir ao encontro do outro, nas periferias, que são lugares, mas, sobretudos, pessoas, situações de vida. Tudo isso o Papa disse aos membros do clero em Assis. E continuou: Quais são as vossas periferias? Procuremos pensar. Perguntemo-nos quais são as periferias desta Diocese. Certamente, em um primeiro sentido, são as zonas da Diocese que são suscetíveis de estar no limite, fora dos feixes de luz dos holofotes. Mas são também pessoas, realidades humanas de fato marginalizadas, desprezadas. São pessoas que talvez se encontram fisicamente próximas ao “centro”, mas espiritualmente estão distantes. Não tenham medo de sair e ir ao encontro destas pessoas, destas situações. Não se deixem bloquear pelos preconceitos, hábitos, rigidez mental ou pastoral, do famoso “se faz sempre assim!”. Mas se pode ir às periferias somente se se leva a Palavra de Deus no coração e se caminha com a Igreja, como São Francisco. Caso contrário, levamos a nós mesmos, e não a Palavra de Deus e isto não é bom, não serve para ninguém! Não somos nós que salvamos o mundo: é o Senhor que o salva!
 
 
 
A denúncia do "famoso «se faz sempre assim»" é um grito revolucionário. É preciso, porém, perceber a diferença entre a revolução e a anarquia. Encaixa-se aqui a frase bíblica: Examinai tudo: abraçai o que é bom (1 Ts 5, 21). Neste contexto podemos recordar o trabalho de um dos pioneiros que descobriram a "periferia da homossexualidade" e foram até lá para levar a Palavra de Deus. É o Padre José Trasferetti que assim conta esta história (o texto é de 2002):
 
Comecei a trabalhar com homossexuais em 1995. Eu trabalhava em uma paróquia de periferia em Campinas, São Paulo, e lá passei a ter contatos com homossexuais e travestis que moravam perto da igreja da paróquia. Foi uma amizade muito gostosa que eu criei com esse grupo e, a partir dessa data, comecei a me interessar pelo tema de forma teológica. Então, além do aspecto pastoral, eu quis incluir o aspecto teológico, ou seja, passei a estudar o tema. E aí então comecei a produzir. Saiu o primeiro livro "Pastoral dos homossexuais" [leia o resumo]; depois (...) "Deus por onde andas?" (...) [e] "Homossexuais e Ética Cristã". E estou preparando outros temas também. (em 2001 foi publicado o livro de Ademildo Gomes e José Trasferetti "Homossexualidade, orientações formativas e pastorais") Então, eu tenho muito interesse pastoral e também interesses teóricos sobre essa questão. Acho que precisamos evoluir mais nessa área e eu gostaria de contribuir educando as comunidades religiosas, os seminaristas, os padres porque eu sinto que existe uma grande ignorância ao redor desse tema. É preciso romper essa ignorância e ampliar nossos conhecimentos, porque somente ampliando nossos conhecimentos é que nós vamos combater a homofobia ainda reinante na sociedade e nas igrejas.
 
Estudar e escrever já é uma forma de ir às periferias. É claro, nada substitui a presença física, o "andar junto" do qual fala o Papa. Os livros ajudam na formação da consciência e facilitam a abertura do coração. Encorajam à ação. Assim como as palavras do Papa...

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