ESTE BLOG NÃO POSSUI CONTEÚDO PORNOGRÁFICO

Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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21 de outubro de 2013

Aos confins

 
Dá para perceber que deixei de lado os assuntos que envolvem a Igreja, o Papa e afins. Deve ter sido por causa do "meu coreano imaginário" [1, 2, 3] que me faz sair mais de casa e focar atenção nos transeuntes. Sair, foi uma ideia que trouxe do casamento do meu amigo. Ele disse que conheceu o seu amado na rua, através de um olhar. Nestes dias tive vontade de abordar um ou outro cidadão na rua. Por enquanto, a timidez impede uma atitude mais louca corajosa da minha parte, mas, ao menos, não tenho medo de olhar...
 
Entretanto, não abandonei a minha Igreja, ainda que esteja pensando em mudar um pouco (ou bastante) a minha maneira de participar nela (isso, talvez, seja - mais tarde - o assunto de postagem neste blog).
 
Tivemos ontem o Dia Mundial das Missões, lembrando de que todo este mês é, tradicionalmente, dedicado a essa dimensão fundamental da Igreja. Como era de se esperar, o Papa Francisco presenteou-nos com um bela reflexão, confirmando os seus pensamentos anteriores que alguns fundamentalistas tradicionalistas católicas procuravam relativizar, por serem transmitidos em forma de entrevistas. Agora, sim, é uma mensagem pontifícia.
 
O Santo Padre repete, por exemplo, que a missionariedade da Igreja não é proselitismo, mas testemunho de vida que ilumina o caminho, que traz esperança e amor. A mesma expressão, usada pelo Papa na entrevista com o jornalista Eugenio Scalfari, causou o espanto entre os mencionados acima católicos tradicionalistas.
 
Outro termo que volta no ensinamento do Papa Francisco, é a periferia. Achei muito feliz e importante, a explicação dada por ele, no texto em questão:
 
Toda a comunidade é «adulta», quando professa a fé, celebra-a com alegria na liturgia, vive a caridade e anuncia sem cessar a Palavra de Deus, saindo do próprio recinto para levá-la até às «periferias», sobretudo a quem ainda não teve a oportunidade de conhecer Cristo. A solidez da nossa fé, a nível pessoal e comunitário, mede-se também pela capacidade de a comunicarmos a outros, de a espalharmos, de a vivermos na caridade, de a testemunharmos a quantos nos encontram e partilham conosco o caminho da vida. (...) A missionariedade não é questão apenas de territórios geográficos, mas de povos, culturas e indivíduos, precisamente porque os «confins» da fé não atravessam apenas lugares e tradições humanas, mas o coração de cada homem e mulher.
 
Mais uma orientação, digamos, metodológica, chamou a minha atenção:
 
Com frequência, os obstáculos à obra de evangelização encontram-se, não no exterior, mas dentro da própria comunidade eclesial. Às vezes, estão relaxados o fervor, a alegria, a coragem, a esperança de anunciar a todos a Mensagem de Cristo e ajudar os homens do nosso tempo a encontrá-Lo. Por vezes há ainda quem pense que levar a verdade do Evangelho seja uma violência à liberdade. A propósito, são iluminantes estas palavras de Paulo VI: «Seria certamente um erro impor qualquer coisa à consciência dos nossos irmãos. Mas propor a essa consciência a verdade evangélica e a salvação em Jesus Cristo, com absoluta clareza e com todo o respeito pelas opções livres que essa consciência fará (...), é uma homenagem a essa liberdade» (Exort. ap. Evangelii nuntiandi, 80). Devemos sempre ter a coragem e a alegria de propor, com respeito, o encontro com Cristo e de nos fazermos portadores do seu Evangelho; Jesus veio ao nosso meio para nos indicar o caminho da salvação e confiou, também a nós, a missão de a fazer conhecer a todos, até aos confins do mundo.
 
Os homossexuais (e todos os outros não heterossexuais), também são uma periferia existencial que a Igreja é chamada a descobrir. A evangelização, sem imposição, é capaz de convencer, até os mais rejeitados, desprezados e marginalizados, de que - como escreveu o Papa:
 
A fé é um dom precioso de Deus, que abre a nossa mente para O podermos conhecer e amar. Ele quer entrar em relação conosco, para nos fazer participantes da sua própria vida e encher plenamente a nossa vida de significado, tornando-a melhor e mais bela. Deus nos ama! Mas a fé pede para ser acolhida, ou seja, pede a nossa resposta pessoal, a coragem de nos confiarmos a Deus e vivermos o seu amor, agradecidos pela sua infinita misericórdia. Trata-se de um dom que não está reservado a poucos, mas é oferecido a todos com generosidade: todos deveriam poder experimentar a alegria de se sentirem amados por Deus, a alegria da salvação.

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