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Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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20 de março de 2011

José

Escrevi uma reflexão sobre a figura paterna, tendo São José como referência, no 3° dia da Novena de Natal (aqui). Acrescento agora alguns outros pensamentos. Ao longo de vários séculos, a Tradição da Igreja e a piedade popular, atribuíam a José uma idade bastante avançada, retratando-o como o ancião ao lado de jovem Maria Santíssima. Hoje, alguns autores, aventuram-se ao apresentar São José relativamente jovem (veja, p. ex., "São José jovem e santo - o segredo do sucesso familiar" de Dom Cipriano Chagas ou "José, Esposo e Pai" de José H. Prado Flores). De fato, a Sagrada Escritura não fala absolutamente nada sobre a idade do esposo de Maria. Segundo um destes autores (não me lembro bem qual deles) afirma ter sido devido a dificuldade em lidar com a questão de sexualidade que a Igreja (ao menos em sua expressão popular) preferiu uma versão mais segura de São José (isto é, José velho). Como, entretanto, tudo está perfeito nos planos de Deus e foi Ele quem quis garantir ao seu Filho uma infância melhor possível, certamente esta estranha desproporção de idades no Casal da Sagrada Família não teria razão para existir. O Papa João Paulo II, além de uma Exortação Apostólica (Redemptoris custos - aqui), dedicou a São José uma das catequeses em 1996 (o site do Vaticano disponibiliza apenas versões em italiano e espanhol, esta última aqui). O texto trata de união virginal de Maria e José: Pode-se supor que entre José e Maria, no momento do noivado, houvesse um entendimento sobre o projeto de vida virginal. De resto, o Espírito Santo, que tinha inspirado a Maria a escolha da virgindade em vista do mistério da Encarnação, e queria que esta acontecesse num contexto familiar idôneo ao crescimento do Menino, pôde suscitar também em José o ideal da virgindade. (...) José e Maria receberam a graça de viverem juntos o carisma da virgindade e o dom do matrimônio. A comunhão de amor virginal de Maria e José, embora constitua um caso muito especial, ligado à realização concreta do mistério da Encarnação, foi todavia um verdadeiro matrimônio. Na Exortação Redemptoris custos, o Papa afirma: Neste matrimônio não faltou nenhum dos requisitos que o constituem. (n. 7) Exatamente aqui vem a curiosidade. A Sagrada Família é o modelo de toda família cristã, portanto, de todo o matrimônio (cristão). Isso é muito claro, porque a sua essência está no amor. Mas, se - neste caso - não aconteceu a procriação como nós a entendemos e, mesmo assim, "não faltou nenhum dos requisitos que constituem o matrimônio", por que razão os opositores de união homossexual batem tanto nesta tecla, dizendo que por faltar "o requisito" da procriação, tal união está errada e, portanto, inadmissível. Com outras palavras: fundamental é o amor e mesmo que não haja procriação, a união de duas pessoas que se amam, está nos planos de Deus.

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