ESTE BLOG NÃO POSSUI CONTEÚDO PORNOGRÁFICO

Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



_____________________________________________________________________________



16 de dezembro de 2010

NOVENA DE NATAL (3° dia)

A FIGURA PATERNA
TEXTO BÍBLICO (Mt 1, 20-21. 24)
“José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados”. (...) Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa.
LEITURA/REFLEXÃO
1)
A meditação do mistério da Encarnação do Verbo Eterno de Deus abre vários horizontes e leva-nos em mais diversas direções. É muito interessante como o Pai celeste inclui a figura paterna no seu plano, como se quisesse mostrar a importância de um pai na vida de cada ser humano. Há muito tempo percebi um fenômeno, confirmado em quase 100% de conversas com vários homossexuais. Sem insinuar a eventual causa da própria homossexualidade, notei que quase todos os gays têm alguma coisa negativa para contar sobre o seu pai. Seja um pai ausente ou um “durão”, sem a menor possibilidade de diálogo, seja um chefe de família que bebe ou vive traindo a esposa ou os filhos. De fato, existe uma enorme variedade de experiências tristes e dolorosas no campo de relacionamento pai-filho. Evidentemente isso não impede a existência de homossexuais com pais presentes e amorosos.
2) Richard A. Isay, norte-americano, formado em psiquiatria e psicanálise, ativista da Associação Nacional de Saúde de Gays e Lésbicas, é o autor do Livro “Tornar-se gay; O caminho da auto-aceitação” (Edições GLS; São Paulo, 1898). Em sua obra apresenta (entre vários outros assuntos) a ideia de um processo necessário para a “reconciliação consigo mesmo” ou para “tornar-se gay”:
Para tornar-se gay é preciso ser capaz de se autodenominar “homossexual” ou “gay”. Garotos homossexuais com pais amorosos, que aceitam seus desejos sexuais distintos e seu tipo diferente de masculinidade, costumam desenvolver uma auto-imagem forte e positiva. É provável também que consigam se assumir como “gays” antes e mais facilmente do que aqueles que sentiram necessidade de se adequar às expectativas sociais para serem amados. Meninos que foram rejeitados pelos pais por causa de sua condição homossexual, em geral, manifestarão, quando adultos, raiva e autopiedade, tornando-se, portanto, muito menos capazes de estabelecer relações adultas de amor mútuo do que aqueles que se sentiram aceitos e amados pelos pais. (p. 15)
Pais de meninos homossexuais, que podem não gostar que seus filhos sejam menos convencionalmente masculinos do que outros meninos ou que se sentem desconfortáveis pela conexão erótica de seus filhos com eles ou com outros homens, podem se retrair. Uma criança homossexual pode se afastar de seu pai por sentir-se mais à vontade com a mãe e ter mais afinidade com ela ou por sentir-se incomodada com seus sentimentos eróticos para com o seu pai ou outro homem de suas relações. A rejeição paterna, real ou percebida, em resposta ao desejo do filho por alguém do mesmo sexo, interesses diferentes, ou uma masculinidade não convencional são fatores determinantes para a baixa auto-estima de alguns meninos recém-entrados na adolescência. (p. 63-64)
3) Seja qual for a sua relação com o pai, proponho hoje, no contexto de nossa jornada espiritual, uma “revisão” desta relação. Talvez seja necessário trabalhar o processo de perdão. Queiramos ou não, temos este pai e não algum outro. Carregamos em nós uma grande herança paterna (genética, cultural, espiritual). São Paulo dá um conselho que pode ser aplicado aqui: “Examinai tudo e guardai o que for bom.” (1 Tes 5, 21). Outro exercício deste terceiro dia da novena pode ser a oração por cada homossexual rejeitado, agredido, desprezado, expulso de casa pelo próprio pai. Por aquele rapaz que ouviu o seu pai falar: “Prefiro um filho morto a um homossexual” (leia sobre isso uma excelente matéria – e tantas outras - de Isaac Azevedo dos Santos no portal “Gay1” – aqui). E precisamos orar muito por cada pai, especialmente pai de homossexual (homossexuais)! Peçamos que ele ouça, como José, a voz de Deus, dizendo: "Não temas acolher em casa e no coração este filho, porque antes de ser teu, ele é o meu filho amado".
4) ORAÇÃO
Os trechos do Salmo 26(27) podem inspirar uma oração espontânea de louvor, súplica e entrega. Conclusão: “Pai nosso” e “Ave Maria”

[1] O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem temerei?
O Senhor é o protetor de minha vida, de quem terei medo?
[4] Uma só coisa peço ao Senhor e a peço incessantemente:
é habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida,
para admirar aí a beleza do Senhor e contemplar o seu santuário.
[5] Assim, no dia mau ele me esconderá na sua tenda,
ocultar-me-á no recôndito de seu tabernáculo,
sobre um rochedo me erguerá.
[7] Escutai, Senhor, a voz de minha oração,
tende piedade de mim e ouvi-me.
[8] Fala-vos meu coração, minha face vos busca;
a vossa face, ó Senhor, eu a procuro.
[9] Não escondais de mim vosso semblante,
não afasteis com ira o vosso servo.
Vós sois o meu amparo, não me rejeiteis.
Nem me abandoneis, ó Deus, meu Salvador.
[10] Se meu pai e minha mãe me abandonarem,
o Senhor me acolherá.
[11] Ensinai-me, Senhor, vosso caminho;
por causa dos adversários, guiai-me pela senda reta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário