ESTE BLOG NÃO POSSUI CONTEÚDO PORNOGRÁFICO

Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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28 de março de 2011

Naamã

A passagem do Evangelho de hoje (Lc 4, 24-30) já comentei neste blog (aqui), por isso vou diretamente à I leitura de 2Rs 5, 1-15a, que conta história de Naamã, general do exército do rei da Síria, (que) era um homem muito estimado e considerado pelo seu senhor, pois foi por meio dele que o Senhor concedeu a vitória aos arameus. Mas esse homem, valente guerreiro, era leproso. (v. 1) A lepra tem, até hoje, uma fama terrível e assustadora, mesmo com todo o avanço de ciência e medicina. Tento imaginar como foi visto este mal naquela época. As próprias prescrições da Lei de Moisés, ainda que indiretamente, induziam o povo à interpretação dessa enfermidade, também em dimensão espiritual e moral. Em consequência, o doente sentia-se rejeitado por Deus e pelos homens. A sensação mais provável era o desespero. No caso concreto de Naamã, várias coisas eram felizmente diferentes: teve todo o apoio do rei e, também, a sua posição social contribuía bastante para que não se sentisse tão rejeitado. Não era judeu, por isso não sentia tanto a "maldição da lepra". Além disso, desde o início da história, notamos vários sinais de ação da Divina Providência. Mas, como para Deus é impotante não apenas a saúde física do homem (ou a solução de qualquer outro problema), mas o homem inteiro, vemos Naamã colocado em prova. Deus lhe oferece o dom da cura, mas desafia a sua razão e quebra o seu orgulho. De novo aparece alguém que, com simples argumento, consegue convencê-lo (como foi no início a intervenção de uma moça de Israel - cf. vv. 2-3): Senhor, se o profeta te mandasse fazer uma coisa difícil, não a terias feito? Quanto mais agora que ele te disse: "Lava-te e ficarás limpo" (v. 13). Penso que, muitas vezes, a simplicidade do dom que Deus oferece (ou da maneira de como o oferece), desafia-nos a ponto de não aceitarmos tal oferta. Achamos impossível que Deus queira se comunicar assim conosco. Na minha opinião, o problema real está na dificuldade de aceitarmos o amor que Deus tem para conosco. No caso de pessoas homossexuais, isso torna-se ainda mais difícil, por causa do sentimento de culpa. Crescemos e convivemos com a visão de homossexualidade como algo absolutamente errado, sujo, inaceitável - como uma lepra. Se as pessoas que - no meu ver - representam Deus aqui na terra, dizem que "atos homossexuais são profundamente desordenados", logo imagino que seja esta, de fato, a opinião que Deus tem a meu respeito. E pior, porque se eu sou um homossexual, todos os meus atos são homossexuais também (- profundamente desordenados, entende-se). Até o ato de tomar, neste instante, um café, é também o ato homossexual. Dá para perceber a confusão interna? E, neste momento, vem o próprio Deus e me diz: "Aceita o meu dom. A sua sexualidade também é um dom. Como a finalidade de sua existência é amar, ame de acordo com a sua condição que lhe concedi...". Lemos no texto que Naamã, quando aceitou o desafio, experimentou um grande milagre - foi curado de sua lepra, de sua incredulidade e soberba. Por isso digo: é necessário reconhecer e aceitar os dona que Deus nos dá. Então ele desceu e mergulhou sete vezes no Jordão, conforme o homem de Deus tinha mandado, e sua carne tornou-se semelhante à de uma criancinha, e ele ficou purificado. (v. 14)

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