Jesus retoma um dos assuntos com os quais tinha iniciado este tempo da Quaresma: a oração. Outros são: a esmola e o jejum (veja esta reflexão). O Evangelho de hoje (Mt 6, 7-15) traz a oração "Pai nosso", sobre qual ja foi dito e escrito tanto, que vou me limitar apenas a um comentário, para não ser um "repetidor de ideias" (usando o termo de Augusto Cury).
Insisto aqui no assunto de estrago que faz a falta de uma séria e estruturada Pastoral para Homossexuais, ou - pelo menos - de um tratamento mais digno das pessoas com esta identidade (ou condição) dentro da Igreja. Geralmente funciona isso da segiunte maneira (ainda que não necessariamente com estas palavras): "Você está todo errado, por isso nem vou lhe dar atenção". E se, neste mesmo momeno, perguntarmos ao autor desta resposta tão caridosa e cristã, se o 'Pai nosso' é também o Pai dos homossexuais? - com certeza não vai querer se envolver nessa conversa. As consequências são devastadoras. Um(-a) homossexual - estou falando daqueles que ainda conseguem buscar uma vida espiritual - carrega "nas costas" o peso de culpa, muitas vezes só pelo fato de sentir algo diferente e, exatamente por isso, não se sente digno(-a) de falar com Deus. Abandona a oração e cai, ainda mais, no "abismo" de abandono e solidão. Tenho certeza absoluta de que deveria acontecer, justamente, o contrário. Se o motivo de eu não falar com Deus é algum tipo de "vergonha", significa que estou transferindo para Deus as características puramente humanas. Eu posso sentir algum constrangimento perante as pessoas e não por estar errado, mas por conhecer (e experimentar na pele) a incompreensão da mente preconceituosa. Uma das atitudes movidas pela vergonha é a tentativa de se esconder ou de esconder "aquilo". E isso não funciona com Deus. Enquanto as pessoas se perguntam: "Será que ele é?", Deus sabe perfeitamente quem sou. E mais: em Deus o saber e o amar são a mesma coisa. Por isso não devo sentir nenhum constrangimento (a não ser aquele que vem da grandeza do amor divino), ao me aproximar de Deus. Até mesmo quando a minha consciência (e não as pessoas) me diz que pequei, não devo fugir de Deus, mas chegar perto e dizer: "Como o Senhor já sabe, pequei...". Santa Teresa d'Àvila deixou um testemunho muito interessante a respeito disso: Comecei (...) a meter-me tanto em ocasiões de pecado muito grandes e a andar tão estragada minha alma em muitas vaidades, que eu já tinha vergonha de voltar a me aproximar de Deus em tão particular amizade como é a conversa da oração. (...) Esse foi o mais terrível engano que o demônio me podia fazer sob o véu de parecer humildade, pois comecei a temer ter oração, por ver-me tão perdida. ("Livro da vida", cap. 7, 1)
Lembro-me de uma pregação, na qual o padre estava contando sobre o ancião que foi procurado por um jovem. "Diga-me, o que eu faço para ser santo?" - prguntou jovem. "Pega um pedaço de papel e escreve a oração 'Pai nosso'. Depois medita sobre estas palavras todos os dias. Isso é suficiente" - respondeu o ancião.
Quero propor aos (eventuais) Leitores este exercício, pelo menos por uma semana. Tenho certeza que os frutos não serão poucos nem pequenos.
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