A mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus com seus filhos e ajoelhou-se com a intenção de fazer um pedido. (Mt 20, 20) As mães sempre querem o bem para os seus filhos, mas às vezes (como lemos hoje no Evangelho [Mt 20, 17-28]), não sabem o que estão pedindo, ou seja, nem sempre aquele bem que desejam, tem a mesma avaliação nos olhos de Jesus. Imagino quantas mães, numa expressão de desespero, clamam a Deus que "cure e liberte" o(s) seu(s) filho(s) do mal de homossexualismo (quase nunca dizem "homossexualidade"). Não é a primeira nem a única situação descrita nas páginas do Evangelho, em que vemos as pessoas (frequentemente as mais próximas do Senhor) que mostram uma tremenda falta de noção daquilo que Jesus falava e fazia. Hoje não é diferente. A origem disso pode estar no que descreve, também na liturgia de hoje, o profeta Jeremias, citando alguns detalhes de conspiração promovida pelos adversários dele: Não vamos prestar atenção a todas as suas palavras. (Jr 18,18). O que esses homens conscientemente tramavam, como forma de agir contra o profeta, é mais que comum entre os seres humanos e não necessariamente de maneira igualmente planejada. Sem dúvida, em nossos tempos, a própria civilização com sua rapidez, quantidade e superficialidade de informações, contribui para isso. Simplesmente, não conseguimos mais prestar devida atenção às pessoas e àquilo que estão dizendo. Penso que este seria mais um exercício valioso nesta Quaresma: prestar atenção à maneira como... presto atenção. Parece redundância, mas é aqui que está a grande parte da origem de vários problemas que enfrentamos. Inclusive - ou melhor: em primeiro lugar - temos dificuldade na hora de ouvir e assimilar aquilo que Deus nos fala. Já escrevi aqui algumas vezes que, na minha opinião, o diálogo sobre a homossexualidade não consegue avançar, porque as pessoas que se dispuseram a conversar, geralmente falam como que "línguas diferentes". Exatamente, como no Evangelho de hoje: Jesus acaba de anunciar a eminência de sua paixão, morte e ressurreição e, na mesma hora, aparece aquela mãe e pede favores para seus filhos.
Evidentemente, este não é a única conclusão da leitura deste texto do Evangelho. Jesus denuncia (para curar) a presença perigosa das ambições humanas (que aparecem, também, na reação dos osutros discípulos) e revela o modelo de todos os relacionamentos que ainda hoje esperam ser aprendidos por todos os seus seguidores: Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor; quem quiser ser o primeiro, seja vosso servo. (Mt 20, 26-27)
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