JOÃO
TEXTO BÍBLICO: (1 Jo 4, 7-9)
Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em nos ter enviado ao mundo o seu Filho único, para que vivamos por ele.
LEITURA/REFLEXÃO
1) 27 de dezembro, o segundo dia da oitava de Natal, a Igreja dedica a São João, Apóstolo e Evangelista. A figura de João é, sem dúvida, simpática. Foi ele o “discípulo predileto” do Senhor, repousou a sua cabeça no peito do Mestre durante a Última Ceia, permaneceu ao pé da cruz junto com Maria, enquanto os outros preferiram salvar a própria pele. Foi ele que correu ao túmulo vazio de Jesus e acreditou na sua ressurreição. Finalmente, o único que não teve a morte violenta no martírio, foi agraciado com as visões da Jerusalém celeste e dos horrores (e da glória) do fim dos tempos. O Papa Bento XVI dedicou a ele, em 2006, três catequeses, no ciclo dedicado aos Apóstolos (confira: [1], [2], [3]). Aqui, neste blog, o discípulo amado já teve um destaque, no trecho do livro de Anselm Grün "Lutar e amar - Como os homens encontram a si mesmos" (aqui), em um surpreendente contexto homoerótico.
2) Os evangelistas trazem, entretanto, mais alguns pormenores sobre João. Dois episódios tornam a imagem deste homem mais humana, sem diminuir os seus méritos e ofuscar a sua simpatia. Um deles é o pedido, dirigido ao Mestre e feito, junto com o irmão Tiago, com o auxílio da mãe de ambos (cf.: Mt 20, 20-28; Mc 10, 35-45; Lc 22, 24-30). Certamente sem ter compreendido o sentido da missão de Jesus e a dimensão do seu reino, pediram que os dois pudessem se sentar, um à direita e outro à esquerda do Senhor. Jesus teve paciência (e até tentou explicar algo a eles), mas os "colegas" nem tanto. Todos os discípulos do Mestre revelaram-se... humanos. Esta também é uma mensagem importante para nós. Aliás, é muito interessante ler o Evangelho a partir deste princípio. Vamos encontrar pessoas humanas, normais, limitadas, mesmo assim, sempre amadas e acompanhadas por Jesus. Como seria mais serena a nossa vida, se todos admitissem que nem os apóstolos, nem os cristãos (de todas as gerações e de todos os “níveis”) são anjos, mas sim, seres humanos. Viva a humildade!
3) O outro episódio com João (de novo acompanhado pelo irmão), merece um pouco mais de atenção. O Evangelista Lucas (em Lc 9, 51-56) conta que quando Jesus resolveu dirigir-se a Jerusalém, enviou antes alguns mensageiros, para prepararem as localidades pelo caminho para a sua passagem. Surgiu logo um obstáculo: os habitantes de uma aldeia, samaritanos, não quiseram receber Jesus. Vendo isso, Tiago e João (apelidados “Boanerges”, Filhos do Trovão; cf. Mc 3, 17) disseram: “Senhor, queres que mandemos que desça fogo do céu e os consuma?”. Com outras palavras: “Mestre, vamos fazer aqui uma pequena Sodoma?”. Eles se lembravam bem o que tinha acontecido com aquela grande cidade (veja Gn 20, 1-29). E tudo isso por causa da falta de hospitalidade, exatamente como neste caso da aldeia samaritana. Jesus confirma esta motivação da destruição de Sodoma quando, em outro momento, prepara os discípulos para a missão: Se entrardes nalguma cidade e não vos receberem, saindo pelas suas praças, dizei: “Até o pó que se nos pegou da vossa cidade, sacudimos contra vós; sabei, contudo, que o Reino de Deus está próximo”. Digo-vos: naqueles dias haverá um tratamento menos rigoroso para Sodoma. (Lc 10, 10-12). Muitos autores debatem aquela interpretação da destruição de Sodoma como castigo divino motivado pela homossexualidade. Durante vários séculos circulava essa distorção, a ponto de atribuir aos homossexuais o “nome” de “sodomitas”. Pensando bem, é justamente o contrário o que acontece. O pecado de Sodoma continua sendo cometido, exatamente, contra os homossexuais e tantos outros seres humanos que estão sendo rejeitados, desprezados e humilhados. Voltando ao episódio com João e Tiago, notamos uma diferença. É Jesus que anuncia novas todas as coisas. Como se dissesse: “Muito bem, meus discípulos. Vejo que vocês fizeram o trabalho de casa: conhecem as Escrituras. Mas precisam aprender uma lição. O tempo de reagir com violência, por qualquer motivo que seja, acabou”. Lucas descreve isso assim: Jesus voltou-se e repreendeu-os severamente. “Não sabeis de que espírito sois animados. O Filho do homem não veio para perder as vidas dos homens, mas para salvá-las”. (Lc 9, 55-56). Quem sabe, João e Tiago, lembraram-se de um trecho do Salmo 76(77), 11: Eu confesso que esta é a minha dor: “A mão de Deus não é a mesma: está mudada!”. Ou, então, viram-se, de repente, na figura de Jonas, frustrado pelo fato de Deus não ter destruído a cidade de Nínive (leia o capítulo 5 do Livro de Jonas).
4) Finalmente, uma imagem de João que deve ficar gravada no nosso coração. Diz uma tradição que João, já idoso, andava no meio dos cristãos e repetia sem parar: “Filhinhos, amai-vos uns aos outros!”.
ORAÇÃO
Vamos pedir ao Senhor que nos ensine a interpretar corretamente a Bíblia e, também, que nos ajude a reagir de acordo com a sua vontade em todas as situações da vida. Mas, antes de tudo, precisamos louvar ao Senhor. A inspiração será o texto escrito por João (Ap 4, 11. 5, 9):
Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em nos ter enviado ao mundo o seu Filho único, para que vivamos por ele.
LEITURA/REFLEXÃO
1) 27 de dezembro, o segundo dia da oitava de Natal, a Igreja dedica a São João, Apóstolo e Evangelista. A figura de João é, sem dúvida, simpática. Foi ele o “discípulo predileto” do Senhor, repousou a sua cabeça no peito do Mestre durante a Última Ceia, permaneceu ao pé da cruz junto com Maria, enquanto os outros preferiram salvar a própria pele. Foi ele que correu ao túmulo vazio de Jesus e acreditou na sua ressurreição. Finalmente, o único que não teve a morte violenta no martírio, foi agraciado com as visões da Jerusalém celeste e dos horrores (e da glória) do fim dos tempos. O Papa Bento XVI dedicou a ele, em 2006, três catequeses, no ciclo dedicado aos Apóstolos (confira: [1], [2], [3]). Aqui, neste blog, o discípulo amado já teve um destaque, no trecho do livro de Anselm Grün "Lutar e amar - Como os homens encontram a si mesmos" (aqui), em um surpreendente contexto homoerótico.
2) Os evangelistas trazem, entretanto, mais alguns pormenores sobre João. Dois episódios tornam a imagem deste homem mais humana, sem diminuir os seus méritos e ofuscar a sua simpatia. Um deles é o pedido, dirigido ao Mestre e feito, junto com o irmão Tiago, com o auxílio da mãe de ambos (cf.: Mt 20, 20-28; Mc 10, 35-45; Lc 22, 24-30). Certamente sem ter compreendido o sentido da missão de Jesus e a dimensão do seu reino, pediram que os dois pudessem se sentar, um à direita e outro à esquerda do Senhor. Jesus teve paciência (e até tentou explicar algo a eles), mas os "colegas" nem tanto. Todos os discípulos do Mestre revelaram-se... humanos. Esta também é uma mensagem importante para nós. Aliás, é muito interessante ler o Evangelho a partir deste princípio. Vamos encontrar pessoas humanas, normais, limitadas, mesmo assim, sempre amadas e acompanhadas por Jesus. Como seria mais serena a nossa vida, se todos admitissem que nem os apóstolos, nem os cristãos (de todas as gerações e de todos os “níveis”) são anjos, mas sim, seres humanos. Viva a humildade!
3) O outro episódio com João (de novo acompanhado pelo irmão), merece um pouco mais de atenção. O Evangelista Lucas (em Lc 9, 51-56) conta que quando Jesus resolveu dirigir-se a Jerusalém, enviou antes alguns mensageiros, para prepararem as localidades pelo caminho para a sua passagem. Surgiu logo um obstáculo: os habitantes de uma aldeia, samaritanos, não quiseram receber Jesus. Vendo isso, Tiago e João (apelidados “Boanerges”, Filhos do Trovão; cf. Mc 3, 17) disseram: “Senhor, queres que mandemos que desça fogo do céu e os consuma?”. Com outras palavras: “Mestre, vamos fazer aqui uma pequena Sodoma?”. Eles se lembravam bem o que tinha acontecido com aquela grande cidade (veja Gn 20, 1-29). E tudo isso por causa da falta de hospitalidade, exatamente como neste caso da aldeia samaritana. Jesus confirma esta motivação da destruição de Sodoma quando, em outro momento, prepara os discípulos para a missão: Se entrardes nalguma cidade e não vos receberem, saindo pelas suas praças, dizei: “Até o pó que se nos pegou da vossa cidade, sacudimos contra vós; sabei, contudo, que o Reino de Deus está próximo”. Digo-vos: naqueles dias haverá um tratamento menos rigoroso para Sodoma. (Lc 10, 10-12). Muitos autores debatem aquela interpretação da destruição de Sodoma como castigo divino motivado pela homossexualidade. Durante vários séculos circulava essa distorção, a ponto de atribuir aos homossexuais o “nome” de “sodomitas”. Pensando bem, é justamente o contrário o que acontece. O pecado de Sodoma continua sendo cometido, exatamente, contra os homossexuais e tantos outros seres humanos que estão sendo rejeitados, desprezados e humilhados. Voltando ao episódio com João e Tiago, notamos uma diferença. É Jesus que anuncia novas todas as coisas. Como se dissesse: “Muito bem, meus discípulos. Vejo que vocês fizeram o trabalho de casa: conhecem as Escrituras. Mas precisam aprender uma lição. O tempo de reagir com violência, por qualquer motivo que seja, acabou”. Lucas descreve isso assim: Jesus voltou-se e repreendeu-os severamente. “Não sabeis de que espírito sois animados. O Filho do homem não veio para perder as vidas dos homens, mas para salvá-las”. (Lc 9, 55-56). Quem sabe, João e Tiago, lembraram-se de um trecho do Salmo 76(77), 11: Eu confesso que esta é a minha dor: “A mão de Deus não é a mesma: está mudada!”. Ou, então, viram-se, de repente, na figura de Jonas, frustrado pelo fato de Deus não ter destruído a cidade de Nínive (leia o capítulo 5 do Livro de Jonas).
4) Finalmente, uma imagem de João que deve ficar gravada no nosso coração. Diz uma tradição que João, já idoso, andava no meio dos cristãos e repetia sem parar: “Filhinhos, amai-vos uns aos outros!”.
ORAÇÃO
Vamos pedir ao Senhor que nos ensine a interpretar corretamente a Bíblia e, também, que nos ajude a reagir de acordo com a sua vontade em todas as situações da vida. Mas, antes de tudo, precisamos louvar ao Senhor. A inspiração será o texto escrito por João (Ap 4, 11. 5, 9):
Vós sois digno, Senhor nosso Deus,
de receber honra, glória e poder!
Porque todas as coisas criastes,
é por vossa vontade que existem
e subsistem porque vós mandais.
Vós sois digno, Senhor nosso Deus,
de o livro nas mãos receber
e de abrir suas folhas lacradas!
Porque fostes por nós imolado;
para Deus nos remiu vosso sangue
dentre todas as tribos e línguas,
dentre os povos da terra e nações.
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