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Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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26 de dezembro de 2010

Oitava de Natal (1° dia)


A FAMÍLIA

TEXTO BÍBLICO: (Col 3, 13-15)
Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, toda vez que tiverdes queixa contra outrem. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai também vós. Mas, acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição. Triunfe em vossos corações a paz de Cristo, para a qual fostes chamados a fim de formar um único corpo. E sede agradecidos.
LEITURA/REFLEXÃO
1)
No domingo dentro da oitava de Natal a Igreja celebra a solenidade da Sagrada Família: Jesus, Maria e José. Neste ano é o dia seguinte depois do Natal. A doutrina católica dedica bastante tempo e espaço ao assunto de família. Basta lembrar a Exortação Apostólica de João Paulo II “Familiaris consortio” (1981), as mensagens para os encontros mundiais das famílias e tantos outros textos. O valor e a importância da família são inquestionáveis. Entretanto, os documentos da Igreja, o que é compreensível, falam geralmente de um ideal de família. É claro, abordam os problemas familiares também, mas sempre com referência ao “projeto de Deus”. Eu acredito que cada família seja um projeto de Deus e um projeto muito singular. Quem sabe, um dia, vamos receber algum texto, assinado pelo Papa, ou por alguma Congregação da Santa Sé, que ajude às famílias a lidar, com claro e delicado amor, com os seus membros homossexuais (em geral, embora não exclusivamente, trata-se de filhos). E espero que não se pareça esse texto com as declarações da Sagrada Congregação para a Educação Católica (de 1974): “Para que se possa falar de pessoa amadurecida, o instinto sexual deve superar duas formas típicas de imaturidade: o narcismo e a homossexualidade, e conseguir a heterossexualidade”. Obviamente, é esse tipo de pensamento que deve ser superado e não a homossexualidade.
2) Seria impossível citar aqui todos os testemunhos, tanto dos pais, quanto dos filhos, sobre o “impacto de revelação” (ou descoberta) da homossexualidade de um(a) adolescente ou jovem membro de família. Costuma ser chocante, também, a “saída do armário” de um pai ou uma mãe de família. Por isso, acredito, é de suma importância, o zelo em construir um relacionamento familiar muito sincero, carinhoso, aberto ao diálogo e ao conhecimento mútuo. É como um “pano de fundo” para eventual declaração do tipo: “pai, mãe, sou gay”. De fato, não é a própria declaração, ou melhor, a própria verdade revelada, que causa o choque maior. É o coração duro e fechado, frieza no relacionamento, falta de diálogo, arrogância e ignorância. Por isso é ótimo que a Igreja procura tanto cuidar de casais, mesmo antes de iniciarem a vida em comum. O celebrante, no casamento, pergunta aos noivos se estão dispostos a receber e educar os filhos que Deus lhes confiar e espera um “sim” que dure por todo o resto da vida deles. Em cada “curso de noivos” deveria ser mencionada a probabilidade de “filhos que Deus lhes confiar”: deficientes física ou mentalmente (quanto preconceito ainda existe em relação a estes filhos) e – por que não? – diferentes sexualmente (ou melhor: em sua sexualidade). Aquela expressão “receber e educar” deve ser, com certeza, entendida como: “vocês estão dispostos a AMAR os filhos que Deus lhes confiar?”.
3) Kimeron Hardin, professor de anestesia, psiquiatria e psicologia em São Francisco, é o autor do livro “Auto-estima para homossexuais. Um guia para o amor próprio” (Edições GLS Summus, São Paulo, 2000). Entre diversos assuntos, fala, evidentemente, sobre a família: Muito da linguagem nas mensagens que você envia a si mesmo vem de comunicação que aprendeu no início de sua vida familiar. Você pode chegar a ouvir essas mensagens repetidas na voz da pessoa que as enviou quando você era criança. É importante reconhecer as várias formas de comunicação que a sua família usava para que você se torne capaz de enxergar como pode ainda estar se comunicando consigo mesmo e com os outros. (p. 44-45) O fato de a sua família acreditar em alguma coisa a seu respeito não faz disso uma verdade. O fato de eles terem lhe ensinado o que sabiam não significa que o que eles lhe ensinaram seja útil para você. De fato, em muitos casos, o que eles aprenderam como heterossexuais a respeito de gays e lésbicas ou a respeito de sexualidade de uma maneira geral pode ser bem doentio e nocivo para você. (p. 53-54)
ORAÇÃO
Rezemos por todas as famílias e, especialmente, por aquelas que têm, entre seus membros, os homossexuais. (Sl 88[89], 2-3. 6-7. 15-16):

Cantarei, eternamente, as bondades do Senhor;
minha boca publicará sua fidelidade de geração em geração.
Com efeito, vós dissestes:
A bondade é um edifício eterno.
Vossa fidelidade firmastes no céu.
Senhor, os céus celebram as vossas maravilhosas obras,
e na assembléia dos anjos a vossas fidelidade.
Quem poderá, nas nuvens, igualar-se a Deus?
Quem é semelhante ao Senhor entre os filhos de Deus?
A justiça e o direito são o fundamento de vosso trono,
a bondade e a fidelidade vos precedem.
Feliz o povo que vos sabe louvar:
caminha na luz de vossa face, Senhor.

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