ESTE BLOG NÃO POSSUI CONTEÚDO PORNOGRÁFICO

Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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20 de dezembro de 2010

NOVENA DE NATAL (7° dia)


OS PASTORES

TEXTO BÍBLICO: Lc 2, 8-11. 15-16Havia naquela região pastores que passavam a noite nos campos, tomando conta do rebanho. Um anjo do Senhor lhes apareceu, e a glória do Senhor os envolveu de luz. Os pastores ficaram com muito medo. O anjo então lhes disse: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor! (...) Quando os anjos se afastaram deles, para o céu, os pastores disseram uns aos outros: “Vamos a Belém, para ver a realização desta palavra que o Senhor nos deu a conhecer”. Foram, pois, às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura.
LEITURA/REFLEXÃO1) Estamos, sem dúvida, diante dos privilegiados daquela hora: os pastores. O anjo não foi avisar nem ao rabino da cidade de Belém, nem às locais autoridades civis. Será porque Deus já conhecia a dureza de coração daquela elite religioso-social, ou porque a figura de um pastor foi sempre muito querida para o Altíssimo? Não são raras as vezes, em que Ele próprio se revela como pastor que as suas ovelhas conduz e guia (cf. Sl 23), apascenta seu rebanho, reúne os dispersos, carrega os cordeiros nas dobras de seu manto e conduz lentamente as ovelhas que amamentam (cf. Is 40, 11); inquieta-se por causa de seu rebanho, apascenta suas ovelhas em boas pastagens, procura a ovelha perdida e reconduz a desgarrada, cura a ovelha ferida e restabelece a doente, vela sobre a que estiver gorda e vigorosa (cf. Ez 34, 11-16). Finalmente, afirma em Jesus: Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância. Conheço as minhas ovelhas e elas conhecem a mim. Dou a minha vida pelas minhas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco. Preciso conduzi-las também, e ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor (cf. Jo 10, 11-16).
2) A Igreja sempre procurou viver o ideal do bom pastor. Esta é a sua missão e toda a razão de sua existência. É a sua identidade. Guiada pelo Espírito Santo, ao longo da história e pelos caminhos da humanidade, a Igreja compreendeu que tudo que ela própria faz, requer uma dimensão pastoral. Com o tempo, a palavra pastoral, entrou no vocabulário eclesial e tornou-se o sinônimo de toda ação e de todo projeto. Já em nossos tempos (com o impulso do Concílio Vaticano II), multiplicaram-se as pastorais específicas (que podemos comparar, por exemplo, com os ministérios de um governo do estado). As pastorais vão amadurecendo e ganhando estruturas próprias e, também, surgem outras, de acordo com as novas circunstâncias que o mundo apresenta. Não deve ser surpresa alguma, no contexto desta novena e deste blog, que vou refletir hoje sobre a pastoral dos (ou para com os) homossexuais. Não é uma ideia nova nem minha, pois já existe, ainda que um pouco timidamente.
3) Antes de falar sobre alguns trabalhos concretos, realizados e, de certa forma, reconhecidos, quero voltar à declaração oficial da Igreja, apresentada no Catecismo da Igreja Católica (n° 2358 e 1359): Um número não negligenciável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente enraizadas. Esta inclinação objetivamente desordenada constitui, para a maioria, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizr a vontade de Deus em sua vida e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar por causa de sua condição. As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes de autodomínio, educadoras da liberdade interior, às vezes pelo apoio de uma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem se aproximar, gradual e resolutamente, da perfeição cristã.
Em breve, vamos analisar a "Carta aos bispos da Igreja Católica sobre o atendimento pastoral das pessoas homossexuais" (Congregação para a Doutrina da Fé, 1986). Leia na íntegra aqui.
4) Em 1998 foi lançado o livro de um sacerdote católico, doutor em teologia e filosofia, o Padre José Trasferetti, “Pastoral com Homossexuais: Retratos de uma experiência” (Editora Vozes, Petrópolis, RJ). Sobre esta obra leia um artigo aqui. O padre fala sobre a sua experiência, também, numa entrevista, concedida à revista ISTOÉ em 1997 (veja aqui o texto na íntegra) : Conheço artigos de alguns teólogos, mas não tenho ciência de nenhuma outra paróquia que faça um trabalho voltado para esse segmento da população. Defendo a criação de uma pastoral do homossexual justamente para poder ampliar e enriquecer essa experiência. É importante dizer que não estamos falando do homossexual que vai para Miami. Me refiro sempre aos pobres, que não têm acolhida em nenhum outro lugar. Um sem-terra, por exemplo, é excluído, mas participa da sociedade. Os gays não. Principalmente os travestis. (...) No começo houve muita preocupação. Muitos tinham dificuldades para entender esse comportamento e vieram perguntar se a igreja não ficaria cheia de homossexuais, se era certo um gay entrar na igreja. Outros me trataram com deboche, chegavam a dizer: "Lá vem o padre das bichas." Mas não tardaram a aceitar, até porque minha paróquia abriga muitos familiares desses homossexuais.
5) Sem dúvida, a pastoral com (ou para) homossexuais é necessária. É urgente. Mas, ao mesmo tempo, precisa de muita sabedoria e delicadeza, também em seus métodos. As dificuldades surgem não só por parte dos “demais paroquianos”, ainda muito preconceituosos, mas também e não menos, no meio dos próprios homossexuais. É como um choque de dois mundos opostos, pelo menos assim parece. Na minha opinião, deve ser realizado um “trabalho de formiguinha”, bem discreto, mas destemido (nada de timidez ou medo!). Creio que a dinâmica das CEB-s (Comunidade Eclesiais de Base), também conhecidos como Círculos Bíblicos ou Grupos de Partilha (de estudo, de reflexão, etc.), seja a melhor de todas. As reuniões podem ser realizadas, inicialmente, nas casas dos participantes. Um dos componentes seria, com certeza, o Grupo de Pais de Homossexuais (já mencionado nesta novena). Haverá padres, teólogos e outros profissionais para fornecerem o material, elaborado para esta finalidade. Se não houver, podem ser utilizados os textos já existentes: livros, artigos, textos publicados na web. Afinal de contas, é a própria Bíblia que é uma fonte, mais que suficiente, para começar um trabalho. Uma Bíblia + a fé + a boa vontade + a coragem = a pastoral de homossexuais. O ideal seria o trabalho com a presença permanente de um padre, diácono ou catequista. Alguém acha impossível? Pois eu não acho.

ORAÇÃO
Provavelmente o mais conhecido entre todos os Salmos (22[23]) servirá hoje como inspiração para louvor e prece. Como de costume, termino com um “Pai nosso” e uma “Ave Maria”.


O Senhor é o pastor que me conduz;
não me falta coisa alguma.
Pelos prados e campinas verdejantes
ele me leva a descansar.
Para as águas refrescantes me encaminha,
e restaura as minhas forças.
Ele me guia no caminho mais seguro,
pela honra do seu nome.
Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso,
nenhum mal eu temerei;
estais comigo com bastão e com cajado;
eles me dão a segurança!
Preparais à minha frente uma mesa,
bem à vista do inimigo,
e com óleo vós ungis minha cabeça;
o meu cálice transborda.
Felicidade e todo bem hão de seguir-me
por toda a minha vida;
e, na casa do Senhor, habitarei
pelos tempos infinitos.

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