ESTE BLOG NÃO POSSUI CONTEÚDO PORNOGRÁFICO

Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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17 de dezembro de 2010

NOVENA DE NATAL (4° dia)

A MÃE
TEXTO BÍBLICO (Lc 2, 6-7a. 19)
Quando estavam ali, chegou o tempo do parto. Ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o em faixas e deitou-o numa manjedoura. (...) Maria, porém, guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração.
LEITURA/REFLEXÃO
1)
Existe um laço muito profundo entre mãe e filho (filha). Algo que se estabelece desde o início da gravidez e perdura por resto da vida. Ser mãe é um carisma que inclui uma misteriosa intuição dela em relação ao(s) filho(s). Por mais que ela, às vezes, não saiba viver ou expressar a sua maternidade, a essência está no amor singular e incomparável. É, justamente, por este amor que, de vez em quando, a mãe toma atitudes e decisões exageradas, erradas, confusas, mas – quem sabe – possamos compreendê-las (ou tolerar, desculpar) em nome deste mesmo amor. Lembro-me bem as minhas conversas com o Deley (na época quando namorávamos) sobre as nossas mães. Chegávamos à conclusão de que elas sabem de nós muito mais do que imaginamos. Talvez tenha sido um otimismo ingênuo da nossa parte, mas lá no fundo do coração tivemos aquela sonhada cena de “revelação” (da nossa identidade gay e/ou do nosso relacionamento), em que elas diziam: “Ah, já sabíamos disso o tempo todo, só estávamos esperando vocês acharem a hora certa para nos contar”. Se, de fato, ainda não aconteceu esta conversa (pelo menos no meu caso), deve ter sido pela falta de oportunidade (eu e a minha mãe moramos em lugares muito distantes) e, também, por falta de coragem da minha parte. Digo: lá no fundo do meu ser acredito de que a minha mãe sabe. E mais: sabe e aceita. Pois bem... conheço a minha mãe.
2) O livro de Betty Fairchild e Nancy Hayward “Agora que você já sabe. O que todo pai e toda mãe deveriam saber sobre a homossexualidade” (Editora Record; Rio de Janeiro, 1996) traz vários depoimentos, tanto de pais e mães, quanto dos filhos e filhas homossexuais, além de relatório sobre o trabalho dos grupos de pais de homossexuais e alguns outros assuntos. Neste quarto dia da novena, ao refletirmos a figura de Maria, transcrevo aqui o fragmento de depoimento de uma das mães (Charlotte Spitzer, de Los Angeles):
Quando a minha filha Robin tinha mais ou menos 21 anos de idade ela me contou que era lésbica. A notícia me atingiu como uma tijolada. Eu fiquei arrasada. Como é que eu pude fazer uma coisa dessas com a minha filhinha? O que foi que eu fiz de errado? Imediatamente comecei a me sentir responsável por seu homossexualismo. Minha reação me surpreendeu bastante, nunca pensei que reagiria de uma maneira tão drástica. (...) Na verdade, eu não havia escapado ao condicionamento preconceituoso da sociedade; eu simplesmente enterrei o preconceito dentro de mim, onde ficou dormindo pronto a vir à tona quando fui “atingida” emocionalmente. (...) Levou algum tempo para que eu reajustasse o meu modo de pensar, para ganhar novas perspectivas e finalmente para perguntar a mim mesma o que é que eu queria para o futuro da minha filha. Quando percebi que o que realmente queria era que ela encontrasse felicidade, amor e realização na vida, percebi que isso não tinha nada a ver com a sua orientação sexual. Foi então que percebi que por fim a havia aceito do jeito que ela era. (p. 71-72).
3) No site do Grupo de Pais de Homossexuais você encontra vários depoimentos comoventes (aqui) de mães e pais que aprendem a lidar com a homossexualidade de seus filhos. Não somente a lidar, mas a amá-los de coração. De fato, um trabalho como este, está trazendo paz e reconciliação a muitas famílias. Aliás, está salvando vidas! Parabéns para a Fundadora deste Grupo, Edith Modesto, um símbolo esplêndido e exemplo de todas as mães que acolhem com amor os seus filhos homossexuais.
ORAÇÃO
Hoje a oração é, em primeiro lugar, de louvor e ação de graças pelas mães, por seu amor. É o cântico de Maria, a Mãe de Jesus – o Magnificat (Lc 1, 46-55). Peçamos, também, por aquelas que ainda não encontraram as forças para aceitar a homossexualidade de seus filhos ou filhas. Pelas mães que não sabem, mas estão prestes a tomar conhecimento desta realidade. Que o Poderoso que faz maravilhas olhe à pequenez de suas servas. No final rezo um “Pai nosso” e uma “Ave Maria”.


A minha alma engrandece ao Senhor
e exulta meu espírito em Deus, meu Salvador;
porque olhou para humildade de sua serva,
doravante as gerações hão de chamar-me de bendita.
O Poderoso fez em mim maravilhas
e Santo é o seu nome!
Seu amor para sempre se estende
sobre aqueles que o temem;
manifestou o poder de seu braço,
dispersou os soberbos;
derrubou os poderosos de seus tronos
e elevou os humildes;
saciou de bens os famintos,
despediu os ricos sem nada.
Acolheu Israel, seu servidor,
fiel ao seu amor,
como havia prometido a nossos pais,
em favor de Abraão e de seus filhos, para sempre.
(Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.)

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