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Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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22 de dezembro de 2010

NOVENA DE NATAL (9° dia)


O AMOR

TEXTO BÍBLICO: Lc 2, 13-14
De repente, juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste cantando a Deus: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e na terra, paz aos que são do seu agrado!”
LEITURA/REFLEXÃO
1)
Quando o amor invade o coração de uma pessoa, parece que todos os anjos cantam “Glória”. Deus que é amor criou-nos à sua imagem e semelhança. Por isso, a nossa existência só se realiza plenamente no amor, ou seja, existimos para amar e para sermos amados. O Papa Bento XVI ao apresentar, em janeiro de 2006, a sua primeira Encíclica “Deus caritas est”, confessou: A palavra «amor» hoje está tão sem brilho, tão remexida e tão abusada, que quase dá medo de pronunciá-la com os próprios lábios. E, no entanto, é uma palavra primordial, expressão da realidade primordial; não podemos simplesmente abandoná-la, temos de retomá-la, purificá-la e dar-lhe novamente seu esplendor originário, para que possa iluminar nossa vida e conduzi-la pelo caminho correto. Esta consciência me levou a escolher o amor como tema de minha primeira encíclica. (leia na íntegra aqui)
2) O Catecismo da Igreja Católica, por sua vez, assim resume o mistério do homem: Por ser à imagem de Deus, o indivíduo humano tem a dignidade de pessoa: ele não é apenas uma coisa, mas alguém. É capaz de conhecer-se, de possuir-se e de doar-se livremente e entrar em comunhão com outras pessoas (n° 357). A expressão “o homem não é apenas uma coisa, mas alguém”, evoca uma belíssima teoria (ou melhor: uma corrente de pensamento), chamada “a ética personalista” (ou “personalismo ético”). É à luz desta linha de pensamento (o “padrão” na doutrina católica), que vamos formular a reflexão de hoje. A ética personalista tem muitos mestres e seguidores (p. ex.: Jacques Maritain, Gabriel Marcel, Max Scheler), entre os quais destaca-se Karol Wojtyla, o Papa João Paulo II. Todos os seus escritos, mesmo os anteriores ao pontificado, possuem os “rastros” desta ética. No livro de Paulo Cesar da Silva “A ética personalista de Karol Wojtyla” (Editora Santuário, Aparecida – SP, 2001), encontramos um resumo deste pensamento. Vou transcrever aqui algumas frases desta obra e quero propor (novamente) a leitura no “contexto existencial” de um homossexual. Acredito, pois, que o uso do termo “pessoa (s)”, apesar de clara e geral conotação heterossexual, permite uma reflexão, também neste ponto de vista, embora um dos princípios do personalismo seja o conceito de “ser humano como varão e mulher” (confira no site wikilingue – aqui).
3) Frases do livro "A ética personalista de Karol Wojtyla" de Paulo Cesar da Silva:
> A pessoa, só amando, possibilita a completa atualização de suas potencialidades. (p. 99)
> A existência humana se afirma na proporção em que o homem existe para os outros, ou numa frase limite: ser é amar. (p. 126)
> A pessoa é o ser que, conforme a própria natureza, tem o amor como referência. O dever e o amor, na pessoa, de certo modo, identificam-se. O homem, que assume a própria dignidade de ser pessoa, responde com o amor. (p. 103)
> A ausência do amor é a causa principal de destruição que começa pela pessoa e, em seguida, chega à comunidade. (p. 127)
> O amor contradiz a si quando nega a responsabilidade pela pessoa, sendo, na verdade, egoísmo com a pretensão de ser chamado de amor. (p. 178)
> A pessoa humana, precisamente porque se distingue ontologicamente das coisas e dos animais, não pode ser objeto de uso. Ela, unicamente, pode ser objeto do amor, o que exclui o uso. O amor é a norma personalista. O uso coisifica a pessoa, frustrando o seu processo de plenificação pessoal. (p. 16)
> Usar a pessoa é exatamente o oposto de amá-la. (p. 132)
> A esfera sexual, de forma particular, cria condições para que a pessoa seja tratada como objeto de uso. (p. 99)
> O impulso sexual é um elemento natural, inato e integrante do ser humano que se expressa pelo agir pessoal. Este impulso se origina, no homem, não de uma iniciativa livre de sua parte, mas é um ocorrer que alicerça, por sua vez, os autênticos atos humanos, refletidos e livres, autodeterminados e responsáveis. (...) A pessoa não se responsabiliza pelo que ocorre nela quanto à esfera sexual porque ela não é a sua autora. (p. 134)
> O amor afetivo gera necessidades e desejos de diversos topos na pessoa, como o de aproximação, de tornarem-se íntimas e de outro ser exclusivo. (p. 163)
> Quando as pessoas se amam verdadeiramente, o pudor é assimilado pelo amor (...), então não mais se envergonham de conviver sexualmente. (p. 200)
> O amor à pessoa é que justifica as várias expressões da ternura. A pessoa humana tem o direito de receber e de expressá-la. (...) A ternura é arte de sentir o homem todo, toda a sua pessoa, todas as vibrações da sua alma, até as mais profundas, pensando sempre no seu verdadeiro bem (p. 212-213)
ORAÇÃO
Neste último dia da novena, às vésperas de Natal, vou louvar a Deus que é amor, pela graça de poder participar de sua divina natureza. Vou pedir por todos aqueles que estão vivendo as maravilhas do amor, por aqueles que o procuram (ou esperam por ele) e, finalmente, por tantos que padecem todas as dores de um amor imperfeito, traído, rompido... e muitas outras situações. Que Menino-Amor, nascido em Belém, traga a todos nós uma nova força de amar e nunca desistir. Como inspiração, leiamos o trecho do Salmo 62(63), 2- 9. No final, rezemos um “Pai nosso” e uma “Ave Maria”.


Sois vós, ó Senhor, o meu Deus!
Desde a aurora ansioso vos busco!
A minh'alma tem sede de vós,
minha carne também vos deseja,
como terra sedenta e sem água!
Venho, assim, contemplar-vos no templo,
para ver vossa glória e poder.
Vosso amor vale mais do que a vida:
e por isso meus lábios vos louvam.
Quero, pois, vos louvar pela vida,
e elevar para vós minhas mãos!
A minh'alma será saciada,
como em grande banquete de festa;
cantará a alegria em meus lábios,
ao cantar para vós meu louvor!
Penso em vós no meu leito, de noite,
nas vigílias suspiro por vós!
Para mim fostes sempre um socorro;
de vossas asas à sombra eu exulto!
Minha alma se agarra em vós;
com poder vossa mão me sustenta.

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