Ouve, ó Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e com toda a tua força! O segundo mandamento é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo! Não existe outro mandamento maior do que estes. (Mc 12, 28b-34) Não teria razão este mandamento (pois, como é que se pode mandar amar alguém?), se não fosse uma consequência do amor de Deus, uma resposta ao amor que Ele tem por cada um de nós. Nós amamos, porque ele nos amou primeiro. (1Jo 4,19) Caríssimos, se Deus nos amou assim, nós também devemos amar-nos uns aos outros. (1Jo 4,11) Neste sentido podemos interpretar as palavras iniciais (Ouve, ó Israel!), como: "Experimente, ó Israel, como Deus, o único Senhor, te ama! Abre os olhos e abre o coração" - isso sim, pode ser exigido, pois depende de nossa vontade. Quanto mais descobrimos o quanto somos amados, maior é a nossa reação que consiste, justamente, em amar a Deus e ao próximo. Em outra passagem, bem parecida com esta, Jesus acrescenta: Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos. (Mt 22, 40) e São Paulo, por sua vez, diz: Não fiqueis devendo nada a ninguém… a não ser o amor que deveis uns aos outros, pois quem ama o próximo cumpre plenamente a Lei. De fato, os mandamentos: “Não cometerás adultério”, “Não matarás”, “Não roubarás”, “Não cobiçarás”, e qualquer outro mandamento, se resumem neste: “Amarás o próximo como a ti mesmo”. O amor não faz nenhum mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento perfeito da Lei. (Rm 13, 8-10) À luz dessas afirmações da Palavra de Deus, compreendemos a mais famosa frase de Santo Agostinho: Ama e faze o que quiseres. É claro que tudo depende da maneira de entendermos a palavra "amar". Recentemente falou sobre isso o pregador da Casa Pontifícia, o Pe. Raniero Cantalamessa: O amor sofre de uma separação nefasta não só na mentalidade do mundo secularizado, mas também, do lado oposto, entre os crentes e, em particular, entre as almas consagradas. Poderíamos formular a situação, simplificando ao máximo, assim: temos no mundo um eros sem ágape; e entre os crentes, temos frequentemente um ágape sem eros. (...) Se o amor mundano é um corpo sem alma, o amor religioso praticado assim é uma alma sem corpo. O ser humano não é um anjo, um espírito puro; é alma e corpo substancialmente unidos: tudo o que ele faz, amar inclusive, tem que refletir essa estrutura. Se o componente humano ligado ao tempo e à corporeidade é sistematicamente negado ou reprimido, a saída será dúplice: ou seguir adiante aos arrastos, por senso de dever, por defesa da própria imagem, ou ir atrás de compensações mais ou menos lícitas, chegando até os dolorosíssimos casos que estão afligindo atualmente a Igreja. No fundo de muitos desvios morais de almas consagradas, não é possível ignorá-lo: há uma concepção distorcida e retorcida do amor. (Leia na íntegra aqui)
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