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Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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9 de abril de 2011

Ignorância e arrogância

Na linguagem popular, o termo "ignorância", equivale à arrogância, embora o seu significado original não seja exatamente o mesmo. O Dicionário do Aurélio traz a seguinte definição: inorância - Falta geral de conhecimento, de saber, de instrução. / Estado de quem ignora. / Falta de conhecimento de um objeto determinado: ignorância da lei. / Imperícia, incompetência. Por sua vez, a arrogância, (segundo a mesma fonte) é: Atitude altaneira; altivez; orgulho; insolência. Frequentemente podemos ouvir a declaração de alguém que pretende "partir para a ignorância", quer dizer, tornar-se agressivo, brigar. Por exemplo: "Não me conformei e parti pra ignorância." Sem dúvida, ambas: a ignorância e a arrogância, podem tornar-se vizinhas e cúmplices, alimentando-se mutuamente. Acho difícil dizer qual delas aparece primeiro. Pode acontecer que, por arrogância, alguém permaneça na ignorância. Igualmente, por ignorar a verdade, alguém torna-se arrogante. É o exemplo do Evangelho de hoje (Jo 7,40-53). Apesar de todos os milagres realizados por Jesus e de toda admiração do povo, neste caso, também dos guardas do templo, as autoridades judaicas permanecem arrogantes. “Também vós vos dei­xastes enganar? Por acaso algum dos chefes ou dos fariseus acreditou nele? Mas esta gente que não conhece a Lei, é maldita!” (vv. 47-49). E argumentam: Porventura o Messias virá da Galileia? Não diz a Escritura que o Messias será da descendência de Davi e virá de Belém, povoado de onde era Davi?” (vv. 41-42) Respondem a Nicodemos que apelava à lógica e ao bom senso: Vai estudar e verás que da Galileia não surge profeta. (v. 52) Quem, de fato, precisava de estudar, eram eles: os fariseus e os sacerdotes do templo. Faltou-lhes, no entanto, a humildade de Sócrates que dizia: "Só sei que nada sei". Outro grande filósofo, Platão, afirmava que a ignorância pode ser tão profunda que não a percebemos ou a sentimos, isto é, não sabemos que não sabemos, não sabemos que ignoramos (leia uma matéria interessante sobre este assunto no blog "Templário Lusitano" - aqui). É o caso daqueles religiosos de Jerusalém. É o caso, também, de todos aqueles que tomam atitudes arrogantes e agressivas, em relação a homossexuais. Cito aqui um texto, reproduzido por muitos autores, portanto sem a definição exata de sua origem. Tenho a impressão que a história complementa bem a reflexão de hoje. O comandante das tropas de ocupação disse ao prefeito de um povoado: "Temos certeza de que você está escondendo um traidor em seu povoado. A menos que você o entregue, nós vamos exterminar todo o seu povo. O povoado estava, mesmo, escondendo um homem que parecia bom e inocente e que era amado por todos. Mas, o que poderia fazer o prefeito, agora que o bem-estar do povoado todo estava sendo ameaçado? O conselho do povoado passou horas discutindo o assunto, mas não chegou a conclusão alguma. Então, o prefeito levou o assunto ao conhecimento do padre. Ambos passaram a noite toda consultando as Escrituras e, por fim, chegaram a uma solução. Havia um texto que dizia: "Não percebeis que é melhor um só morrer pelo povo do que perecer a nação inteira?" (Jo 11,50) Assim o prefeito entregou o homem inocente às forças de ocupação. O homem foi cruelmente torturado, seus gritos podiam ser ouvidos em todo o povoado. Finalmente ele foi morto. Algum tempo mais tarde passou pelo povoado um profeta que foi até o prefeito e lhe disse: "O que você fez? Aquele homem tinha sido escolhido por Deus para ser o salvador deste país. E você o entregou para ser torturado e morto!" - "O que podia eu fazer?" - contestou o prefeito. - "O padre e eu procuramos nas Escrituras e agimos de acordo com elas". "Esse foi o seu erro" - disse o profeta. - "Você procurou nas Escrituras, mas devia ter procurado dentro dos olhos dele".

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