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Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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18 de abril de 2011

Via Sacra [7]

VII Estação: Jesus cai pela segunda vez

"O sol do meio-dia estava forte e o suor pingava do rosto e do corpo de Jesus. O forte calor do sol e o peso da barra da cruz em Seus ombros irritados, considerando a condição em que Ele se encontrava, causaram intensa fraqueza e tontura, fazendo com que Ele tropeçasse, se desequilibrasse e caisse. As Estações da Cruz (indicadas por São Francisco de Assis) mostram Jesus caindo três vezes. Mas essa suposição não é compatível com Seu estado clínico, porque, considerando-se Sua condição física, há poucas dúvidas de que Ele tenha caído inúmeras vezes antes de chegar ao Calvário. (...) Ele tinha cada vez mais dificuldade para se erguer cada vez que ia ao chão, na tentativa de suportar o peso da cruz." (Frederick T. Zugibe, "A crucificação de Jesus. As conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal"; Ed. Idéia&Ação; São Paulo, 2008; p. 66) Repito aqui o meu pensamento, apresentado na meditação da III Estação: a maioria dos textos devocionais, associa as quedas de Jesus ao pecado, mais ou menos da seguinte maneira: "Cristo cai de novo por terra. São os pecados horríveis que o oprimem. Tão depresa acostumo-me a praticar o mal." Eu não pretendo fugir deste assunto, mas acredito que haja muito mais significado no verbo "cair" e que Jesus, derrubado no chão, deseja unir-se com cada ser humano, em todo tipo de queda. Na ocasião da III Estação (aqui), refleti sobre a experiência de "cair em si" que, em muitos casos, pode ter sido algo muito doloroso (exemplo: as pessoas que se surpreendem com a descoberta de sua homossexualidade). Continuando, de certo modo, aquela meditação, proponho agora o fenômeno de "cair em depressão". Muitos autores afirmam que entre os grupos mais propensos a sofrer depressão, o grupo homossexual destaca-se de modo acentuado. (...) Alguns cientistas têm sustentado uma vinculação genética entre a homossexualidade e a depressão (uma proposta [...] não apenas perturbadora como também insustentável). Outros sugeriram que as pessoas cuja sexualidade não pressupõe filhos podem confrontar mortalidade mais cedo do que a maioria dos heterossexuais. Diversas outras teorias têm circulado, mas a explicação mais óbvia para as altas taxas de depressão gay é a homofobia. Os gays são mais vulneráveis a serem rejeitados por suas famílias do que as pessoas em geral. São mais propensos a problemas de ajuste social. Devido a tais problemas, são mais vulneráveis a abandonar a escola. Eles têm uma taxa mais elevada de doenças sexualmente transmitidas. Têm menos probabilidade de formar relações estáveis em sua vida adulta. É menos provável que tenham guardiões quando idosos. São mais vulneráveis a serem infectados pelo HIV; e mesmo os que não são soropositivos, quando ficam deprimidos são mais vulneráveis à prática de sexo inseguro e a contrair o vírus, o que, por sua vez, exacerba a depressão. E, acima de tudo, têm uma maior probabilidade de viver furtivamente e ter passado por intensa segregação em consequência disso. (Andrew Solomon; “O demônio do meio-dia”; Ed. Objetiva; Rio de Janeiro, 2010; pp. 305-306)
Em vez de reduzir a riquíssima simbologia das quedas de Jesus durante a Via Sacra a questões morais ou legais ("pecado"), prefiro abrir os meus olhos a tantas outras realidades e expressar a solidariedade aos irmãos que caíram ao fundo do poço de solidão, tristeza e desânimo.

ORAÇÃO

Senhor Jesus! Vejo-Te prostrado, outra vez, no caminho. Creio que cada instante de Tua passagem por este mundo, tem o profundo sentido. Também estas quedas. Ampara, com o poder do Teu amor, todo aquele que caiu em depressão. Olha, de maneira especial, àqueles que, não recebem apoio algum, em sua dolorosa experiência de homossexualidade incompreendida e perseguida.

Nós Te adoramos e Te bendizemos, ó Cristo,
porque com tua Santa Cruz remiste o mundo.

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