Um dos momentos anteriores vem na mente neste silencioso momento, em que o corpo de Jesus sem vida é descido da cruz. É o grito cruel dos religiosos, reunidos ao pé da cruz: Zombavam de Jesus os sumos sacerdotes, junto com os escribas e os anciãos, dizendo: “A outros salvou, a si mesmo não pode salvar! É Rei de Israel: desça agora da cruz, e acreditaremos nele. Confiou em Deus; que o livre agora, se é que o ama! Pois ele disse: ‘Eu sou Filho de Deus’”. (Mt 27, 41-43) Também os que passavam por ali o insultavam, balançando a cabeça e dizendo: “Tu que destróis o templo e o reconstróis em três dias, salva-te a ti mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz!” (Mt 27, 39-40) Jesus tinha o poder de descer da cruz, assim como de se defender para não ser crucificado. Mas permaneceu fiel, no seu amor divino e humano, até o fim. Esta XIII Estação é, portanto, a revelação da fidelidade de Jesus. Como se Ele quisesse dizer: “Eu sou o que sou. Eu sou assim. Nada e ninguém vai tirar isso de mim. Foi para isso que eu vim”. No contexto de nossas reflexões sobre a homossexualidade, à luz da Paixão de Cristo, chegamos à questão de fidelidade à própria identidade. Embora haja, recentemente, um avanço de aceitação da homossexualidade, como algo inseparável da natureza humana e, portanto, uma clara oposição (apoiada pela lei, em alguns casos), diante das tentativas de “tratamentos” ou “terapias” para “curar” alguém desse “vício”, infelizmente existem ainda muitos que acreditam no êxito de tal procedimento. A profunda ignorância de tanta gente proclama a urgência de que o “gay vire homem”. Sinceramente, é o mesmo grito daqueles que zombavam de Jesus e exigiam que descesse da cruz. Ele não desceu, mas foi descido, somente depois de sua morte. Eu posso dizer que vou deixar de ser homossexual, só na hora da minha morte. Embora não tenha tanta certeza, pois o próprio Jesus disse sobre a vida além da morte: Quando ressuscitarem dos mortos, os homens e as mulheres não se casarão; serão como anjos no céu. (Mc 12,25). Essas palavras do Senhor parecem sugerir que a definição da sexualidade, ou pelo menos o casamento, é a coisa passageira e limitada apenas para esta vida (ou este mundo). Na eternidade não será assim. São Paulo, por sua vez, afirma: O amor jamais acabará. (...) Atualmente permanecem estas três: a fé, a esperança, o amor. Mas a maior delas é o amor. (1Cor 13, 8a. 13) Na eternidade, não teremos mais necessidade de fé e de esperança. Viveremos a plenitude de amor. Será que a orientação deste amor continuará, ou haverá uma transformação? Isso só vamos saber quando chegarmos lá. Como está escrito, “o que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram, nem os ouvidos ouviram, nem coração algum jamais pressentiu”. (1Cor 2, 9)
ORAÇÃO
Senhor Jesus! A Tua fidelidade até o fim inspira a minha fidelidade. Creio que sou assim, porque o Criador me fez deste jeito. Tu disseste: Não se vendem dois pardais por uma moedinha? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do vosso Pai. (Mt 10, 29) Pois é! Nada acontece sem o consentimento do Pai do céu. É com este consentimento do Pai, que eu sou homossexual. Embora muitos gritem, para que eu deixasse de ser o que sou, o Teu exemplo de permanecer na cruz até o fim, consola-me e fortalece. Obrigado, Jesus!
Nós Te adoramos e Te bendizemos, ó Cristo,
porque com tua Santa Cruz remiste o mundo.
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