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Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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26 de abril de 2011

Maria Madalena


Maria voltou-se para trás
e viu Jesus, de pé.
Mas não sabia que era Jesus,
(...)
pensando que era o jardineiro...
(cf. Jo 20, 15-16)
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O tempo pascal relembra alguns personagens do Evangelho, cuja imagem, ao longo dos séculos, sofreu graves deturpações. Entre eles está Maria Madalena, retratada hoje no seu encontro com Jesus Ressuscitado (Jo 20, 11-18). O outro é o Apóstolo Tomé, a quem pretendo dedicar uma das próximas reflexões. Confesso que nunca encontrei um devoto destes dois santos, mesmo entre católicos mais piedosos. Que pena...
Deixando de lado a história que ganhou recentemente o espaço na literatura e no cinema (graças à obra de Dan Brown, "O código da Vinci"), ao contar sobre o caso de amor entre o próprio Jesus e Maria Madalena, vou apontar um equívoco mais antigo e "consgrado" na memória coletiva do povo. Alguns estudiosos dizem que foi São Gregório Magno, Papa e Doutor da Igreja (+604), quem divulgou a errônea identificação de Maria Madalena com outras mulheres do Evangelho: a mulher pecadora que, na Galileia, em casa de Simão, o fariseu, ungiu os pés de Jesus com as suas lágrimas, enxugou-os com os seus cabelos, beijou-os e os ungiu com o perfume (Lc 7, 36-50), Maria, irmã de Lázaro e a mulher que, em Betânia, ungiu com perfume a cabeça de Jesus (Jo 12, 1-11). Os poucos dados que nos oferecem os evangelhos são estes: Lc 8, 2 informa-nos que entre as mulheres que seguiam Jesus e o assistiam com os seus bens estava Maria Madalena, quer dizer, uma mulher chamada Maria, que era oriunda de Magdala (ou Migdal Nunayah, em grego Tariquea), uma pequena povoação junto ao lago da Galileia, situada ao norte de Tiberíades. Dela Jesus tinha expulsado sete demônios (Lc 8, 2; Mc 16, 9), que é o mesmo que dizer “todos os demônios”. A expressão pode entender-se como uma possessão diabólica, mas também como uma enfermidade do corpo ou do espírito. Alguns autores associam esta expressão aos sete pecados capitais. Pode ter sido, justamente, essa descrição que levou a imaginação de Gregório Magno e de outros padres da Igreja (e com eles, todo o resto do povo), a associarem Maria Madalena à mulher adúltera. Pode parecer estranho, mas nós adoramos apontar os pecados dos outros, ainda que imaginários. O pregador da Casa Pontifícia, Pe. Raniero Cantalamessa, diz: É lamentável que, por causa da identificação incorrecta com a mulher pecadora que lava os pés de Jesus (Lc 7, 37), Maria Madalena tenha acabado por alimentar infinitas lendas antigas e modernas e tenha entrado no culto e na arte quase somente como "penitente", e não como a primeira testemunha da ressurreição, "apóstola dos apóstolos", como a define S. Tomás de Aquino. (leia a pregação do Padre Cantalemessa aqui)
Maria Madalena pode ser padroeira de todos os injustiçados, inclusive os homossexuais. Da mesma maneira que se atribui a ela a promiscuidade e todo tipo de outros delitos, enquanto é uma mulher escolhida e amada por Jesus, também os homossexuais (e outros discriminados), identificados como monstros, cheios de perversidade, têm sido relamente acolhidos e amados pelo Senhor e enviados em missão. Para que possamos experimentar isso, apesar de todas as opiniões contrárias, precisamos de algo muito especial: o encontro pessoal com Jesus Ressuscitado. Fala sobre isso o Papa Bento XVI: O que dizer de Maria Madalena? Chorando, permanece ao lado do túmulo vazio, unicamente com o desejo de saber para onde levaram o seu Mestre. Reencontra-o e reconhece-o quando Ele a chama pelo nome (cf. Jo 20, 11-18). Também nós, se procurarmos o Senhor com espírito simples e sincero, o encontraremos, aliás, será Ele mesmo que virá ao nosso encontro; far-se-á reconhecer, chamar-nos-á pelo nome, isto é, far-nos-á entrar na intimidade do seu amor. (Audiência de 11. 04. 2007; o texto na íntegra: aqui)

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