Eram na verdade os nossos sofrimentos que ele carregava, eram as nossas dores, que levava às costas. E a gente achava que ele era um castigado, alguém por Deus ferido e massacrado. Mas estava sendo traspassado por causa de nossas rebeldias, estava sendo esmagado por nossos pecados. O castigo que teríamos pagar caiu sobre ele, com os seus ferimentos veio a cura para nós. (Is 53, 4-5) Todo o sofrimento de Jesus - e não somente as suas quedas no caminho ao Calvário, como sugerem alguns - foi a consequência dos pecados de cada ser humano. Ao contemplarmos a Paixão de Cristo, desperta-se em nós o arrependimento de nossas fraquezas, precedido pelo exame de consciência. Estes dois atos (o exame de consciência e o arrependimento) e mais outros três (o propósito de emenda, a própria confissão perante o sacerdote e a penitência, cumprida posteriormente), formam o conjunto das condições de uma boa confissão. Entre estes elementos da reconciliação sacramental, o exame de consciência parece representar a maior dificuldade. Muitas vezes temos dúvidas, tanto em questão o que é e o que não é um pecado, bem como em relação ao "tamanho" (a gravidade) de cada pecado. Lembro-me da conversa com um pastor evangélico que afirmava ter sido a "adoração das imagens", o mais grave de todos os pecados. Não adiantava explicar de que nós, os católicos, não adoramos, mas veneramos as imagens, ao homenagearmos as pessoas representadas nelas (Jesus, Maria, os Santos, etc.). Naquele conversa não recorri aos argumentos bíblicos ou teológicos, mas à lógica. Jesus disse no Evangelho: Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento! Esse é o maior e o primeiro mandamento. Ora, o segundo lhe é semelhante: Amarás teu próximo como a ti mesmo. Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos. (Mt 22, 37-40). Logicamente, o maior pecado, será a falta de amor a Deus e ao próximo. O resto depende destes dois mandamentos. Em vários ambientes católicos (comunidades, movimentos, grupos de espiritualidade, etc.), existe uma obsessão relacionada aos "pecados contra castidade", tidos evidentemente, como as mais graves (vejam aqui a semelhança com a neurose de alguns grupos evangélicos, em relação às imagens católicas). Anselm Grün, monge beneditino e escritor, fez uma interessante observação: Projetamos sobre os outros o demônio que habita o nosso coração, endemoniniando-os, acusando-os de serem pouco ortodoxos ou cristãos sem muita convicção. (...) Os defeitos que se apontam nos outros são sempre os próprios defeitos. ("O ser fragmentado: da cisão à integração"; Ed. Idéias & Letras; Aparecida, SP, 2004; p. 71). A clássica (e histórica) obsessão da Igreja, em relação à sexualidade (ou: sexualidades), parece revelar a sombra interior, da mesma espécie, presente (mas não admitida) nos próprios líderes e membros desta instituição. E, muitas vezes, comete-se o maior pecado - a falta de amor - ao investir na "caça das bruxas", na área da(s) sexualidade(s).
Senhor Jesus! Sofreste por causa dos nossos pecados. Perdoa-nos, por favor! Dá-nos a luz interior, para reconhecermos tudo aquilo que nos afasta de Ti. Dá-nos o dom de um verdadeiro e profundo arrependimento. Não nos deixes cair em tentação e livra-nos do mal. Do mal de não amar.
ORAÇÃO
Senhor Jesus! Sofreste por causa dos nossos pecados. Perdoa-nos, por favor! Dá-nos a luz interior, para reconhecermos tudo aquilo que nos afasta de Ti. Dá-nos o dom de um verdadeiro e profundo arrependimento. Não nos deixes cair em tentação e livra-nos do mal. Do mal de não amar.
Nós Te adoramos e Te bendizemos, ó Cristo,
porque com tua Santa Cruz remiste o mundo.
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