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Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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24 de abril de 2011

Correria e ausência

Reparamo-nos com muita correria no Evangelho de hoje (Jo 20, 1-9). Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. Então ela saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava, e lhes disse: “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram”. Saíram, então, Pedro e o outro discípulo e foram ao túmulo. Os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. (vv. 1-4) A Ressurreição de Jesus põe-nos a correr, não nos deixa parados, exige um movimento. Esclarece isso melhor o Apóstolo Paulo, na II leitura de hoje (Cl 3, 1-4): Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. (vv. 1-2) A liturgia de hoje aponta mais uma coisa muito importante. Ao longo de sua missão pública, Jesus foi procurado por todos. Todos se lembram de Zaqueu que subiu numa árvore para ver Jesus (cf. Lc 19, 4), ou daqueles quatro homens que trouxeram um paralítico e como não conseguiam apresentá-lo a ele, por causa da multidão, abriram o teto, bem em cima do lugar onde ele estava e, pelo buraco, desceram a maca em que o paralítico estava deitado (Mc 2, 4), ou então, daquelas multidões que chegavam em certos lugares, antes mesmo que Jesus chegasse ali: Muitos os viram partir e perceberam a intenção; saíram então de todas as cidades e, a pé, correram à frente e chegaram lá antes deles. Ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão e encheu-se de compaixão por eles, porque eram como ovelhas que não têm pastor. (Mc 6, 33-34). Também os pagãos faziam questão de encontrar Jesus: Havia alguns gregos entre os que tinham subida a Jerusalém para adorar durante a festa. Eles se aproximaram de Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e disseram: “Senhor, queremos ver Jesus” (Jo 12, 20-21). Até o rei Herodes procurava ver Jesus (Lc 9, 9) e ficou muito contente ao ver Jesus, pois havia muito tempo desejava vê-lo. Já ouvira falar a seu respeito e esperava vê-lo fazer algum milagre. (Lc 23, 8). Entretanto, no Domingo da Páscoa, tudo ficou diferente. Pela primeira vez, o fato de não encontrar Jesus, era melhor do que encontrá-lo. Bendita ausência de Jesus no sepulcro. Isso nos faz lembrar de todas aquelas situações, em que experimentávamos a "ausência" do Senhor. Escrevo entre aspas, pois o Senhor nunca se ausenta, mas - como já meditamos, na ocasião da Via Sacra (aqui) - somos nós que, de vez em quando, temos a sensação de sua ausência. Isso ocorre, sobretudo, na hora de grande provação (sofrimento, morte de pessoas amadas, morte de inocentes, desestres, perseguição, etc.) O mesmo afirmam os místicos, ao descreverem a experiência da "noite escura da alma" (São João da Cruz, Santa Teresa d'Ávila, Santa Catarina de Sena e muitos outros). A verdade é que o fato de não encontrar o Senhor faz parte de seus planos e torna-se o prenúncio de um encontro novo, muito mais rico e enriquecedor. Em algum momento, Jesus vitorioso vai aparecer. Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, os discípulos estavam reunidos, com as portas fechadas por medo dos judeus. Jesus entrou e pôs-se no meio deles. Disse: “A paz esteja convosco”. (Jo 20, 19) Por mais absurdo que isso pareça, as vezes é necessário - e até melhor - não conseguir encontrar Jesus por algum tempo. Nessas horas a nossa fé amadurece e a nossa oração deixa de ter aquela forma ensaiada e superficial. Começamos a gritar ao Senhor. E Ele, certamente, fica esperando por aquele grito. É a mais autêntica e sincera oração do homem. Já antes dos acontecimentos dolorosos de sua paixão, Jesus havia dito: É bom para vós que eu vá. (...) Um pouco de tempo, e não mais me vereis; e mais um pouco, e me vereis de novo. (...) Ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria. (Jo 16, 7. 16. 20) Estas palavras revelam, também, o sentido e a importância daquela "noite escura da alma".
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Portanto, meu irmão! Se você estiver, neste momento, mergulhado numa escuridão, ou agitado pelas ondas de tribulações e, principalmente, se tiver a sensação de que Deus o abandonou, não desanime! Isso vai passar, sem dúvida alguma. Pode até demorar, mas depois dessa, você vai sair mais forte do que nunca. A sua fé provada, será comprovada. O seu olhar às coisas do mundo e, também, à sua própria vida, nunca mais será o mesmo. Imagine-se na pessoa de Madalena, ou de outros discípulos de Jesus que, ao chegarem ao sepulcro vazio, devem ter pensando: "Graças a Deus que Ele não está aqui". Naquele momento, já nascia em seus corações aquela certeza da fé: ELE RESSUSCITOU!

FELIZ PÁSCOA !

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