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Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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11 de abril de 2011

Atirar a pedra

Não adianta negar. Todos estamos no meio daquela multidão em torno da mulher adúltera (Jo 8, 1-11). Julgamos, vivemos com a pedra na mão. Talvez por termos sido - todos nós - julgados pelos outros, retribuímos com a mesma moeda. Invertemos a frase de Jesus: Não julgueis, e não sereis julgados. (Mt 7, 1). Julgamos, criticamos, condenamos e desprezamos, porque já fomos julgados, criticados, condenados e desprezados. Na verdade, o ato de julgar, está gravado em nossa natureza humana. Digo mais: a capacidade de julgar é um dom de Deus, indispensável para tornar a nossa existência plena, realizada. Quem não sabe, ou não consegue julgar é alguém sem juízo. Na prática, usamos vários sinônimos para essa atitude, só para não dizer que estejamos julgando. Avaliamos, apreciamos, opinamos, supomos, cremos, achamos, etc. Surpreendentemente, queremos ser julgados (sim, mas sem usar esta palavra!). Quando saio à rua, estufo peito e encolho barriguinha, cuido da minha aparência: roupa, penteado, perfume, etc. (quem nunca fez isso, atire a primeura padra!) Eu quero ser julgado. Julgado digno de atenção (quem sabe, posso virar a caça!). Percebemos agora que o problema não está em julgar, mas na maneira de julgar. Vale lembrar aqui que, assim como todos os dons de Deus, também a capacidade de julgar, foi distorcida dentro de nós, em consequência do pecado original. O Pe. Cantalamessa, em sua terceira pregação quaresmal deste ano na Casa Pontifícia, disse: O discurso sobre julgamentos é delicado e complexo. Se ficar pela metade, parece pouco realista. Como é que se pode viver sem julgar nunca? O juízo é implícito em nós até num olhar. Não podemos observar, escutar, viver, sem fazer avaliações, ou seja, sem julgar. Um pai, um superior, um confessor, um juiz, qualquer um que tenha responsabilidade sobre outros, precisa julgar. (...) Realmente, não é tanto o julgar que deve ser extirpado do nosso coração, mas o veneno do nosso julgar! O rancor, a condenação. Na redação de Lucas, o mandado de Jesus “Não julgueis e não sereis julgados” é seguido imediatamente, como para explicitar o sentido destas palavras, pelo mandado “Não condeneis e não sereis condenados” (Lc 6,37). Em si, julgar é uma ação neutra. (Leia na íntegra aqui). A primeira leitura de hoje (Dn , 13,41c-62), complementa o assunto, com uma advertência do jovem Daniel: Sois tão insensatos, filhos de Israel? Sem julgamento e sem conhecimento da causa verdadeira, condenais uma filha de Israel? Voltai a repetir o julgamento, pois é falso o testemunho que levantaram contra ela! (vv. 48-49). A conclusão é esta: por mais que tenhamos sido incompreendidos, criticados, ridicularizados, condenados - por qualquer motivo - não vale a pena fazer o mesmo com o nosso semelhante. No "mundo gay", infelizmente, a atitude de atirar pedras, ainda é muito frequente. Será uma competição doentia? Ou, talvez, a reação insana de um coração traumatizado?

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