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Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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25 de abril de 2011

a dipsosição do coração

O Evangelho desta segunda-feira da Oitava da Páscoa (Mt 28, 8-15), mostra dois extremos do coração humano. De um lado: as mulheres que estavam com medo, mas correram com grande alegria, para dar a notícia aos discípulos (v. 8). É interessante notar esta incomum mistura de sentimentos: o medo e a alegria. A coisa fica mais interessante ainda, quando percebemos que Jesus ressuscitado, ao encontrá-las, faz referência, justamente, a estas duas emoções: disse: Alegrai-vos!” As mulheres aproximaram-se, e prostraram-se diante de Jesus, abraçando seus pés. Então Jesus disse a elas: “Não tenhais medo. Ide anunciar a meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão”. (vv. 9-10) Jesus alimenta a alegria no coração humano, dando-lhe a maior motivação: a sua vitória sobre a morte. Liberta, também, do medo. Mais tarde, o Apóstolo João, escreveu: No amor não há temor. Antes, o perfeito amor lança fora o temor, porque o temor envolve castigo, e quem teme não é perfeito no amor. (1Jo 4, 18)
De outro lado, na segunda parte da leitura do Evangelho, temos o estado oposto do coração humano. Trata-se de soldados, sumos sacerdotes e anciãos do povo. Embora o texto não mencione, explicitamente, o medo, temos muitas razões para admitir tal sentimento, aliás, não apenas por ocasião da ressurreição de Jesus. Já na hora da morte de Cristo, todos eles devem ter ficado bastante assustados (Desde o meio-dia, uma escuridão cobriu toda a terra até às três horas da tarde. [...] O véu do Santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes, a terra tremeu e as pedras se partiram. Os túmulos se abriram e muitos corpos dos santos falecidos ressuscitaram! Saindo dos túmulos, depois da ressurreição de Jesus, entraram na Cidade Santa e apareceram a muitas pessoas. O centurião e os que com ele montavam a guarda junto de Jesus, ao notarem o terremoto e tudo que havia acontecido, ficaram com muito medo e disseram: “Este era verdadeiramente Filho de Deus!” [Mt 27, 45. 51-54]) Bem antes, as autoridades religiosas de Israel, expressavam ainda outro tipo de medo: Os sumos sacerdotes e os fariseus, então, reuniram o sinédrio e discutiam: “Que vamos fazer? Este homem faz muitos sinais. Se deixarmos que ele continue assim, todos vão acreditar nele; os romanos virão e destruirão o nosso Lugar Santo e a nossa nação”. (Jo 11, 47-48) Podemos constatar que o medo, ainda que tenha motivos diferentes, é algo que deixa no mesmo ponto de partida, tanto as mulheres, seguidoras de Jesus, quanto os soldados e os religiosos judaicos. O que faz toda a diferença é a disposição do coração. As mulheres, mesmo amedrontadas, tinham o coração cheio de fé, esperança, amor, humildade e boa vontade. Os demais, também assustados, mas sem fé, esperança e amor, apresentavam sinais de soberba e má vontade. Por este motivo, enquanto as mulheres, libertas do medo, dedicaram-se, alegremente, ao anúncio da verdade, os demais, com o medo ainda maior, investiram na propagação da metira: Os sumos sacerdotes reuniram-se com os anciãos, e deram uma grande soma de dinheiro aos soldados, dizendo-lhes: “Dizei que os discípulos dele foram durante a noite e roubaram o corpo, enquanto vós dormíeis. Se o governador ficar sabendo disso, nós o convenceremos. Não vos preocupeis”. Os soldados pegaram o dinheiro, e agiram de acordo com as instruções recebidas. E assim, o boato espalhou-se entre os judeus, até o dia de hoje. (Mt 28, 12-15) Quando leio as palavras finais deste trecho, penso que elas se referem não somente ao boato sobre um suposto roubo do corpo de Jesus morto, mas também ao fenômeno que continua funcionando no coração humano, até o dia de hoje: falta de fé e de amor, soberba e má vontade, são capazes de pagar o alto preço, com a finalidade de fazer vigorar a mentira. Isso acontece na política e na mídia, mas também, na vida pessoal de muita gente. É neste "ambiente interior" que nasce o preconceito, inclusive a homofobia (como sabemos, a "fobia" significa, exatamente, o medo!). Nem os religiosos de hoje estão livres desse drama. O Catecismo da Igreja Católica, ao falar sobre a ação do Espírito Santo na liturgia, afirma: É o Espírito Santo que dá aos leitores e ouvintes, segundo as disposições de seus corações, a compreensão espiritual da Palavra de Deus. (n° 1101). Isso vale não apenas para os momentos litúrgicos, mas para toda a nossa vida. A compreensão e a interpretação da Palavra de Deus e, portanto, da própria vida, ficam comprometidas, enquanto o coração não estiver curado por Jesus Ressuscitado. A chave chama-se A DISPOSIÇÃO DO CORAÇÃO.

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