Continuo as reflexões sobre a "Carta sobre o atendimento pastoral das pessoas homossexuais", publicada em 1986 pela Congregação para a Doutrina da Fé (um dos mais importantes órgãos da Santa Sé) e assinada pelo então prefeito desta Congregação, Cardeal Joseph Ratzinger (hoje o Papa Bento XVI). O texto da "Carta" pode ser localizado no site do Vaticano (aqui) e as minhas duas reflexões anteriores aqui e aqui. O documento transmite uma afirmação muito séria sem, no entanto, fornecer provas ou, ao menos, exemplos. Infelizmente, apesar do suposto propósito da "Carta" (o "atendimento pastoral das pessoas homossexuais"), uma frase desses tem o poder de detonar qualquer impulso de boa vontade e de coragem que eventuais agentes de pastoral (começando pelos bispos e padres) possam ter. Pior, para um leitor católico (portanto aquele que recebe as orientações do Vaticano como dogmas), aquela expressão pode causar uma distorção séria na sua visão do mundo e até levar a justificar pensamentos e atos preconceituosos. É mais ou menos isso que Jesus falou hoje na liturgia da Missa: "Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens. Vós sabeis muito bem como anular o mandamento de Deus, a fim de guardar as vossas tradições." (Mc 7, 8-9)
Para chegar à frase em questão, cito um trecho maior do texto: Mesmo dentro da Igreja formou-se uma corrente, constituída por grupos de pressão com denominações diferentes e diferente amplitude, que tenta impôr-se como representante de todas as pessoas homossexuais que são católicas. (...) Embora a prática do homossexualismo esteja ameaçando seriamente a vida e o bem-estar de grande número de pessoas, os fautores desta corrente não desistem da sua ação e recusam levar em consideração as proporções do risco que ela implica. (n. 9). Qual seria esta "séria ameaça" à vida e ao bem-estar de grande número de pessoas? Tentar mostrar que o Criador, numa infinita riqueza de suas obras, chamou à existência, também, as pessoas homossexuais, concedendo-lhes, igualmente, a vocação para amar e serem amadas? Ou, então, porque a presença de homossexuais na sociedade (e na Igreja), teria enfraquecido a instituição de família? Tenho certeza que não só não enfraquece, mas - pelo contrário - amplia e enriquece a experiência familiar de amar incondicionalmente! Falando francamente, quem nesta história toda, está realmente ameaçado, tanto na sua vida, quanto no seu bem-estar? Um pouco mais adiante, o próprio documento responde (sem querer): É de se deplorar firmemente que as pessoas homossexuais tenham sido e sejam ainda hoje objeto de expressões malévolas e de ações violentas. Semelhantes comportamentos merecem a condenação dos pastores da Igreja, onde quer que aconteçam. Eles revelam uma falta de respeito pelos outros que fere os princípios elementares sobre os quais se alicerça uma sadia convivência civil. A dignidade própria de cada pessoa deve ser respeitada sempre, nas palavras, nas ações e nas legislações. E acrescenta: Todavia, a necessária reação diante das injustiças cometidas contra as pessoas homossexuais não pode levar, de forma alguma, à afirmação de que a condição homossexual não seja desordenada. Quando tal afirmação é aceita e, por conseguinte, a atividade homossexual é considerada boa, ou quando se adota uma legislação civil para tutelar um comportamento ao qual ninguém pode reivindicar direito algum, nem a Igreja nem a sociedade em seu conjunto deveriam surpreender-se se depois também outras opiniões e práticas distorcidas ganham terreno e se aumentam os comportamentos irracionais e violentos. Pois é, a Igreja não se surpreende com os comportamentos "irracionais e violentos". Será porque ela própria fornece argumentos para tais comportamentos? É muito triste tudo isso...
Para chegar à frase em questão, cito um trecho maior do texto: Mesmo dentro da Igreja formou-se uma corrente, constituída por grupos de pressão com denominações diferentes e diferente amplitude, que tenta impôr-se como representante de todas as pessoas homossexuais que são católicas. (...) Embora a prática do homossexualismo esteja ameaçando seriamente a vida e o bem-estar de grande número de pessoas, os fautores desta corrente não desistem da sua ação e recusam levar em consideração as proporções do risco que ela implica. (n. 9). Qual seria esta "séria ameaça" à vida e ao bem-estar de grande número de pessoas? Tentar mostrar que o Criador, numa infinita riqueza de suas obras, chamou à existência, também, as pessoas homossexuais, concedendo-lhes, igualmente, a vocação para amar e serem amadas? Ou, então, porque a presença de homossexuais na sociedade (e na Igreja), teria enfraquecido a instituição de família? Tenho certeza que não só não enfraquece, mas - pelo contrário - amplia e enriquece a experiência familiar de amar incondicionalmente! Falando francamente, quem nesta história toda, está realmente ameaçado, tanto na sua vida, quanto no seu bem-estar? Um pouco mais adiante, o próprio documento responde (sem querer): É de se deplorar firmemente que as pessoas homossexuais tenham sido e sejam ainda hoje objeto de expressões malévolas e de ações violentas. Semelhantes comportamentos merecem a condenação dos pastores da Igreja, onde quer que aconteçam. Eles revelam uma falta de respeito pelos outros que fere os princípios elementares sobre os quais se alicerça uma sadia convivência civil. A dignidade própria de cada pessoa deve ser respeitada sempre, nas palavras, nas ações e nas legislações. E acrescenta: Todavia, a necessária reação diante das injustiças cometidas contra as pessoas homossexuais não pode levar, de forma alguma, à afirmação de que a condição homossexual não seja desordenada. Quando tal afirmação é aceita e, por conseguinte, a atividade homossexual é considerada boa, ou quando se adota uma legislação civil para tutelar um comportamento ao qual ninguém pode reivindicar direito algum, nem a Igreja nem a sociedade em seu conjunto deveriam surpreender-se se depois também outras opiniões e práticas distorcidas ganham terreno e se aumentam os comportamentos irracionais e violentos. Pois é, a Igreja não se surpreende com os comportamentos "irracionais e violentos". Será porque ela própria fornece argumentos para tais comportamentos? É muito triste tudo isso...
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