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Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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14 de fevereiro de 2011

os irmãos

A liturgia de hoje comemora dois irmãos santos: Cirilo e Metódio, "apóstolos dos eslavos" (usando a expressão do Papa João Paulo II de sua Encíclica Slavorum Apostoli de 1985; leia aqui). Curiosamente, a primeira leitura (Gn 4, 1-15.25) traz a trágica história de outros dois irmãos, Caim e Abel. A mensagem imediata da liturgia é clara: Jesus veio para superar, também, toda a inimizade entre irmãos. Como nada foi por acaso em seu ministério, também a escolha de dois pares de irmãos (Pedro e André; Tiago e João) para o grupo mais próximo de discípulos, não aconteceu à toa. Mais tarde, o Senhor confirma a identidade mais profunda de todos os seus verdadeiros seguidores: sois irmãos (cf. Mt 23, 8 e muitos outros textos). Interessante como entra, neste contexto, a leitura da breve passagem do Evangelho de hoje (Mc 8, 11-13). Quando os fariseus pedem, ou melhor, exigem, um sinal de Jesus, Ele responde: "Por que esta gente pede um sinal? Em verdade vos digo, a esta gente não será dado nenhum sinal" (v. 12). Jesus que vivia realizando milagres e sinais extraordinários, nega este privilégio aos homens de coração fechado e de intenções duvidosas. Podemos, creio eu, fazer aqui um paralelo. Talvez, como em outros casos, aquele pedido dos fariseus tenha sido transmitido ao Mestre pelos discípulos (cf. Jo 12, 20-22 ou Mc 3, 32). Mais tarde, Jesus repete, com outras palavras, aquilo que disse na ocasião da multiplicação dos pães. Vejamos. Os discipulos disseram-lhe: "Este lugar é deserto e a hora é avançada. Despede esta gente para que vá comprar viveres na aldeia." Jesus, porém, respondeu: "Não é necessário: dai-lhe vós mesmos de comer" (Mt 14, 15-16). Chegou outro momento em que Jesus disse: "dai-lhes vós mesmos o sinal que estão precisando". Mas como e onde aconteceu isso? Na última ceia. Antes de dizer: "É necessário que eu vá" (Jo, 16, 7), Jesus deixa aos seus seguidores um legado essencial: "Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros." (Jo 13, 34-35) E, depois, pede ao Pai este dom para todos os seus discípulos: "para que sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça que me enviaste e os amaste, como amaste a mim" (Jo 17, 23). O amor fraterno dos cristãos é o sinal! Não é por acaso que até os mais antigos testemunhos dos pagãos, em relação aos cristãos, transmitem uma frase de admiração: "Vejam como eles se amam".
Resumindo: todos nós carregamos um pouco (ou muito?) da herança de Caim, inclusive em nossos relacionamentos de irmãos de sangue. Às vezes aqueles "conflitos de competição" dos tempos de infância, perduram até a idade adulta (se não forem resolvidos em algum momento). Há, entretanto, muitos testemunhos de "irmãos duplamente": irmãos de sangue e irmãos em Cristo. Isso é especialmente precioso quando se trata de um homossexual que, dentro de família, encontra o maior aliado, justamente, na pessoa de irmão ou irmã. Nesses momentos é Jesus que dá, depois de milênios, um "desfecho" ao dramático diálogo do livro de Gênesis: E o Senhor perguntou a Caim: “Onde está o teu irmão Abel?” Ele respondeu: “Não sei. Acaso sou o guarda do meu irmão?” (Gn 4, 9). Jesus e cada verdadeiro cristão responde: "Sim, sou o guarda e o guardião do meu irmão!"...

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