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Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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22 de fevereiro de 2011

Um livro perigoso

Alguém disse que livros são como pessoas. Você gosta de uns, por outros se apaixona e com alguns, simplesmente, se decepciona. Recentemente ganhei de presente o livro de Ana Beatriz Barbosa Silva, “Mentes perigosas. O psicopata mora ao lado” (Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 2008). Apesar de uma longa lista de títulos e méritos e de outra, não menor, de livros já publicados, é difícil (para mim) associar Ana Beatriz com a nobre missão de escritora (a não ser que chamemos assim todo aquele que escreve qualquer coisa, inclusive os “artistas” que deixam as marcas de sua criatividade em banheiros públicos). A linguagem tosca e irritante do livro não é o seu único problema. Muito mais grave é a pobreza metodológica e realmente perigoso é o conceito de obra toda: as suas teses, os argumentos e as conclusões (explícitas e implícitas igualmente). Um dos princípios chega ao delírio: “os psicopatas vivem entre nós”. A insistência e o tom – por assim dizer – desta afirmação evocam o grito de João Batista no deserto e do próprio Jesus: “O reino de Deus está próximo”. Há uma diferença básica. O livro em questão anuncia a chegada do inferno. É assustador ler a advertência, repetida várias vezes pela autora, de não se precipitar em “identificar” os psicopatas, tendo ao mesmo tempo todo o conteúdo do livro que induz, exatamente, a esta atitude. Diria que o livro é extremamente antipedagógico. Basta ler algumas frases paranóicas, logo no início da obra: “Pare e pense nos seus vizinhos; nos jovens nas escolas; nos trabalhadores da sua rua; nos profissionais de várias áreas; nos amigos dos seus amigos; nas mães que zelam pelos seus filhos; nos líderes religiosos e nos políticos de sua nação. Pare e pense agora nos seus familiares, no seu chefe, no seu subordinado. Será que todos, sem exceção, são dotados de consciência? Torcemos para que SIM! Contudo, lamentavelmente, não é bem assim que a realidade se mostra. Poderíamos responder a essa mesma pergunta com um vigoroso NÃO!” (p. 35-36). A nota biográfica de autora do livro descreve a riqueza de sua formação profissional e fala de sua atuação de “diretora das clínicas Medicina do Comportamento no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde atende os pacientes e supervisiona os profissionais da sua equipe (médicos e psicólogos)”. Diante desta “ficha” causa o espanto uma enorme quantidade de argumentos, fornecidos por ela para comprovar as suas teorias, tendo como a fonte principal... a mídia. Não raras vezes lemos uma história, copiada literalmente de um jornal (com o nome completo do acusado), que termina com a seguinte conclusão: “É importante ressaltar que em momento algum afirmo que as pessoas aqui descritas são psicopatas de fato” (p. 107). É impressionante como uma profissional, tendo citado com predileção e generosidade, as matérias de jornais, revistas e programas de televisão, não percebe, em nenhum momento que, exatamente, a mídia (em sua grande maioria) possui todas as características de um psicopata. Tudo que Ana Beatriz fala sobre o psicopata, encaixa-se perfeitamente no perfil da maior parte de jornalismo sensacionalista que lemos, ouvimos ou assistimos diariamente. É um jornalismo psicopata: “engana e representa muito bem, é frio, mentiroso, insensível, manipulador, perverso, impiedoso, imoral, sem consciência e desprovido de compaixão culpa ou remorso. Pode arruinar empresas e famílias, provocar intrigas, destruir sonhos. Por ser charmoso, eloquente, inteligente, envolvente e sedutor, não costuma levantar suspeita de quem realmente é. A sua natureza é devastadora e assustadora. O seu jogo se baseia no poder e na autopromoção às custas dos outros. Como animal predador, vampiro ou parasita humano, sempre suga suas presas até o limite de uso e abuso. Saber identificá-lo pode ser antídoto (talvez o único) contra o seu veneno paralisante e mortal.” (Todos estes termos fazem parte do “cardápio” encontrado no livro). Conclusão: agradeço de coração a Violetinha (minha amiga) que me presenteou com o livro (adoro ler!), mas, em hipótese alguma, recomendo esta obra a quem quer que seja. Pelo contrário: considero “Mentes perigosas” um livro perigoso. Imagino um momento desastroso em que a mesma autora se decida a escrever o livro sobre "as mentes homossexuais" (já que essa é a sua série: mentes inquietas, insaciáveis, com medo, etc.).

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