Eu sei que, no caso de uma cidade como Rio de Janeiro, para citar algum exemplo, a questão do "centro" e da "periferia" não corresponde exatamente à questão do "essencial" e "periférico", pois é na chamada periferia (ou no subúrbio) que acontecem, com frequência, coisas importantes (essenciais - por que não?!) para todo o resto da cidade...
Mas não é sobre a cidade e o seu "mapa" que pretendo falar. Eu, de novo, sobre o "mundo gay". Se a gente olhar aos portais, blogues (blog's, se preferir) e outros meios (mais ou menos formais) de comunicação, vamos perceber claramente que a maior parte das informações gira em torno de:
1) homofobia (os ataques promovidos contra os homossexuais têm um enorme destaque),
2) paradas e outras manifestações,
3) luta pela legalização do "casamento" gay.
Eu pergunto: será que isso é realmente essencial? Não quero negar a importância dessas notícias e campanhas, mas - pergunto mais uma vez - será que isso é realmente essencial? Quem parou para pensar como cultivar um relacionamento homoafetivo e torná-lo estável? Como superar o trauma de um namoro interrompido por uma traição (ou várias)? O que fazer com um amor que continua ardendo por alguém, enquanto aquele alguém já está vivendo um novo relacionamento? Quais seriam os requisitos de um casal gay que se decide morar junto? Como conciliar as diferenças de temperamentos, espectativas e experiências num relacionamento em que há grande diferença de idade entre os parceiros? O que fazer para que um namoro não seja reduzido ao sexo? ...etc... ...etc... ...etc...
Resumindo: acho que se gasta muita energia e muito tempo em favor de "formas" e não sobra muito para cuidar de "conteúdo". Celebra-se mais uma "Parada de orgulho gay" por ser maior do que no ano anterior, como se isso fosse um objetivo em si. Igualmente, eventuais "avanços" na legislação que favoreçam os homossexuais. E onde fica a formação humana, afetiva, psicológica, espiritual, cultural, etc.? Alguém vai dizer: "Espera arrumarmos primeiro isso para depois cuidar daquilo outro". Eu respondo: "depois" pode não ter mais nada para se cuidar.
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