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Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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11 de fevereiro de 2011

Efatá

Providencialmente, neste Dia Mundial do Doente, a liturgia traz a cena de cura de "um homem surdo que falava com dificuldade" (Mc 7, 31-37). Temos, também, o pecado de Adão e Eva na primeira leitura (Gn 3, 1-8) e o Salmo que fala da felicidade daquele cujo pecado foi perdoado (Sl 31[32]). Tudo isso, no contexto da memória de Nossa Senhora de Loudes. Pois bem, um "material" para riquíssima meditação. Vou me deter, entretanto, apenas na cura do homem surdo. O que chama atenção é a maneira singular de Jesus realizar este milagre. Lembra um pouco a cura de um cego (leia Mc 8, 22-26) e não somente por causa de saliva que Jesus usa como "remédio". É um "trato" personalizado, por assim dizer. Jesus "afastou-se com o homem, para fora da multidão" (e, no outro caso, "tomou o cego pela mão e levou-o para fora da aldeia", cf. Mc 8, 23). Enquanto na maioria dos seus milagres, bastava uma palavra ou um simples toque de mão, nestes casos Jesus dedica uma atenção especial ao doente. À primeira vista parecem ser problemas mais graves do que todos os demais, mas precisamos descartar logo esta interpretação. Jesus é todo-poderoso e não existe caso mais ou menos difícil para Ele. Lázaro, morto havia quatro dias, foi ressuscitado apenas com um grito do Senhor (cf. Jo 11, 1-44). Acredito que a mensagem desta cena esteja falando sobre a maneira da qual Jesus trata cada pessoa: como se fosse a única na face da terra. Ele me conhece (muito melhor do que eu mesmo e muitíssimo melhor do que me "conhecem" outras pessoas) e, conhecendo-me profundamente, ama-me com o amor infinito. Dedica toda a sua atenção a mim, ou melhor, a cada um de nós. É muito importante nunca se esquecer disso!
Uma outra observação: em todas as pregações e explicações, em todos os comentários litúrgicos e teológicos, os autores entendem que a expressão "Efatá!", que quer dizer: “Abre-te!” (Mc 7, 34) Jesus teria dirigido (obviamente?) ao surdo. Hoje, no entanto, me ocorreu a ideia diferente. O texto diz: Olhando para o céu, suspirou e disse: “Efatá!”, que quer dizer: “Abre-te!”. Seria: "Homem! Abre-te!"? (Marcos acrescenta: Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade. Mc 7, 35). Na minha opinião, Jesus dirigiu esta ordem ao próprio céu (se fosse diferente, quem sabe, Ele teria olhado ao homem surdo). Talvez não haja tanta importância nisso, mas quero deixar registrada aqui mais uma das minhas experiências com a Palavra de Deus.
Voltando ao Dia Mundial dos Doentes, quero notificar que, algum tempo atrás, este seria também o nosso dia (na época em que a homossexualidade era considerada uma doença). Como isso já não acontece, graças a Deus (pelo menos nos ambientes sérios e racionais), que tal sugerir à Igreja a instituição da Jornada Mundial de Homossexuais? Seria ótima oportunidade para divulgar e colocar em prática a proposta da própria Igreja sobre o atendimento pastoral das pessoas homossexuais. É neste sentido que repito: Efatá, abre-te! E não falo para o céu, porque não sou Jesus e, também, porque o céu já esta aberto. Aliás, nunca ficou fechado.

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