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Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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17 de fevereiro de 2011

o discernimento

Assim como as cores no arco-íris (veja o final da I leitura: Gn 9, 1-13), compõem-se as diversas respostas à pergunta de Jesus: “Quem dizem os homens que eu sou?” (Mc 8,27; a passagem inteira de hoje vai até o versículo 33). Entre todas e mais diversas opiniões, destaca-se a de Pedro: “Tu és o Messias”. Outro Evangelista, Mateus, acrescenta a revelação feita por Jesus em seguida: "Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isso, mas meu Pai que está nos céus" (Mt 16, 17). Surpreendente é a continuação da conversa. Depois de ouvir o que, de fato, significa ser Messias: sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, ser morto, e ressuscitar depois de três dias (cf. Mc 8, 31), o mesmo Pedro (talvez movido pela força do suposto elogio de Jesus) começa a chamar atenção do Mestre. Coitado, não tinha entendido nada. A reação de Jesus surpeende mais ainda: “Vai para longe de mim, Satanás!” Tu não pensas como Deus, e sim como os homens” (v. 33). Mateus transmite as palavras de Jesus com mais veemência: "Afasta-te, Satanás! Tu és para mim um escândalo!", o que alguns traduzem como "tu és para mim uma pedra de tropeço" (Mt 16, 23). Será que Jesus está chamando Pedro de Satanás, como realmente parece? Acredito que não. Primeiro, porque Pedro não foi embora, o que seria a mais lógica consequência da ordem de Jesus. Segundo, porque a Palavra já havia anunciado de que o Satanás voltaria a atormentar Jesus. Voltemos à cena das tentações no deserto. Evangelista Lucas (4, 1-13) conclui aqueles acontecimentos assim: "Depois de tê-lo assim tentado de todos os modos, o demônio apartou-se dele até outra ocasião". (Lc, 4, 13) Acredito que as palavras tão duras do Senhor foram dirigidas ao próprio inimigo. Aconteceu, portanto, uma libertação de Pedro. O que impressiona naquele diálogo é a incrível capacidade do ser humano se ser influenciado (inspirado), tanto por Deus quanto pelo Satanás. Somos sensíveis, ou melhor, vulneráveis. Todos nós precisamos de um dom especial, chamado discernimento. São Paulo menciona-o no meio de muitos outros carismas, dons do Espírito Santo (cf. 1Cor, 12, 4-11). Digo mais: não é por acaso que o Evangelho mostra, justamente, Pedro como aquele que necessita de discernimento. Todos nós precisamos disso, mas de maneira ainda mais urgente, os dirigentes da Igreja. Até porque a pergunta continua sendo a mesma: "Quem dizem os homens que eu sou? E vós, quem dizeis que eu sou?" (Mc 8, 27. 29). A Constituição Pastoral "Gaudium et spes" do Concílio Vaticano II afirma: "Na realidade o mistério do homem só se torna claro verdadeiramente no mistério do Verbo encarnado. (...) Cristo manifesta plenamente o homem ao próprio homem e lhe descobre a sua altíssima vocação" (n. 22).

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