A
"Canção Nova" (para quem não sabe) é uma comunidade
católica (carismática), dedicada à evangelização, principalmente
através dos meios de comunicação social. A mais conhecida,
obviamente, é a TV Canção Nova. A sede da comunidade está na cidade de Cachoeira Paulista (SP) e lá acontecem os
maiores eventos promovidos por ela e transmitidos ao vivo pela
própria emissora. Durante os famosos acampamentos e retiros da Canção
Nova discursam vários pregadores que, para tal privilégio, precisam
ser reconhecidos pela sua fidelidade à determinada linha doutrinal
da Igreja. Com outras palavras, não é qualquer um, mesmo sendo
bispo, padre, ou diácono (isto é, pregador autorizado pela Igreja
para esse ofício) que pode ser admitido ao púlpito (e às câmeras)
da Canção Nova. Não encontraremos por lá, por exemplo, os padres: José
Trasferetti, James Alison, Luis Corrêa Lima, José Lisboa Moreira de
Oliveira e muitos outros. É mais fácil contar com a presença do
midiático padre Reginaldo Manzotti ou do ferrenho defensor da
doutrina e da tradição, padre Paulo Ricardo. Este último está
presente, agora mesmo, no acampamento "Revolução Jesus -
Livres para amar" (08-12/01/2014). O portal da Canção Nova
publicou a transcrição de sua palestra.
Entre outras coisas, padre Paulo Ricardo, fala sobre os homossexuais
[os grifes são meus]:
Você
pode repetir quantas vezes quiser que a união entre dois homens e
que a união de duas mulheres são a mesma coisa que a união de um
homem com uma mulher. Você pode repetir várias vezes isso, mas isso
é artificial, pois o mundo real grita que, quando um homem se une
com uma mulher, acontece o milagre da vida. Quando
dois homens se unem não acontece nada; e quando duas mulheres se
unem também não acontece nada; e este é o mundo real.
Desculpem-me, não estou discriminando ninguém. A Igreja não quer
discriminar os homossexuais como se eles fossem inferiores. A
Igreja quer somente dizer: Existe uma obra inscrita na criação, se
nós obedecermos ao nosso Criador, ao ''Fabricante'', vai ser melhor
para todos. As pessoas dizem que ficamos castrando os
homossexuais ao afirmarmos que eles não podem usar o sexo como
querem. Mas ninguém pode usar o sexo como quiser. A Igreja não
discrimina ninguém, ela pede a castidade para todos. Os
casais [homem e mulher] também são chamados à castidade.
Para
explicar melhor a minha resposta, recorro a outro trecho da mesma
pregação:
O
sexo só pode ser realizado em um projeto de família, em queum
homem e uma mulher se unem de forma permanente para gerar filhos, não
estou dizendo que ele é feito só para isso, mas ele tem a ver com
esta obra linda de gerar crianças. Este é o projeto de
Deus e é, porque perdemos a noção disso, que a moral sexual se
tornou tão complicada para nós.
E
mais um trecho:
(…)
temos dois caminhos, temos que escolher entre eles. O primeiro
caminho é o mais comum, a aliança de amor, chamada de "matrimônio"
e o outro caminho chamado é o "celibato", que também é
uma aliança de amor, uma oferenda da sua sexualidade para Deus. (…)
Quem é solteiro, está solto, disponível. Um padre, como eu, não é
solteiro. O padre é comprometido em uma aliança de amor com Deus e
deve viver assim. Nós
precisamos entender isso, ninguém tem vocação para ser solto, para
ser solteiro, no entanto, hoje, nossa sociedade acha que liberdade é
você ser solteiro, mas não é assim. A liberdade do amor acontece
quando selamos uma aliança de amor, quando celebramos uma aliança
de amor nós somos livres para amar.
1. Um
homem e uma mulher se unem de forma permanente para gerar filhos -
sem dúvida, padre! Nenhuma das pessoas homossexuais pretende negar
isso, afinal todos nós viemos a este mundo por meio de uma união
desse tipo (bem, nem sempre tenha sido uma união permanente, mas sem
dúvida alguma, trata-se de união entre um homem e uma mulher).
2.
O senhor padre diz que esse projeto de família (que une um homem e
uma mulher) não é feito só para gerar filhos, mas tem a ver com
essa obra linda de gerar crianças. Eu sempre pensei que o projeto de
Deus em relação ao ser humano tem a ver com o amor e não
necessariamente com essa obra linda de gerar crianças. O celibato
que - usando as suas palavras – é uma oferenda da
sexualidade para Deus - não tem nada a ver com essa obra
linda de gerar crianças. Além disso, a Igreja reconhece como válido
o matrimônio entre um homem e uma mulher que, por algum motivo
independente de sua vontade, não podem ter filhos.
3.
O senhor, padre Paulo Ricardo, diz que ninguém
tem vocação para ser solto, para ser solteiro, no entanto, hoje,
nossa sociedade acha que liberdade é você ser solteiro, mas não é
assim.
Por que, então, o Beato João Paulo II afirmou: Estou
também contente
por encontrar pessoas
que pertencem aos vários setores da Igreja:
diáconos e seminaristas, religiosos e religiosas, maridos e esposas,
mães e pais, solteiros,
noivos, viúvas, jovens e crianças. Todos juntos podemos assim
celebrar a nossa união eclesial em Cristo?
4.
Em sua palestra, o senhor disse: Quando dois homens se unem
não acontece nada; e quando duas mulheres se unem também não
acontece nada; e este é o mundo real. O senhor já
conversou, alguma vez, com um casal homossexual? Já tentou ouvir,
com calma, o que é que acontece entre essas pessoas? O que é que as
une? Senhor seria capaz de compreender que as suas próprias palavras
aplicam-se na experiência de muitos casais homoafetivos: a
liberdade do amor acontece quando selamos uma aliança de amor,
quando celebramos uma aliança de amor nós somos livres para
amar. Este, padre Paulo Ricardo, é o mundo real.
5.
Para terminar, senhor padre, recorro de novo às suas palavras:As
pessoas dizem que ficamos castrando os homossexuais ao afirmarmos que
eles não podem usar o sexo como querem. Mas ninguém pode usar o
sexo como quiser. Pois é, Padre! Eu acho que aqui está o
"x" da questão. Ninguém pode usar o sexo como quiser. Por
mais que eu quisesse fazer sexo com uma mulher, simplesmente não
posso, não consigo. Quem pretende nos "transformar"
("converter", se quiser esse termo) em heterossexuais, está
de fato tentando nos castrar. O próprio Catecismo, ao qual o senhor
es refere tanto, diz: Cabe a cada um, homem e
mulher, reconhecer e aceitar sua identidade
sexual. (CIC, 2333) Por isso não é questão de
"usar o sexo como quiser", mas de acordo com a própria
identidade sexual.
6.
A última coisa. O padre afirma: Desculpem-me, não estou
discriminando ninguém. A Igreja não quer discriminar os
homossexuais como se eles fossem inferiores. (…) A Igreja não
discrimina ninguém (...). NÃO ME DIGA!
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