ESTE BLOG NÃO POSSUI CONTEÚDO PORNOGRÁFICO

Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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2 de janeiro de 2014

Ano novo de novo


Começo com um texto de Carlos Drummond de Andrade, "Desejos de Ano Novo":

Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança,
fazendo-a funcionar no limite da exaustão. 

Doze meses dão para qualquer ser humano
se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação
e tudo começa outra vez
com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui para adiante vai ser diferente.

A contagem do tempo faz parte da nossa cultura. Aliás, tem a origem eterna (que paradoxo!). Deus inspirou o homem a orar, pedindo o dom da sabedoria, assim: Ensinai-nos a contar os nossos dias, e dai ao nosso coração sabedoria! (Sl 89[90], 12). Contamos, então, os dias, as semanas, os meses e os anos. Como é diferente essa contagem quando se trata de tempo compartilhado com uma pessoa amada. "Hoje completamos o primeiro mês do nosso namoro..." e assim por diante. Quando não se conta mais os meses, mas sim, os anos e as décadas, a sensação é de uma vida realizada...

A Igreja proclama com certa frequência os anos comemorativos e os jubileus. Ainda que não se tratasse de datas muito precisas, tivemos a maior celebração jubilar dos nossos tempos, comemorando os 2 mil anos do nascimento de Jesus. Na proximidade dessa data, antes e depois, tivemos o Ano Mariano, Ano Paulino, Ano do Rosário, Ano Eucarístico, Ano da Fé etc. Tudo isso com o objetivo de aprofundar o conhecimento de cada mistério da fé e de aprender a vivê-lo mais intensamente (é claro, não apenas no período indicado, mas a partir dele). A curiosidade desses "calendários" especiais na Igreja é que nunca coincidem com a agenda civil, isto é, começam e terminam em datas diferentes e até distantes do dia 01 de janeiro ou 31 de dezembro (assim como o ano litúrgico que começa no 1° domingo do Advento e termina mais ou menos um mês antes do fim do ano civil). Talvez seja uma questão de mostrar a independência "deste mundo", embora, por exemplo, o Papa João Paulo II, tendo abraçado algumas ideias da ONU, proclamava os anos temáticos (ou, pelo menos escrevia as mensagens especiais) de acordo com a iniciativa dessa instituição (assim foi com o Ano da Juventude em 1985 e o Ano dos Idosos em 1999).

A Arquidiocese do Rio promove agora o Ano da Caridade, com o início no dia 20 de janeiro (a festa de São Sebastião) e o encerramento no dia de Cristo Rei (23 de novembro).

Finalmente, para alguns autores, entre eles o blogueiro Gunter Zibell (um dos membros do "GGN - o Jornal de todos os Brasis"), o ano 2013 pode ter sido considerado como o "Ano da globalização da discussão de direitos LGBT" (leia aqui). Vale a pena ler a matéria e seguir também os links indicados pelo autor para ter uma visão mais completa.

Nesta altura só me resta desejar um feliz 2014 a todos os meus Amigos Leitores e não menos amados Leitores casuais. Faço isso dando a continuação ao belíssimo texto do Poeta, com o qual comecei essa reflexão.


Para você, desejo o sonho realizado.
O amor esperado. 
A esperança renovada. 

Para você, desejo todas as cores desta vida.
Todas as alegrias que puder sorrir,
todas as músicas que puder emocionar. 

Para você neste novo ano,
desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
que sua família esteja mais unida,
que sua vida seja mais bem vivida.
Gostaria de lhe desejar tantas coisas.
Mas nada seria suficiente para repassar
o que realmente desejo a você.
Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos.
Desejos grandes
e que eles possam te mover a cada minuto,
rumo à sua felicidade!

Carlos Drummond de Andrade, "Desejos de Ano Novo"

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