Em verdade, em verdade te digo: quando eras mais moço, cingias-te e andavas aonde querias. Mas, quando fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres. (Jo 21, 18)
A ONU informa (leia aqui):
- nos próximos dez anos, o número de pessoas com mais de 60 anos no planeta vai
aumentar em quase 200 milhões, superando a marca de um bilhão de pessoas.
- Em 2050, os idosos chegarão a dois bilhões de pessoas – ou 20% da população
mundial.
- Em 2000, a população idosa do planeta superou pela primeira vez o número de
crianças com menos de 5 anos e em 2050, o número de pessoas com mais de 60 anos vá superar também a população
de jovens com menos de 15 anos.
- No Brasil, a previsão é que o número de idosos triplique de hoje até 2050 –
passando de 21 milhões para 64 milhões. Por essas previsões, a proporção de
pessoas mais velhas no total da população brasileira passaria de 10%, em 2012,
para 29%, em 2050.
O envelhecimento é um fato, mas não passa de estatísticas, enquanto não se tornar uma experiência própria. E quando isso acontece, pode ser assustador até um simples fato de olhar para um calendário. Pior ainda quando você começa a perceber que um simples resfriado que, há pouco, você curava com algumas doses de suco de laranja com acerola + uma aspirina, hoje em dia dura mais e exige, quem sabe, um antibiótico, ou pior, uma detestável visita ao médico. Mas a mais assustadora é a solidão. Se você (como eu!) não se sente realizado na "pegação", no sexo casual, mas procura um relacionamento duradouro e mesmo que você consiga tal façanha (digamos, com um jovem que curta os "maduros", ou "coroas"), a sensação de insegurança parece inevitável. "Será que consigo segurá-lo comigo, ou, qualquer dia desses, ele vai sair à procura de algo mais?". É a questão de baixa autoestima? Provavelmente. Muito provavelmente ela faz parte do processo de envelhecimento.
Assim chamada "consciência coletiva", reforçada bastante pela mídia, traz a imagem de um gay velho, uma figura bizarra, ridícula, certamente de um indivíduo frustrado, esquisito, inevitavelmente perverso: um palhaço cheio de rugas que ninguém leva a sério, a não ser como uma fonte de dinheiro fácil.
Ora, estou falando apenas de primeiras impressões, pois a realidade pode ser diferente. A diferença de idade (digamos, de uns 30 anos, por exemplo), evoca a relação entre pai e filho. O fato muito comprovado é que são inúmeros homossexuais que carregam profundos traumas em relação ao próprio pai. Não é, portanto, de se surpreender que a preferência de vários gays jovens seja direcionada às pessoas mais velhas. É uma natural busca de segurança, carinho, experiência e - porque não - uma estabilidade material. Tudo isso, porém, requer um cuidadoso discernimento. Somente o amor verdadeiro, profundo e comprovado será capaz de sustentar uma relação assim.
No blog "Grisalhos" encontrei um comentário interessante de um jovem ("Neto"): Bem, tenho 22 anos e comecei a me relacionar com homens há pouco mais de um ano…sempre gostei dos grisalhos, mas todos que eu conheci nem cheguei além de uma conversa, porque no bate papo mesmo eles me dispensavam logo depois que eu falava a minha idade, eles diziam: “22 anos?.. tô fora, não quero bancar malandro!”….mas eu não desisti…Há oito meses atrás conheci no Disponível meu atual esposo, tem 45 anos, moramos juntos, o salario dele é 10 vezes maior que o meu, mais tenho meu trabalho e nunca pedi um centavo dele. E temos também uma regra, nada de presentes caros, ele só pode me dar presentes que eu posso pagar., assim quando eu compro presente pra ele não me sinto tão envergonhado de dar um presentinho simples a ele.. mas isso é o de menos, amo meu esposo mais que tudo nessa vida, e esse amor sinto que é reciproco…
É uma das respostas à matéria que conta a história de Olívio, um gay de 70 anos. As suas palavras resumem a preocupação com a perspectiva (ou já realidade) de velhice: Querido, estou sozinho e vou morrer sozinho. Quem quer um velho gay? Todos que eu encontro querem o meu dinheiro. Sexo é coisa do passado… E o vento levou. (...) Apareceu glaucoma, labirintite, pressão alta e uma lesão interna que vou ter que fazer biópsia. Tô morrendo de medo, não da biópsia, mas por não ter ninguém para ir comigo. Acho que vou pagar um michê para me acompanhar no hospital. Ninguém merece né, um michê acompanhante de um velho gay doente.
Termino com uma mensagem do Papa Francisco que, embora tenha vindo para um encontro mundial com a juventude, chamou atenção à realidade de idade avançada.
Como os avós são importantes na vida da família, para comunicar o patrimônio de humanidade e de fé que é essencial para qualquer sociedade! E como é importante o encontro e o diálogo entre as gerações, principalmente dentro da família. (...) Esta relação, este diálogo entre as gerações é um tesouro que deve ser conservado e alimentado! Nesta Jornada Mundial da Juventude, os jovens querem saudar os avós. Eles saúdam os seus avós com muito carinho. Aos avós. Saudamos os avós. Eles, os jovens, saúdam os seus avós com muito carinho e lhes agradecem pelo testemunho de sabedoria que nos oferecem continuamente. (Angelus do Papa Francisco no Palácio São Joaquim, Rio de Janeiro, durante JMJ, 26. 07. 2013)
gostei desta matéria
ResponderExcluirObrigado, Regis!
ResponderExcluirEste assunto fica cada vez mais próximo a minha realidade...
Grande abraço!
Volte sempre!