ESTE BLOG NÃO POSSUI CONTEÚDO PORNOGRÁFICO

Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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29 de agosto de 2013

A PAZ esteja na Síria!

 
 
Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: A paz esteja nesta casa!. Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; senão, ela retornará a vós. (Lc 10, 5-6)
 
Enquanto Barack Obama e seus aliados elaboram as estratégias de ataque à Síria, a UNESCO qualifica de "catastrófico" o nível a que chegou a destruição do patrimônio cultural na Síria, quem sabe, a Greenpeace lamenta sobre a poluição causada pelas armas químicas e outras, as ONGs protetoras de animais fazem contagem de cães e gatos... eu quero escrever algo sobre os gays na Síria. Seria bem mais fácil se tivesse um amigo gay sírio, ou pudesse viajar até lá e fazer uma pesquisa. Descartadas ambas as possibilidades, só me resta recorrer às profundezas da internet. Temos por aqui tudo, mas nem tudo é fidedigno. A primeira notícia que encontrei foi, justamente, sobre uma fraude "jornalística", já corrigida (leia a matéria no site da Revista Época).
 
Um estudante americano revelou que era a pessoa por trás do blog "A Gay Girl in Damascus", supostamente feito por Amina Abdallah Araf, uma garota síria, lésbica e que se opunha ao governo ditatorial de Bashar al-Assad. O golpe foi desfeito a partir de questionamentos iniciados no Twitter por um jornalista americano. Quem deu a dica ao jornalista sobre a grande chance de a história de Amina ser falsa foi um homem sírio, gay, que escreve sob o pseudônimo de Daniel Nassar. Daniel escreveu um artigo explicando que suspeitou porque situação dos gays na Síria é precária, não apenas por conta do governo, mas por preconceitos existentes na sociedade síria.
 
Eu vivi no Egito e no Líbano e visitei outros países árabes. Cada vez que eu viajei pelo mundo árabe, pude ver que a comunidade LGBT síria é o elo mais fraco na região. Socialmente, a Síria ainda está presa na década de 1980, protegendo-se de qualquer influência estrangeira. Esta prática tem ferido a comunidade gay: os meninos e meninas não podem ter uma escolha sobre identidade de gênero ou preferência sexual; elas simplesmente não estão expostas a informações sobre a luta global por direitos dos homossexuais. Gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros na Síria estão lutando por conta própria, sem qualquer rede de segurança para cair. A ameaça de violência é real. Certa vez meu pai puxou uma arma e apontou-a para o meu rosto durante uma briga sobre a minha homossexualidade. Oito anos depois, o meu relacionamento com minha família ainda é tenso. Vivo sozinho desde os 17 anos, e sou monitorado pelo meu pai durante todas as conversas com os meus irmãos para ele se certificar de que eu não vou espalhar a homossexualidade. O pai imaginário da ficcional Amina, que apoiava tanto o seu lesbianismo, é algo que eu desejo. É algo que eu sonho.
 
Segundo Nassar, os gays na Síria são “fantasmas navegando na internet e em sites de namoro”, e pessoas como ele e outros poucos gays e lésbicas que saíram do armário são “os gays reais” do país. “Esses são os que lutam a luta boa – não um blogueiro falso enganando o mundo sobre a comunidade LGBT da Síria”.
 
A outra matéria ("Vida gay na Síria"), encontra-se no interessante blog "Grisalhos". Transcrevo algumas frases:
 
- Na Síria existem todos os problemas comuns dos gays árabes. A homossexualidade é ilegal e os gays são punidos com três anos de prisão. A exposição para a sociedade como homossexual ainda é impensável.
- A palavra árabe “shaz” era a única palavra para descrever um homossexual. A palavra “shaz” pode ser traduzida como “desviante” ou “anormal.” É uma palavra muito ofensiva em árabe. Por outro lado, as pessoas criativas em cada domínio na mídia, literatura e arte estão agora tentando trazer o assunto para discussão aberta. Infelizmente, quase a totalidade da população considera a homossexualidade um pecado. Enquanto isso, a palavra “gay” entrou no idioma falado, principalmente por causa dos filmes e programas de TV americanos, e é usado com frequência por jovens instruídos.
- A Síria ficou estagnada desde a década de 1980, protegendo-se de qualquer influencia estrangeira, e, portanto, pode ser considerado um país atrasado nas questões da diversidade sexual. A prática do protecionismo cultural tem ferido a comunidade gay aberta e não há perspectivas que evolução.
- Outro problema recorrente são os casamentos forçados e a pressão familiar, porque a cultura árabe vê na família o alicerce da sociedade. Nesse cenário as lésbicas são as mais afetadas. Isso fez com que surgissem algumas comunidades secretas compostas de lésbicas, principalmente na capital Damasco.
 
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Para mim, o nome da cidade de Damasco, sempre traz à memória a figura de Saulo.
 
Durante a viagem, quando já estava perto de Damasco, Saulo se viu repentinamente cercado por uma luz que vinha do céu.  Caiu por terra, e ouviu uma voz que lhe dizia: "Saulo, Saulo, por que você me persegue?"  Saulo perguntou: "Quem és tu, Senhor?" A voz respondeu: "Eu sou Jesus, a quem você está perseguindo. Agora, levante-se, entre na cidade, e aí dirão o que você deve fazer." (At 9, 3-6)
 
Peçamos ao Senhor, pela intercessão deste grande homem de Deus, o dom da PAZ na Síria e no mundo inteiro. A PAZ para todos!

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