Ainda no contexto de Santa Mônica que traz a reflexão sobre a experiência de uma mãe aflita, reproduzo aqui o excelente texto de Maju Giorgi, publicado no site do iG, no dia 23 de junho deste ano (aqui), em sua própria coluna "Mãe pela igualdade" (todos os textos da colunista estão aqui). O título "Não existe cura gay, o que existe é a cura da egodistônia e esse é um direito de qualquer um", fez com que procurasse o significado de um dos termos (a gente aprende a vida toda). Eis o que descobri (aqui - o site de Portugal que se apresenta como destinado aos homossexuais egodistônicos): Egodistônico significa que uma pessoa apresenta uma característica que não desejaria ter, que a torna infeliz, que vai contra os seus desejos e aspirações mais profundas. Por outro lado os homossexuais egosintônicos são aqueles bem adaptados e felizes com a sua condição homossexual. Feito este esclarecimento, vamos ao texto (vale a pena ler na edição original, especialmente por causa das ilustrações que acompanham o texto). Ao transcrever o artigo, mantenho a escrita original...
Não existe cura gay, o que existe é a cura da egodistônia e esse é um direito de qualquer um...
Esta é a cura gay pelo viés, olhar da mãe de gay. Hoje, vocês vão ter que ter paciência comigo, porque vou falar muito. Os LGBTT carregam uma carga imensa de estigmas culturais históricos: não nascem em famílias bem constituídas, OPTARAM, são todos ateus e da esquerda radical e fazem parte ou são uma arma da agenda esquerdopata, são mal educados pelos pais que os criam para serem gays, promíscuos, marginais, drogados, doentes, condutores de doenças, transtornados, endemôniados e nem sei mais quantas tarjas e rótulos colocam no povo LGBTT. Me expliquem, de que forma, um pai ou uma mãe hétero, que muitas vezes tem mais de um filho ou muitos filhos e um deles é gay, faz? Escolhemos um aleatoriamente e dizemos: você vai ser “O filho gay”. E aí ensinamos meninos a brincar de boneca ou meninas a jogar futebol? Sorrimos, batemos palmas e gritamos: hora da aula, vem aprender a ser gay? Ou então, resolvi que você vai ser trans, e aí ensinamos meninos a se vestir “de mulher”, se maquiar, ou meninas a ter aversão dos seios e a se vestir “de homem”. Ou ainda… você vai ser Bi, porque hoje eu acordei com raiva dos evangélicos neopentecostais, então resolvi te escolher para ser o pior de todos, os que ficam de cá e de lá carregando os vícios e as doenças.
Você consegue imaginar este cenário? Me diga… Você se lembra em qual dia ou a que horas você resolveu ser hétero? Você resolveu sozinho ou foi uma escolha da sua família? Você foi ensinado? Porque com LGBTTs, funciona assim… Eles levam um choque na tomada do ventilador, na quarta feira de tarde, na mesma hora que um raio risca o céu, passa um ônibus para o centro e cai um galho de arvore no chão, e aí, eles resolvem: VOU SER GAY. Tô achando esse negócio muito bacana, tá na moda, deve ser incrível ser torturado, exilado, rejeitado pela família, religião, amigos, sociedade, mercado de trabalho, ser massa de manobra política, cortina de fumaça para os desmandos de certo parlamento proselitista. Tô ansioso para levar a pecha de promíscuo, marginal, doente, transtornado, drogado, vagabundo, condutor de doenças, para ser jogado no gueto, passar fome, ser levado à prostituição, passar pela dolorosa experiência de adequar meu corpo à minha identidade, ser culpado por ser a vítima de crimes hediondos, tô super querendo levar uma lâmpada nos olhos ou um tiro… Nossaaa, não vejo a hora. A-DO-REI esse script, é essa a vida que eu quero.
A CURA GAY, que os fundamentalistas podem fantasiar do que quiserem, olhar por qualquer prisma ou fazer qualquer discurso numa tentativa de amenizar ou suavizar o ABSURDO, continuará sendo EXATAMENTE isso: “CURA GAY”. A promessa de que profissionais evangélicos de psicologia têm o poder de mudar a CONDIÇÃO SEXUAL de alguém é MENTIRA de qualquer ângulo, lado ou ponto de vista.
Para quem não entendeu qual é a nossa luta: Ao contrario do que querem fazer crer o presidente da CDHM e seus asseclas, nenhum gay é proibido ou privado do direito de fazer terapia, de buscar apoio psicológico, de falar de sua sexualidade com seu psicólogo, ou mesmo de não assumir sua sexualidade. Mesmo porque não temos essa autoridade e, mesmo que tivéssemos, jamais privaríamos alguém de DIREITOS; ou, não estaríamos sendo coerentes com nossa luta. O psicólogo alias, é importantíssimo na função de colocar o ego em sintonia com a sexualidade, trazendo aceitação e conforto, então mais que não proibirmos, como se espalha por aí, incentivamos . Não assumir a sexualidade é um martírio voluntário, mas é inegavelmente um direito que assiste ao ser humano. A luta do movimento LGBTT é única e exclusivamente contra o CHARLATANISMO que promete a CURA ou MUDANÇA de sexualidade, a CURA GAY. E nessa luta temos aliados como a OMS (Organização Mundial da Saúde), o CFP (Conselho Federal de Psicologia), OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) e a SBG (Sociedade Brasileira de Genética). Não existe cura, o que existe é um teatro, o desempenhar eterno de um papel que não é o seu, e, para isso, você não precisa de psicologia. Talvez uma escola de artes cênicas cumprisse melhor esta função e fosse menos contraindicada.
Para quem não entendeu qual é a nossa luta: Ao contrario do que querem fazer crer o presidente da CDHM e seus asseclas, nenhum gay é proibido ou privado do direito de fazer terapia, de buscar apoio psicológico, de falar de sua sexualidade com seu psicólogo, ou mesmo de não assumir sua sexualidade. Mesmo porque não temos essa autoridade e, mesmo que tivéssemos, jamais privaríamos alguém de DIREITOS; ou, não estaríamos sendo coerentes com nossa luta. O psicólogo alias, é importantíssimo na função de colocar o ego em sintonia com a sexualidade, trazendo aceitação e conforto, então mais que não proibirmos, como se espalha por aí, incentivamos . Não assumir a sexualidade é um martírio voluntário, mas é inegavelmente um direito que assiste ao ser humano. A luta do movimento LGBTT é única e exclusivamente contra o CHARLATANISMO que promete a CURA ou MUDANÇA de sexualidade, a CURA GAY. E nessa luta temos aliados como a OMS (Organização Mundial da Saúde), o CFP (Conselho Federal de Psicologia), OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) e a SBG (Sociedade Brasileira de Genética). Não existe cura, o que existe é um teatro, o desempenhar eterno de um papel que não é o seu, e, para isso, você não precisa de psicologia. Talvez uma escola de artes cênicas cumprisse melhor esta função e fosse menos contraindicada.
As terapias de CURA GAY desencadeiam a egodistonia e levam à homofobia internalizada, ao suicídio, a depressão, a fobia social e, em casos mais amenos, apenas a infelicidade. Faz com que pessoas se casem e tenham filhos para, de repente, resolverem dar um grito de liberdade abandonando mulher e filhos e desfazendo a família. Tem o direito esses pseudo-curados de envolver mais pessoas nos seus dramas pessoais?
O único intuito da Cura gay é reafirmar o preconceito, desmoralizar homossexuais, taxá-los de doentes, transtornados, aberrações. É uma manobra do oásis da lisura social, dos arautos da moralidade, dos fundamentalistas que teimam em dizer HOMOSSEXUALISMO no ano de 2013, quando a Organização Mundial de Saúde aboliu o termo em 1990.
A EGODISTÔNIA é sim passível de cura, a SEXUALIDADE, não.
A EGODISTÔNIA é sim passível de cura, a SEXUALIDADE, não.
Uma das vítimas da CURA GAY é o ex-pastor batista e teólogo Sérgio Viúla, que hoje é um dos maiores militantes da causa LGBTT e que escreveu o livro “Em busca de mim mesmo”, leitura mais que indicada para quem quer saber mais e se informar sobre a CURA GAY.
E, semana passada, ainda tivemos o plus da entidade americana que oferecia a CURA GAY há 37 anos (a maior do mundo) se desculpar com a comunidade LGBTT por todos os anos de pré-julgamento da Igreja, encerrando suas atividades.
E, semana passada, ainda tivemos o plus da entidade americana que oferecia a CURA GAY há 37 anos (a maior do mundo) se desculpar com a comunidade LGBTT por todos os anos de pré-julgamento da Igreja, encerrando suas atividades.
Você é um dos que acha que tem direito a OPINIÃO? Você tem OPINIÃO sobre o quê? Sobre um assunto do qual você nada sabe, nunca estudou, nunca leu? Sobre uma realidade que você nunca viveu, nunca sentiu, que nunca foi sua? Você conhece algum gay ou transgenêro? Sabe o que se passa no coração deles? Sabia que qualquer uma das letras LGBTT tem sentimentos, anseios, sente dor, sofre e morre por causa do seu preconceito? Você é daqueles que pensam que se eles se suicidam é porque estão infelizes com sua condição e por isso tem que ser curados, mesmo sendo essa cura um blefe, sem nunca pensar que talvez estejam infelizes com a hostilidade de uma sociedade da qual você faz parte, que por isso se matam e que, talvez, o que precise ser curado seja o seu preconceito? Você já fez alguma coisa para ajudar, acolher ou incluir algum LGBTT… ou até mesmo, já conheceu algum, conversou, viu de perto? Já ofereceu uma oportunidade, um emprego, uma chance? Algum dia você fez alguma coisa para entender esta realidade além de cuspir A PALAVRA que é uma escolha sua, uma OPÇÃO sua e de mais ninguém? Você sabia que seu preconceito na forma de piadinha e opinião é o amolador da faca que ali adiante vai levar pessoas ao suicídio, destruir famílias, empurrar seres humanos para a marginalidade, torturar moralmente, fisicamente e matar? Você sabia que sua crença é opção e sua sexualidade é condição? Não? Não sabia de nada disso? Então me desculpe, mas você não deveria ter direito a “OPINIÃO”. OPINIÃO sobre o quê? Sobre o que você nada sabe? NÃO EXISTE CURA GAY, O QUE EXISTE É CURA DA EGODISTONIA, QUE É UM DIREITO DE QUALQUER UM…
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