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Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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25 de outubro de 2010

gay preconceituoso

Didier Eribon faz uma pergunta interessante no seu livro "Reflexões sobre a questão gay" (Editora Companhia de Freud; Rio de Janeiro, 2008; p. 13):
"Por que stranhos mecanismos da consciência ou do inconsciente um homossexual é (...) conduzido a se associar aos outros membros da 'tribo', embora passe uma boa parte de seu tempo a denegrí-los e achar detestáveis, ou até mesmo repugnantes, aqueles que encarnam outras maneiras de viver homossexualidade?"

Lembrei desta intrigante pergunta ao ler um texto no portal "MARINGAY", escrito pelo colunista Luis Modesto (o artigo na íntegra esta aqui). Por mais que o autor diga: "futebol e religião não se discute"; "acho que uma solução legal seria aquela do quadrado, lembram? (ado, ado, ado, cada um no seu quadrado?)" e outras coisas semelhantes, não deixa de levantar, de maneira cínica, uma questão que, para muitos - SIM, SENHOR - é importante: "Ultimamente a redação do Maringay tem recebido inúmeros textos sobre teologia inclusiva, de como é possível ser cristão e gay, releases de livros de espiritualidade para gays, e afins de todo valor e mérito…" E continua: "Fico cá pensando enquanto tomo meu café e afago Abigail, minha gatinha branca e de olhos de cor incomum: qual a importância dessa discussão nos dias de hoje – estado laico e liberal… hum?" Concluindo o seu brilhante pensamento assim: "Não tentei escrever algo floreado, com paninhos quentes ou dando tapinhas com luvas de pelica aqui, nem tão pouco elaborar grande raciocínio sobre o tema, apenas decidi dizer, claramente, que pouco me importa se os religiosos querem ir para o céu ou não, mas que, sim, desejo profundamente que nos deixem ir para o inferno em paz". O meu primeiro pensamento, ou sentimento, é de pena. É uma pena ver alguém que luta contra homofobia e, ao mesmo tempo, cultiva preconceito contra religião. Lamento muito mais, entretanto, não apenas pela arrogância do autor e pelo seu preconceito, mas pelo fato de ter sido um colunista com pretensões de representar (ou pior: tentar formar) a opinião dos homossexuais em geral (por exemplo daqueles que visitam aquele portal). Se fosse apenas uma voz em discussão sobre a relação entre a homossexualidade e a religião, não haveria problema. O que me irrita profundamente é a arrogância. E em relação à arrogância eu sou preconceituoso. Não tolero e basta.

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